2010 é o ano da indefinição da TV 3D, anote na sua agenda. Até é uma evolução tecnológica incrível para o entretenimento doméstico, mas acredito que existem algumas pedras no caminho da terceira dimensão – pelo menos por um ou dois anos.

Transmissão em 3D sem os óculos especiais (a menos que você tenha um).

A primeira boa notícia é que parece não existir uma guerra de padrões do tipo “meu 3D é melhor que o seu” como já ocorreu na ultrapassada disputa entre Blu-ray e HD-DVD. Existem, entretanto, diferenças entre as tecnologias dos óculos usados pelos fabricantes, o que deve causar uma certa dor de cabeça na hora da compra: um modelo de um fabricante provavelmente não vai funcionar na TV do concorrente. Ossos do ofício – já que os grandes dessa indústria (Panasonic, Sony, Samsung, LG) já disseram que vão usar óculos 3D com tecnologia de transmissão ativa (LCDs nos óculos, controlados por um transmissor infravermelho, abrem e fecham cortinas de maneira tão rápida que enganam seu cérebro e criam o efeito 3D).

Uma má notícia para os empolgados que foram assistir “Avatar” e roubaram os óculos 3D da sala. Eles não vão funcionar com essas TVs mais novas. Existem, claro, métodos de transmissão que funcionam com esses óculos “passivos” (a mágica acontece na TV direto, não nos óculos), mas a diferença é brutal para os olhos. Explico: fui assistir à transmissão da Fórmula Indy aqui em São Paulo num bar com várias telas 3D.

Grande parte da audiência estava com óculos passivos vendo as imagens numa TV “genérica” (até esconderam a marca, mas era da coreana Hyundai). Imagens impressionantes, com profundidade no autódromo/sambódromo – diferente do cinema, onde você tem a impressão de que as imagens “vêm” até você, na corrida foi o contrário – era como um daqueles livros pop-up saltando aos seus olhos. Em outra área do bar, duas TVs da Sony com óculos ativos. Que diferença! Tinha a profundidade de campo e a imagem não perdia resolução.

Apesar de os principais fabricantes de TVs já terem o lançamento de modelos 3D ainda este ano, incluindo o Brasil (prepare seu bolso!), o 3D em casa esbarra em um grande problema: o conteúdo. Apesar de emissoras estarem testando em todo o mundo – e aqui, Globo e Band – tecnologias de captura em 3D, não acredito, a curto prazo, que veremos o Jornal Nacional em 3D. Talvez a Copa do Mundo mude algo (torço por jogos 3D ao vivo nos cinemas), mas ainda é muito cedo mesmo. Por isso o “indefinição do 3D” lá no primeiro parágrafo.

Num país como o nosso onde TV de tubo ainda vende horrores e a transição do HD (720p) para o Full HD (1080p) mal começou, talvez sonhar com o 3D seja algo para o futuro mesmo. É um caminho natural, mas sem conteúdo e sem acesso generalizado do público, nada feito.

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Henrique Martin

Henrique Martin

Henrique Martin, Jornalista formado pela PUC-SP, tem 11 anos de experiência com comunicação e internet. Cobre a área de tecnologia desde 1999, quando foi repórter na Folha de S.Paulo. Desde então, passou por veículos como PC Magazine, Macworld, PC World, The Industry Standard e Folha Online, entre outros. Hoje é dono do Zumo.

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