World ID: startup que coletou íris de brasileiros anuncia parceria com Tinder e Visa

Empresa Tools for Humanity quer ampliar uso de identidade digital com escaneamento de íris. No Brasil, serviço foi suspenso após decisão da ANPD.

Bruno Andrade
• Atualizado às 17:12
Resumo
  • A Tools for Humanity anunciou parcerias com a Visa e a Match Group, dona do Tinder, para expandir o uso da World ID, identidade digital baseada em escaneamento de íris.
  • O Tinder usará a tecnologia para autenticar perfis e combater fraudes por meio de um selo de verificação, enquanto a Visa lançará o World Card ainda em 2025, vinculado à carteira digital da World.
  • No Brasil, a empresa decidiu suspender a coleta de íris após decisão da ANPD, que exige consentimento livre e informado para o uso de dados sensíveis conforme a LGPD.

A Tools for Humanity, startup por trás da World ID, anunciou nessa quarta-feira (30/04) parcerias para popularizar sua tecnologia de escaneamento de íris. A empresa fechou acordos com a Match Group, dona do Tinder, e com a Visa, que será responsável pela emissão do World Card. O cartão será vinculado à identidade digital da plataforma e estará disponível ainda em 2025.

Em fevereiro, a empresa suspendeu suas operações no Brasil após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) proibir a coleta de dados de íris no país. A decisão destacou que, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o consentimento para o tratamento de dados sensíveis — como biometria da íris — deve ser livre e espontâneo.

Tinder terá verificação de íris?

Os usuários do Tinder que já tiverem sua íris escaneada pela World ID poderão vincular a identidade digital ao aplicativo e obter um selo azul de verificação. Segundo o comunicado oficial da World, a parceria com o Tinder vai ajudar no combate a fraudes e perfis falsos, que têm se tornado um problema em plataformas de namoro.

Essa verificação servirá para garantir que os perfis no app sejam de pessoas reais e não bots. A Match Group iniciará os testes da tecnologia no Japão com usuários que já tiveram a íris escaneada pela World ID.

Cartão para criptomoedas

Já a Visa se uniu à World para lançar o World Card, um cartão de pagamentos vinculado à identidade digital da plataforma. 

O cartão permitirá que os usuários façam transações com criptomoedas, convertendo-as automaticamente em moedas fiduciárias — ou seja, em “dinheiro tradicional”, que usamos no dia a dia —, e está previsto para ser lançado nos Estados Unidos no final de 2025.

A World diz que o cartão trará recompensas relacionadas a “assinaturas e serviços de IA”, mas não divulgou mais detalhes sobre os serviços específicos envolvidos.

A empresa também terá integrações com a Kalshi, uma startup de mercado de previsões financeiras; com a Stripe, que permitirá pagamentos online; e com a Morpho, uma plataforma de empréstimos descentralizados de criptomoedas. 

No Brasil, coleta de íris segue suspensa

Apesar da expansão do serviço, a World ID segue suspensa no Brasil. Em fevereiro, a ANPD proibiu a Tools for Humanity de coletar a íris de pessoas no país. A organização recorreu, teve o recurso negado e, então, decidiu suspender a coleta de íris por aqui. Na época, a empresa anunciou que manteria seus pontos físicos na cidade de São Paulo para fornecer informações ao público sobre a tecnologia. 

A TFH pagava o equivalente a R$ 600 para cada pessoa no Brasil que topasse fazer o escaneamento de sua íris. A operação de coleta teve início em novembro de 2024.

A World foi fundada em 2019 por Sam Altman, CEO da OpenAI, criadora do ChatGPT. Com sedes em São Francisco e Berlim, a iniciativa surgiu como um projeto de criptomoeda baseado em biometria da íris, desenvolvido pela Tools for Humanity. Um dos principais recursos da plataforma é a World ID, que permite a criação de identidades digitais por meio do escaneamento da íris.

Com informações do TechCrunch

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Bruno Andrade

Bruno Andrade

Analista de conteúdo

Bruno Andrade é jornalista formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e técnico em eletrônica. Antes de se juntar ao Tecnoblog, trabalhou na reportagem e na edição de homepage do portal iG. Tem experiência como redator, repórter e editor.