Meta quer usar dados de todos os usuários para treinar IA; saiba desativar
Empresa inclui fotos e legendas de fotos em modelo de linguagem de grande porte. Autoridade Nacional de Proteção de Dados solicitou esclarecimentos.
Empresa inclui fotos e legendas de fotos em modelo de linguagem de grande porte. Autoridade Nacional de Proteção de Dados solicitou esclarecimentos.
A Meta pretende usar as postagens públicas dos usuários no treinamento de sistema de inteligência artificial generativa – inclusive no Brasil, para desespero de muitas pessoas. Os posts no Facebook e Instagram deverão abastecer a chamada Meta AI (em inglês), assistente pessoal que desembarca por aqui até o fim de julho, conforme divulgado no evento Meta Conversations, realizado em São Paulo há duas semanas.
O assunto traz toda uma polêmica. Os reguladores da União Europeia e do Reino Unido fizeram pressão a ponto de o conglomerado de Mark Zuckerberg suspender o treinamento de IA com dados de usuários por um tempo. Já por aqui, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados está em busca diálogo com a companhia para entender o impacto desta novidade na privacidade das pessoas.
A Meta diz na documentação oficial que usa informações disponíveis no ambiente online ou em fontes de dados licenciadas, inclusive os dados compartilhados nos produtos e serviços dela mesma. A empresa não revela quais são exatamente estes dados, mas cita as fotos e suas legendas.
Esta autorização começou a valer em 16 de junho. De acordo com a Aos Fatos, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados entrou na jogada ao solicitar informações complementares sobre o assunto, tendo em vista a aplicação da nossa Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Ao Tecnoblog, a ANPD informou que está em tratativas oficiais e classificou como “essencial” que seja apresentado um aviso claro para que os usuários da plataforma possam decidir sobre o assunto. “Não há transparência quando há surpresas”, diz o órgão.
Por sua vez, a Meta defende que está comprometida com o desenvolvimento de inteligência artificial generativa de “de forma segura, responsável e atendendo as regulações de privacidade no Brasil”.
Não custa lembrar que a companhia esteve sob escrutínio global quando decidiu mudar a política de privacidade do WhatsApp. A medida foi comunicada em janeiro de 2021 e resultou na ação de órgãos como o Procon-SP.
E quem não quiser que seus dados sejam usados na IA da Meta? Os adeptos das redes sociais podem manifestar a oposição, de modo que suas postagens públicas (note-se: jamais as fechadas, e muitos menos as conversas de WhatsApp) não abasteçam seu modelo de linguagem de grande porte (LLM). O problema é que o procedimento no smartphone requer mais de dez etapas.
A boa notícia é que você pode simplesmente clicar neste link aqui e acessar o formulário digital. É preciso estar logado(a) no Instagram ou Facebook.
Preencha seu endereço; escreva na justificativa que exerce seu direito previsto em lei de não ter os dados usados sem consentimento; e envie para empresa. Lembre-se que é preciso entrar no seu email, copiar o código numérico e colar na tela seguinte do formulário para confirmar o procedimento.
O Tecnoblog apurou que a ideia da Meta é retirar os dados dos usuários que opõem à inteligência artificial generativa. Também existe a possibilidade de a Meta adotar um aviso mais evidente conforme a Meta AI comece a chegar aos usuários brasileiros.
Com informações: TechCrunch e Aos Fatos