World ID: ANPD apura venda de íris desde novembro
Autoridade Nacional de Proteção de Dados se pronunciou sobre coleta de íris da Tools for Humanity. ANPD informou que empresa passa por fiscalização mais rigorosa
Autoridade Nacional de Proteção de Dados se pronunciou sobre coleta de íris da Tools for Humanity. ANPD informou que empresa passa por fiscalização mais rigorosa
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) informou à imprensa que apura a venda de íris — parte da chamada World ID — desde novembro de 2024. A empresa Tools for Humanity (TfH), que opera o projeto, voltou a virar assunto no Brasil por causa do crescimento da coleta de íris em postos localizados na cidade de São Paulo.
A ANPD disse em comunicado divulgado ontem (15/01) que os dados processados pela TfH devem seguir regras mais rigorosas no que diz respeito à proteção e privacidade.
A Tools for Humanity criou o World ID como um serviço de verificação de humanidade. Seguindo a popularização e evolução das IAs, a empresa, que tem entre seus fundadores Sam Altman, CEO e fundador da OpenAI, visa criar um cadastro para diferenciar robôs e pessoas.
A ideia é que a íris coletada sirva como prova de humanidade em situações nas quais uma IA poderia ludibriar alguém. Por exemplo, durante uma entrevista online de emprego, o candidato teria que submeter a sua íris a uma análise, garantindo que é ele mesmo participando e não um deepfake.
A Tools for Humanity paga, no Brasil, em torno de R$ 600 para cada pessoa que forneça a sua íris para a World ID. Afinal, ninguém iria até um dos 38 pontos de coleta espalhados em São Paulo para entregar um dado biométrico de graça. O pagamento é feito com a criptomoeda da empresa, que depois é convertida em reais. O valor é pago em 11 parcelas (1 por mês).
No fim do ano passado, a World ID havia coletado 100 mil dados de brasileiros. Segundo uma apuração recente do UOL, esse número já está em 400 mil, com 1 milhão de downloads do aplicativo no Brasil — a TfH confirmou esses dados para o Tecnoblog. O app é usado para fazer o saque (a conversão da criptomoeda em reais é feita pelo World App, assim como o pré-cadastro).
O Tecnoblog perguntou para a empresa como é feito o tratamento dos dados. A TfH respondeu que não fica com nenhum dado das pessoas que fazem a verificação de humanidade. Segundo a empresa, os dados da íris e rosto são convertidos em uma representação numérica chamada código de íris.
As imagens originais recebem criptografia de ponta-a-ponta, são enviadas ao celular da pessoa e depois deletadas da Orb. O código é criptografado e fragmentado, sendo enviado para universidades e “terceiros confiáveis”. A TfH explica que o esses fragmentados garantem a anonimização dos dados, impedindo a vinculação a uma pessoa.
O crescimento dos cadastros reacende o debate sobre proteção, privacidade e uso de dados biométricos por empresas. Isso levou a ANPD a se pronunciar sobre o caso e fez a World ID retornar ao noticiário brasileiro — especialmente diante do fato de que, em apenas dois meses, o número de cadastros quadruplicou.
Em nota enviada à imprensa, a ANPD esclareceu que o tipo de serviço fornecido pela Tools for Humanity (processamento de dados pessoais biométricos) integra um regime de proteção mais rigoroso. Assim, há uma limitação das hipóteses legais sobre o tratamento desses dados.
A ANPD também reforçou que a Tools for Humanity segue em processo de fiscalização, aberto em novembro de 2024. O processo está na fase de análise de documentação e pode ser consultado por qualquer pessoa no site do órgão.
A autoridade também destaca que as pessoas devem se informar atentamente antes de cederem dados biométricos para empresas. Entre as recomendações estão a leitura do termo de uso e a política de privacidade, pesquisar a reputação da empresa e avaliar a real necessidade da coleta de dados.
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