Ubisoft alega que jogadores não são donos dos jogos que compram

Empresa tenta arquivar processo movido após o encerramento do game The Crew, e diz que compra do jogo não garante “propriedade irrestrita”.

Bruno Andrade
• Atualizado 12/04/2025 às 16:23
Resumo
  • Dois jogadores da Califórnia processaram a Ubisoft, alegando que foram induzidos a acreditar que estavam comprando o jogo The Crew, quando, na verdade, adquiriram apenas uma licença de uso.
  • O jogo online foi encerrado pela empresa em março de 2024 e removido de todas as plataformas. A ação acusa a empresa de propaganda enganosa, concorrência desleal, fraude e violação de garantias.
  • A Ubisoft se defende dizendo que os termos de uso previam uma licença limitada e que os jogadores estavam cientes dessas condições.

A Ubisoft foi processada nos EUA, em novembro do ano passado, por dois jogadores da Califórnia que haviam comprado The Crew, jogo online encerrado em março de 2024. Os autores da ação alegam que foram enganados pela empresa. Agora, a editora de jogos eletrônicos solicita o arquivamento do processo, afirmando que a compra garante apenas uma licença limitada de acesso — e não “direitos de propriedade irrestritos sobre o jogo”.

Por que os jogadores estão processando a Ubisoft?

Os autores da ação afirmam que foram levados a acreditar que compravam o jogo, quando, na verdade, adquiriam apenas uma licença temporária. Eles acusam a Ubisoft de violar leis estaduais ao desligar os servidores e tornar o jogo inacessível para quem já havia pago.

Além disso, os advogados dos jogadores acusam a Ubisoft de praticar propaganda enganosa, concorrência desleal, fraude e violação de garantias. Segundo os autores, a empresa também infringiu a legislação da Califórnia ao inutilizar créditos do jogo comprados com dinheiro real.

Esse sistema de créditos, alegam os jogadores, se enquadra legalmente como um vale-presente — modalidade que, de acordo com a lei estadual, não poderia ter prazo de validade. Com essa e as outras alegações adicionadas na versão revisada da ação, o total de acusações contra a Ubisoft chegou a nove, motivo pelo qual os jogadores pedem que o processo seja convertido em ação coletiva, para representar consumidores de todo o país.

O que a Ubisoft alega?

Na resposta à acusação, obtida pelo site Polygon, a Ubisoft argumentou que os consumidores sabiam que estavam comprando apenas o direito de uso de The Crew enquanto o jogo estivesse disponível.

A empresa também destacou que o encerramento foi comunicado com antecedência, conforme previsto nos termos de uso. “A embalagem do Xbox e do PlayStation contém um aviso claro e visível”, afirma o documento.

Os autores da ação, porém, dizem que, no ato da compra, não havia sinal de que o jogo se tornaria inutilizável. Para tentar provar, anexaram ao processo imagens da embalagem física do game informando que o código de ativação expiraria em 2099. A Ubisoft tem até 29 de abril para apresentar uma nova resposta à versão revisada da ação.

O que aconteceu com o jogo The Crew?

The Crew foi um jogo de corrida online em mundo aberto, lançado pela Ubisoft em 2014. Nele, os usuários exploravam uma versão reduzida dos Estados Unidos, participando de missões, desafios e corridas com diferentes tipos de veículos — semelhante à franquia Need for Speed.

O encerramento do jogo foi anunciado em 14 de dezembro de 2023, quando a Ubisoft informou que, em 31 março de 2024, o game não seria “mais acessível em nenhuma plataforma”. O título foi removido das lojas digitais por motivos de “infraestrutura de servidores e restrições de licenciamento”, segundo a empresa.

Na época, a Ubisoft ofereceu reembolso a quem havia comprado o game. De acordo com o site da empresa, o ressarcimento é válido somente para compras feitas até 14 dias antes do pedido, com menos de duas horas de uso. Contudo, apenas parte dos jogadores conseguiu recuperar o valor pago — provavelmente porque a maioria adquiriu o título fora do período estipulado, segundo informações do Polygon.

Com informações de Polygon e TechSpot

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Bruno Andrade

Bruno Andrade

Analista de conteúdo

Bruno Andrade é jornalista formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e técnico em eletrônica. Antes de se juntar ao Tecnoblog, trabalhou na reportagem e na edição de homepage do portal iG. Tem experiência como redator, repórter e editor.