OpenAI suspende acesso após artistas vazarem gerador de vídeos da empresa

Participantes de programa de testes da Sora publicam interface para usar a ferramenta e acusam empresa de não remunerar trabalho

Giovanni Santa Rosa
• Atualizado há 1 semana

A OpenAI suspendeu o acesso ao modelo de inteligência artificial Sora, que gera vídeos a partir de pedidos em texto. A ferramenta ainda não foi lançada e estava disponível apenas para artistas convidados. Um grupo de cerca de 20 deles publicou uma forma de usar o modelo, em protesto contra o tratamento recebido da empresa.

A Sora ficou disponível por cerca de apenas três horas antes de a OpenAI encerrar a interface que dava acesso ao gerador. Ela estava disponível no Hugging Face, repositório público de modelos de inteligência artificial. Códigos e informações proprietárias da empresa não vazaram.

Em resposta ao jornal The Washington Post, o porta-voz Niko Felix, da OpenAI, afirmou que a empresa pausou temporariamente todos os acessos à Sora enquanto avalia a situação.

Artistas acusam OpenAI de “artwashing”

O grupo que publicou a interface para usar a Sora é composto de cerca de 20 artistas. Eles acusam a OpenAI trabalho não remunerado, disfarçado de acesso antecipado, e “artwashing”. Termos com “washing” no final denotam o uso de um discurso apenas como marketing; “artwashing”, então, seria dar um verniz de arte para a ferramenta de IA.

Os manifestantes consideram que estão sendo usados como “marionetes de relações públicas”, apesar de ter sido prometido que atuariam como “parceiros criativos”.

Ao Washington Post, a OpenAI destacou que a participação no programa de testes da Sora é voluntária e que os participantes não são obrigados a dar feedback ou a sequer usar a ferramenta. O jornal também falou com o músico André Allen Anjos, que usa o nome artístico de RAC. Ele afirma que a posição do grupo não reflete o que pensa a maioria dos participantes dos testes.

Sora já esteve envolvida em outras polêmicas

A Sora foi anunciada pela OpenAI em fevereiro de 2024, com a promessa de ser capaz de gerar vídeos de até 60 segundos de duração a partir de descrições em texto. Ela ainda não está disponível ao grande público, ao contrário do que aconteceu com o ChatGPT e o Dall-E.

Mesmo sem ser lançada, a ferramenta já foi pivô de polêmicas. Em uma entrevista concedida em março, a então CTO Mira Murati foi questionada se vídeos do YouTube tinham sido usados para treinar o modelo. Ela se recusou a dar detalhes. Semanas depois, Neal Mohan, CEO do YouTube, disse que a OpenAI não tinha autorização para isso.

Com informações: The Washington Post, The Verge, Engadget

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.