Operadora regional tenta comprar Oi Fibra por R$ 1 bilhão
Ligga, do Paraná, apresenta proposta para adquirir carteira de clientes de banda larga em em todo o Brasil; Oi queria pelo menos R$ 7,3 bilhões pela Oi Fibra
Ligga, do Paraná, apresenta proposta para adquirir carteira de clientes de banda larga em em todo o Brasil; Oi queria pelo menos R$ 7,3 bilhões pela Oi Fibra
A Oi enfrenta sua segunda recuperação judicial, e uma das estratégias de sobrevivência da empresa é a venda da carteira de clientes de banda larga por fibra óptica. A Ligga, operadora regional do Paraná, apresentou proposta de R$ 1,03 bilhão em dinheiro pela Oi Fibra — valor significativamente inferior ao preço mínimo de R$ 7,3 bilhões estabelecido no edital do leilão.
A primeira rodada do leilão ocorreu nesta quarta-feira (17), e apenas uma proposta foi apresentada. A expectativa da Oi era de receber ofertas por regiões do Brasil e de diferentes compradores, mas isso não aconteceu. O mercado discutia possíveis participações da Vero e Brasil TecPar, que também atuam como provedores de pequeno porte.
A tentativa da Ligga era levar a carteira nacional da Oi Fibra, que contém 4,3 milhões e assinantes de internet banda larga com tecnologia FTTH. A empresa interessada é derivada da Copel Telecom, que pertencia à companhia de energia do Paraná mas foi e adquirida pelo empresário Nelson Tanure — que já foi um dos principais acionistas da Oi antes do primeiro processo de recuperação judicial.
Com o valor muito abaixo do esperado, a audiência foi suspensa e a proposta será submetida para análise dos credores da Oi com poder de decisão pela venda com preço abaixo do mínimo. De acordo com os prazos do edital, o prazo máximo para avaliação é de 10 dias após o recebimento da notificação pela operadora.
É importante destacar que o negócio se trata da venda da carteira de clientes de banda larga e não inclui a infraestrutura de atendimento por fibra óptica. A Oi Fibra utiliza a V.tal para prestar serviços aos clientes, e a empresa compradora também deverá assumir um contrato com a rede neutra.
Sem a Oi Fibra, a Oi deve se transformar em uma empresa para vender soluções corporativas. Além disso, a tele deve manter o negócio de telefonia fixa pelo menos até 2028, uma vez que a tele firmou um acordo com o TCU para mudança do regime de concessão para autorização.
É muito improvável que o negócio com a Ligga avance, uma vez que a oferta da empresa paranaense teve diferença de 86% em relação ao preço mínimo. Nesse caso, a Oi tem uma carta na manga: a rede neutra V.tal já havia se comprometido a adquirir a carteira de clientes da Oi Fibra em uma segunda rodada de aquisição.
A desvantagem é que a proposta da V.tal não é em dinheiro, mas sim em troca de ativos e créditos. Ainda assim, essa oferta foi fundamental para que o plano de recuperação judicial fosse homologado na Justiça.
Se a V.tal realmente assumir a carteira de clientes, a empresa passará a atuar também no mercado com venda ao consumidor final. A companhia, que tem como acionistas a própria Oi e o banco BTG Pactual, administra uma rede neutra de fibra óptica derivada da Oi e aluga capacidade para outras empresas comercializarem serviços de conectividade.
Para se manter como rede neutra, a V.tal deverá isolar a administração da carteira de clientes do negócio de infraestrutura numa espécie de muralha ética, com sistemas, gestão e governanças separadas. Atualmente, a V.tal atende diversas empresas concorrentes da Oi Fibra, como Claro, Sky, TIM, Vero e diversas operadoras digitais ou regionais.