Obra de arte feita por robô humanoide é vendida por mais de R$ 6 milhões

Pintura "AI God", criada pelo robô Ai-Da, é inspirada no cientista Alan Turing, considerado o fundador da computação moderna

Giovanni Santa Rosa

Um retrato de Alan Turing feito pelo robô com inteligência artificial Ai-Da Robot foi arrematado por US$ 1,08 milhão (R$ 6,2 milhões, em conversão direta). É a primeira vez que uma obra de arte feita por uma máquina humanoide é leiloada.

A Ai-Da Robot tem este nome por causa de Ada Lovelace, considerada a primeira programadora da história. Ela tem aparência de uma mulher, com câmeras nos olhos e ferramentas nos braços. A humanoide pode usar inteligência artificial para criar desenhos, pinturas e esculturas.

O retrato de Alan Turing, intitulado “AI God” (Deus da IA, em tradução livre), tem 2,29 metros de altura e foi criado por IA. Turing também é uma figura importante na história da tecnologia: ele é considerado o pai da ciência da computação moderna.

Como um robô criou uma obra de arte?

O processo de criação da obra de arte foi mais complexo que só digitar um prompt. A Ai-Da fez 15 retratos de Turing e escolheu três deles, que foram fotografados e colocados em um computador.

A partir disso, eles foram montados seguindo as instruções do robô, que também conta com um modelo de linguagem para este tipo de conversa. O trabalho foi materializado por uma impressora 3D e recebeu retoques finais das mãos mecânicas da própria Ai-Da.

A máquina também é capaz de falar sobre sua criação: “O principal valor do meu trabalho é sua capacidade de servir como um catalisador para a discussão sobre tecnologias emergentes”, declarou Ai-Da.

“‘AI God’, um retrato do pioneiro Alan Turing, convida o público a refletir sobre a natureza divina da IA e da computação, ao mesmo tempo que considera as implicações éticas e sociais destes avanços”, avalia o robô.

Leilão supera expectativas

O retrato de Turing foi leiloado pela famosa casa Sotherby’s. A expectativa é que ele fosse arrematado por um valor entre US$ 120 mil e US$ 180 mil (entre aproximadamente R$ 700 mil e R$ 1,04 milhão, em conversão direta).

No entanto, após 27 lances, a obra foi arrematada por US$ 1,08 milhão, “superando por muito o preço estimado”, nas palavras da Sotherby’s. A identidade do comprador não foi revelada.

“[A venda] marca um momento na história da arte moderna e contemporânea, além de refletir a intersecção cada vez maior entre a inteligência artificial e o mercado global de arte”, completou a casa.

Com informações: BBC, The Independent

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.