Motorola dá no máximo três atualizações de Android; entenda o motivo
Exclusivo • Executivos explicam que o desenvolvimento de updates é mais complexo do que a maioria das pessoas imagina. Smartphones premium são contemplados por mais tempo.
Exclusivo • Executivos explicam que o desenvolvimento de updates é mais complexo do que a maioria das pessoas imagina. Smartphones premium são contemplados por mais tempo.
(México) Sempre que noticiamos sobre um novo smartphone da Motorola, imediatamente os leitores comentam sobre as atualizações do Android. O tema é tão recorrente que levei este assunto para dois porta-vozes da empresa. Em resumo, a empresa não tem planos de divulgar uma política unificada para todo o portfólio. Em vez disso, vai manter o foco em regras para linhas específicas: três anos para Edge e Razr, um ano para Moto G, e nenhum update para o Moto E.
Por conta disso, ela fica atrás de concorrentes importantes. A rival Samsung oferece possivelmente a política mais generosa de todas: fica na casa das cinco versões e chega a sete no caso da linha Galaxy S24. A Apple não divulga um número exato, mas sabe-se que o iPhone também costuma receber novas versões de iOS por cinco anos.
O gerente global de produtos de hardware, Thomas Milner, explica que as atualizações de Android e os pacotes de segurança “são mais complexos do que as pessoas imaginam”. Eles exigem o envolvimento de muitos engenheiros, muito trabalho e muitos recursos da companhia. Por isso, a ideia é evolui-la especificamente nos lançamentos da categoria premium, como os da linha Edge.
Ainda de acordo com Milner, os usuários de telefones premium costumam ficar dois anos com os mesmos produtos. O desafio da Motorola seria, portanto, propor regras de atualização que contemplem este período e ainda deem um chorinho enquanto a pessoa pensa em trocar de dispositivo.
A diretora-executiva global de marketing, Nicole Hagen, acrescenta que a fabricante encara os updates como um das variadas características dos produtos. O posicionamento dá a entender que ele é oferecido a quem topa pagar mais pelos aparelhos. Ela ainda comenta que o hardware precisa ser capaz de rodar novas versões, sob o risco de o consumidor eventualmente receber um sistema mais novo, mas enfrentar gargalos de performance.
“Não quer dizer que o smartphone vá parar de funcionar depois disso, até porque muita coisa é atualizada via Google Play Store”, complementa Milner. Tome como exemplo o aplicativo nativo de câmera, que é um dos mais valorizados pelos usuários. Coisas que outras empresas tratariam como uma UI própria ficam no aplicativo oficial Moto App, presente em todos os smartphones da marca.
Confira abaixo a tabela com as linhas de smartphones da Motorola e seus respectivos compromissos de updates.
Linha | Versões de Android | Pacotes de segurança |
---|---|---|
Moto E | Nenhuma | 2 anos |
Moto G | 1 | 3 anos |
Motorola Edge | até 3 | até 4 anos |
Motorola Razr | 3 | 4 anos |
Pergunto se os usuários da Motorola não se importam com este tipo de coisa, já que os clientes das empresas acima citadas ficam alvoroçados diante do assunto. Thomas diz que alguns “com certeza querem saber mais disso, mas eles podem ser uma minoria vocal”. O executivo faz a ressalva de que é justo querer saber quanto tempo seu smartphone será contemplado por updates, mas que estes clientes “ficarão felizes conforme apresentarmos novos produtos, sempre bem equilibrados de recursos”.
Ao menos a Motorola será clara ao divulgar as regras de atualização para cada novo dispositivo que chegar ao mercado? “Sim, eu não vejo motivos para não fazermos isso”, pontua Milner. Não custa lembrar: de modo geral, os telefones da série Moto G recebem somente uma grande versão do sistema Android.
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