TVs LCD finas correm mais risco de estragar, mostram testes

Site Rtings, especializado em reviews de produtos, testou diferentes marcas de TVs desde outubro de 2022. Testes indicam durabilidade menor em modelos edge-lit

Felipe Freitas
Resumo
  • Testes revelaram que TVs LCD com iluminação edge-lit tendem a estragar antes das TVs mais grossas com tecnologias direct-lit ou full-array (FALD).
  • Após 10 mil horas de uso contínuo, 64% das TVs edge-lit apresentaram problemas de uniformidade na imagem, enquanto apenas 20% dos modelos direct-lit ou FALD tiveram problemas similares.
  • O problema é atribuído ao calor concentrado nas bordas dos painéis edge-lit, que causa deformações e falhas na iluminação.
  • A Hisense disse que não utiliza mais a tecnologia em modelos recentes.
  • LG e Samsung afirmaram que continuam a evoluir na durabilidade de seus produtos, incluindo os modelos edge-lit.

Testes feitos pelo site Rtings indicam que televisões finas com painel LCD estragam antes dos modelos mais grossos. O site iniciou esses testes em outubro de 2022, mantendo as TVs ligadas sem parar desde então. Segundo o Rtings, o principal culpado disso é o uso da iluminação de borda (edge-lit em inglês) usada nesses modelos.

Explicando rapidamente o edge-lit: TVs de LCD mais finas compensam a espessura menor colocando os LEDs de iluminação do painel nas bordas. Com uma camada a menos na estrutura da tela, as fabricantes podem produzir televisões mais finas.

Em compensação, o calor emitido pelas luzes não consegue se espalhar totalmente pelo visor (um único LED pode atingir 123 °C). A temperatura fica maior nas bordas da TV, enquanto os modelos mais grossos, com a iluminação atrás da tela, o calor é dissipado mais uniformemente — esses televisores podem usar as tecnologias direct-lit ou full-array, FALD na sigla em inglês.

TVs LCD edge-lit são as primeiras a estragar em teste

Estrutura simplificada de uma tela LCD com backlight em CCFL (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Estrutura simplificada de uma tela LCD com iluminação direct-lit (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Após mais de 10.000 horas ligadas, as televisões LCD edge-lit foram as primeiras a apresentar problemas. Sete de onze TVs (64%) desse tipo sofreram problemas de uniformidade na imagem (partes menos iluminadas que outras). Segundo o Rtings, a iluminação de uma Samsung AU8000 falhou completamente, enquanto outras TV estão no caminho disso.

Já os televisores com iluminação FALD ou direct-lit se saíram melhor no teste: 20% das TVs desse tipo apresentaram algum problema de uniformidade na tela.

Iluminação não-uniforme tem TV LCD edge-li (Imagem: Reprodução/Rtings)
Iluminação não-uniforme em TV LCD edge-lit, com borda inferior mais branca (Imagem: Reprodução/Rtings)

Ao abrir os televisores, a equipe do Rtings notou que havia algumas dobras nos painéis refletores de luzes dos modelos LCD edge-lit. Essas dobras afetam a distribuição de luz na tela, apresentando as uniformidades vistas na tela. Essa deformação começava na parte inferior, onde estão os LEDs, e chegavam até o centro do painel — na região onde fica a placa-mãe.

Outros problemas vistos nas TVs LCD edge-lit foram rachaduras no painel refletor e LEDs queimados ao ponto de ser visível o fósforo usado na sua fabricação.

Concentração de calor em uma TV LCD edge-lit com LEDs na parte inferior (Imagem: Reprodução/Rtings)
Concentração de calor em uma TV LCD edge-lit com LEDs na parte inferior (Imagem: Reprodução/Rtings)

Fabricantes se pronunciam sobre testes

A Hisense, LG e Samsung foram as fabricantes que responderam aos questionamentos do site.Começando por ordem alfabética, a Hisense destacou que nenhum modelo lançado esse ano utiliza edge-lit.

Já a resposta da LG e Samsung pode ser sintetizada: as duas empresas explicam que seus produtos seguem evoluindo na durabilidade e que elas investem em tecnologia para melhorar a qualidade dos produtos — e elogiando suas TVs LCD edge-lit.

Deixar esses equipamentos ligados por 10 mil horas pode parecer agressivo e exagerado. Contudo, esse é o tempo que um cidadão americano passa na frente da TV em seis anos — 4,5 horas de TV por dia. Segundo o Kantar IBOPE, o brasileiro passa 5h14 em média assistindo à TV.

Com informações: Rtings e Ars Techinica

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.