A história por trás da máscara N95
Equipamento foi criado na década de 1970, mas a máscara N95 vem sendo desenvolvida e aprimorada desde a renascença europeia
Diante da pandemia do novo coronavírus, a máscara N95 tem sido recomendada pelo Centers of Disease Control and Prevention (CDC) como um dos principais equipamentos para evitar a disseminação da COVID-19. O equipamento realiza uma filtragem do ar e garante que os microrganismos causadores de doenças não afetem profissionais da área médica e de outras atividades que também tem contato com os doentes.
- Qual a diferença entre a máscara N95 comum e a com válvula?
- O que significam as siglas das máscaras: N95, PFF1, PFF2 e PFF3
O desenvolvimento dessa máscara, inclusive, está associada a uma outra epidemia histórica, a peste bubônica, nos anos 1300. É importante saber mais sobre esse equipamento para entender quando e como a máscara N95 deve ser utilizada.

Médico & Máscara N95 / Ashkan Forouzani / Unsplash
O que é máscara N95?
Também chamada de respirador particulado, é uma máscara com design próprio para se encaixar perfeitamente no rosto. Ela é constituída por tecidos cujas fibras filtram até 95% das partículas do ar, protegendo os usuários de materiais tóxicos e também de microrganismos causadores de doenças como o novo coronavírus.
A combinação de tecidos permite a passagem do ar por entre suas fibras, por isso são diferenciadas. Nas máscaras cirúrgicas tradicionais, o ar só passa pelas laterais do tecido, o que as torna eficientes apenas para bloquear respingos e gotículas maiores, como ocorrer em tosses e espirros. Máscaras cirúrgicas simples não filtram o ar.

Engin Akyurt / Máscara Cirúrgica Comum / Unsplash
Como a máscara N95 foi criada?
Há pinturas renascentistas, entre os anos 1300 e 1600, que ilustram médicos utilizando máscaras especiais para lidar com a peste bubônica durante a pandemia que teria vitimado quase um terço da população da Europa. Na época, acreditava-se que as doenças se disseminavam por miasmas ou gases do solo, e não pelo contato com pessoas contaminadas.
As máscaras que pareciam um bico de pássaro eram uma forma de conter os cheiros do ambiente que estaria contaminado. Era comum que colocassem incenso na ponta do bico, porque os médicos entendiam que deviam se proteger contra o “odor da doença”.

Máscara “Bico” / Paul Fürst / Wiki Commons
Em 1897, foram criadas as primeiras máscaras cirúrgicas, que impedia médicos de tossir ou espirrar nas feridas dos pacientes. Já em 1910, quando uma nova peste bubônica acometeu a China, o médico Lien-Teh Wu criou uma máscara feita de gaze e algodão que poderia filtrar o ar respirado e impedir a disseminação de doenças.
A máscara desenvolvida pelo médico deu resultados. Além de impedir a propagação da peste bubônica, se tornou símbolo da medicina moderna e foi muito utilizado pelos cidadãos comuns, nos anos seguintes, durante outra pandemia: a da gripe espanhola.

Máscara comuns nas ruas / Wiki Commons
Em meados a Primeira e da Segunda Guerra Mundial, máscaras respiradoras foram desenvolvidas com fibra de vidro para ajudar na filtragem do ar e proteger trabalhadores em mineradoras. Sendo assim, os mineiros evitariam doenças pulmonares, embora as máscaras dificultassem a respiração dos operários nas minas.
Dando sequência à evolução das máscaras respiratórias, a 3M reformulou o equipamento utilizando um material, que havia criado antes, capaz de tornar fitas de presentes mais rígidas. Substituindo a fibra de vidro por esse material, as máscaras se tornaram mais leves e surgiram as primeiras máscaras N95 descartáveis, em 1972.

Ashkan Forouzani / Máscara N95 utilizada por médicos em ambiente hospitalar / Unsplash
Como a máscara N95 funciona?
As máscaras N95 têm tecidos com fibras muito espaçadas entre si, o que permite a fácil passagem do ar. Quando o usuário respira, as partículas tóxicas e microrganismos ficam retidos nas fibras, evitando a contaminação. A empresa 3M ainda adicionou uma carga eletrostática no material para que mesmo as menores partículas sejam retidas.
Essas partículas presas nas fibras ajudam a reter novas partículas, o que garante uma proteção maior ao longo do tempo. Quanto mais se usa, maior é a filtragem. Contudo, o acúmulo de partículas podem atrapalhar a passagem do ar, dificultando a respiração. O usuários deve estar atento para quando for o momento correto de descartar a sua.
Devo usar máscara N95?
Durante a pandemia da COVID-19, foi recomendado que as máscaras N95 sejam de uso exclusivo do profissionais da área médica, para que não faltem unidades no mercado.
O CDC recomenda que cidadãos comuns — que não estejam em ambiente hospitalar — usem apenas máscaras cirúrgicas tradicionais, com um tecido que deve cobrir desde acima do nariz até o queixo. Essas máscaras são suficiente para evitar que pessoas saudáveis tenham contato com gotículas contaminadas. Você também pode fazer máscaras caseiras para reduzir as chances de contágio se precisar sair de casa.
Com informações: FDA, Fast Company, Ministério da Saúde