Winamp já é um software de código aberto, mas tem uma pegadinha

Código-fonte do Winamp está disponível para comunidade ajudar a manter o player; licença não permite criação de projetos derivados

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 2 semanas
Winamp clássico (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Winamp clássico (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Nesta semana, o clássico player de mídia Winamp teve o seu código-fonte completo liberado. Com isso, qualquer desenvolvedor interessado pode ter acesso às “entranhas” de um software que fez muito sucesso quando ouvir música no PC era sinônimo de baixar arquivos MP3.

Em maio, a Llama Group anunciou a abertura do código-fonte do Winamp para este mês de setembro. Na ocasião, Alexandre Saboundjian, CEO da companhia, declarou que a intenção é permitir que toda a comunidade participe do desenvolvimento do reprodutor de mídia.

Com isso, a Llama Group pode se concentrar em prestação de serviço. Isso porque o Winamp, como marca, passou a ser um agregador online de músicas e podcasts em 2023. Esse é o foco da empresa desde então.

Em tempos em que o streaming domina — pouca gente mantém o hábito de baixar arquivos MP3 ou semelhantes para ouvir música —, tornar o Winamp um software colaborativo é uma forma de manter o projeto e, eventualmente, permitir que ele seja melhorado.

Eis o resultado: o código-fonte do Winamp já está disponível no GitHub.

Mas não é tão aberto assim

Em vez de seguir uma licença mais abrangente, como GPL ou MIT, o código-fonte do projeto está baseado em um licenciamento próprio, chamado de Winamp Collaborative License (WCL).

Essa licença permite que o usuário use, modifique e estude o software, bem como faça contribuições para o projeto. Contudo, o desenvolvedor não pode distribuir versões modificadas do player. Projetos derivados devem ser mantidos para uso pessoal.

Além disso, somente os mantenedores do repositório oficial podem distribuir o software. Está claro que o objetivo da abertura do código é mesmo delegar o Winamp clássico a desenvolvedores voluntários.

Nesse sentido, talvez nem seja adequado chamar o reprodutor de software de código aberto. Apesar da proibição, mais de 1.200 “forks” (projetos derivados) já tinham sido criados quando esta nota foi publicada. É uma provável reação provocativa da comunidade.

Quando a decisão de abrir o código foi anunciada, a Llama Group sinalizou que o player passaria a se chamar FreeLLama quando isso acontecesse. Mas essa mudança de nome ainda não ocorreu (se é que vai acontecer).

Winamp clássico e suas skins (imagem: reprodução/Winamp Skin Museum)
Winamp clássico e suas skins (imagem: reprodução/Winamp Skin Museum)

Winamp tem quase 30 anos

A primeira versão do Winamp surgiu em 1997 e se tornou popular nos anos seguintes, principalmente entre usuários do Windows XP. A facilidade de uso, os recursos de reprodução e a capacidade de personalização de visual oferecida pelas “skins” contribuíram para o sucesso do player.

Com a popularização do streaming, o Winamp foi progressivamente sendo deixado de lado. Ele foi relançado em 2018 e vinha sendo atualizado desde então, mas não retornou ao sucesso de outrora.

Apesar disso, o reprodutor ainda tem muitos fãs. Um deles chegou a criar uma versão física do Winamp neste ano.

Relacionados

Escrito por

Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Temas populares