Polícia prende suspeito de facilitar ataque cibernético a bancos

Funcionário da CMSW, que conecta bancos ao sistema do Banco Central, teria dado senha sigilosa a hackers. Ataque afetou ao menos seis instituições financeiras.

Bruno Andrade
• Atualizado às 12:32
Resumo
  • A Polícia Civil de São Paulo prendeu João Nazareno Roque, funcionário da C&M Software suspeito de facilitar o ataque hacker contra o sistema do Banco Central.
  • Roque teria fornecido senha a hackers e permitido acesso pelo seu próprio computador.
  • Ele teria recebido R$ 5 mil para liberar o acesso e, depois, mais R$ 10 mil para ajudar a criar um sistema para desvios.

A Polícia Civil de São Paulo prendeu nessa quinta-feira (03/07) o homem suspeito de facilitar um dos maiores ataques hackers já registrados contra o sistema financeiro nacional. Segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o alvo é João Nazareno Roque, funcionário da C&M Software (CMSW) — empresa que conecta sistemas de bancos e fintechs ao Pix do Banco Central (BC).

Roque teria permitido o acesso de criminosos a sistemas sigilosos usando seu próprio computador, segundo o G1. O ataque veio a público na quarta-feira (02/07) e afetou pelo menos seis instituições financeiras.

A prisão aconteceu no bairro City Jaraguá, na Zona Norte da capital paulista. A investigação ainda apura a extensão dos prejuízos e outros envolvidos no esquema.

Entenda o caso

A fraude veio à tona depois que a BMP, cliente da CMSW, registrou um boletim de ocorrência relatando desvios milionários. A própria CMSW também notificou o Banco Central sobre um ataque. 

Ainda não há confirmação oficial do valor total desviado, mas a estimativa é de algo em torno de R$ 800 mil e R$ 1 bilhão. A polícia bloqueou uma conta com R$ 270 milhões, que teria sido usada para receber o dinheiro. O BC não informou o nome de todas as instituições afetadas.

O suspeito disse à polícia que recebeu R$ 5 mil em maio deste ano para liberar o acesso aos hackers e outros R$ 10 mil para ajudar a criar um sistema que permitisse os desvios, ainda de acordo com o G1. Ele teria trocado de celular a cada 15 dias para evitar que fosse rastreado.

Roque contou que foi abordado por WhatsApp para fornecer o login e a senha que abriram a porta para a invasão ao sistema de pagamentos instantâneos da CMSW.

A CMSW atua como uma ponte para que bancos menores e fintechs se conectem aos sistemas do Banco Central e realizem operações como o Pix. Para isso, a empresa opera contas de reservas, que funcionam como uma espécie de conta corrente mantida pelas instituições financeiras dentro do BC, usada para processar e liquidar transações. 

Logo após o ataque, o Banco Central suspendeu o acesso das instituições afetadas aos sistemas operados pela CMSW. A suspensão, que era total, foi revisada e virou uma suspensão parcial.

Com informações do G1

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Bruno Andrade

Bruno Andrade

Analista de conteúdo

Bruno Andrade é jornalista formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e técnico em eletrônica. Antes de se juntar ao Tecnoblog, trabalhou na reportagem e na edição de homepage do portal iG. Tem experiência como redator, repórter e editor.