Projeto bilionário: Meta planeja cabo submarino ao redor do mundo

Estrutura da Meta ligaria costas leste e oeste dos EUA, passando por África do Sul, Índia e Austrália. Empresa seria a única dona e usuária do cabo.

Giovanni Santa Rosa
• Atualizado há 1 semana

Resumo
  • A Meta planeja construir um cabo submarino de fibra ótica com mais de 40 mil km e custo superior a US$ 10 bilhões.
  • O cabo ligaria a costa leste e a costa oeste dos EUA, passando por África do Sul, Índia e Austrália.
  • A Meta seria a única dona e usuária do cabo, que começaria a operação em 2025, com rotas para evitar áreas de tensão geopolítica.

A Meta teria planos para construir um cabo submarino de fibra ótica de mais de 40 mil km e custo total de mais de US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 60 bilhões). A estrutura pode ser tão longa a ponto de dar a volta em todo o planeta, começando na costa leste dos Estados Unidos e terminando na costa oeste.

As informações são do TechCrunch, que falou com pessoas próximas à Meta e também com especialistas no assunto. O projeto ainda está em fase inicial e os planos foram definidos. A expectativa é que a empresa fale sobre o assunto no começo de 2025, explicando rotas, capacidade e motivações.

De acordo com as fontes, o cabo seguiria um caminho de “W” no mapa-múndi, passando por praticamente todo o planeta. Segundo Sunil Tagare, especialista nestas estruturas, a ideia é a ligar os EUA à Índia por duas rotas.

O cabo começaria na costa leste dos EUA, indo sentido sudeste até a África do Sul, rumando a nordeste até a Índia, novamente a sudeste para a Austrália e, por fim, mais uma vez a nordeste, até chegar novamente aos EUA, desta vez na costa oeste.

Por que construir um cabo submarino?

Um motivo para este desenho é evitar áreas de tensão geopolítica. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) considera que cabos submarinos podem ser alvo de ataques, e países europeus suspeitam que a Rússia está por trás dos danos sofridos por duas dessas estruturas.

Em termos de uso, a Meta seria a única dona e também única usuária, algo inédito para a empresa. Como destaca o TechCrunch, a companhia responde por 10% do tráfego de internet fixa e 22% da internet móvel de todo o mundo. A tendência é que estes números aumentem à medida que ferramentas de inteligência artificial sejam mais usadas, justificando a necessidade de investir em infraestrutura.

O projeto, porém, pode levar vários anos para se tornar realidade. Especialistas consultados pela publicação disseram que há poucas empresas capazes de construir este tipo de estrutura, e elas já têm clientes, como o Google. Uma saída pode ser construir o cabo em segmentos.

Cabos submarinos são essenciais para a internet

Apesar de usarmos aparelhos sem fio todos os dias, grande parte do tráfego da internet móvel é redirecionado para fibras óticas. Para trocar dados com outras partes do mundo, a conexão é feita usando cabos que atravessam oceanos por baixo do mar.

Dados de junho de 2024 apontam que há mais de 600 cabos submarinos, entre ativos e planejados, sendo que cerca de 20 deles passam pela costa brasileira em algum ponto.

Originalmente, empresas de telecomunicações eram as donas destes cabos, mas, nas últimas décadas, provedores de conteúdo (como a própria Meta e também Google, Amazon e Microsoft, por exemplo) passaram a investir nestas estruturas.

Com informações: TechCrunch

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.