Qual é a diferença entre GPS, GLONASS e Galileo? Entenda os sistemas de navegação via satélite

GPS, GLONASS e Galileo são os sistemas de navegação por satélite mais populares; entenda as diferenças entre os tipos de GNSS

Emerson Alecrim Paulo Higa

GPS, GLONASS e Galileo são sistemas de navegação por satélite (GNSS) que determinam a localização geográfica de objetos em tempo real. Essas tecnologias estão presentes em dispositivos que vão de celulares a equipamentos militares.

O Tecnoblog explica, a seguir, quais são as diferenças entre esses sistemas em aspectos como precisão, cobertura, número de satélites em operação e finalidades de uso.

O que é GPS?

GPS (Global Positioning System) é um sistema de navegação por satélite introduzido pelos Estados Unidos em 1978. A tecnologia foi desenvolvida inicialmente para fins militares, mas se tornou amplamente utilizada em aplicações civis (para o público em geral). O GPS é o GNSS mais usado em celulares e carros.

Satélite de GPS (imagem: divulgação/U.S. Space Force)
Satélite de GPS (imagem: divulgação/U.S. Space Force)

O que é GLONASS?

GLONASS é uma sigla russa para “Sistema Global de Navegação por Satélite”. A tecnologia foi introduzida pela Rússia em 1982. O sistema foi desenvolvido para atender a propósitos militares, mas passou a ser usado em aplicações civis com o avanço da tecnologia, estando amplamente presente em celulares atualmente.

O que é Galileo?

Galileo é o sistema global de navegação por satélite da União Europeia. O serviço entrou em operação em 2016 como uma iniciativa voltada a aplicações civis, o que explica a sua existência em celulares. A tecnologia também atende a agências governamentais. O nome é uma referência ao astrônomo italiano Galileu Galilei.

O que muda entre as tecnologias GPS, GLONASS e Galileo?

As tecnologias GPS, GLONASS e Galileo se diferenciam em características como número de satélites em operação, precisão da localização e países operadores.

A tabela a seguir resume as principais diferenças entre os sistemas de navegação por satélite mais populares:

 GPSGLONASSGalileo
Países criadoresEstados UnidosRússiaUnião Europeia
Número de satélites32 no total, 31 em operação24 no total, 24 em operação30 no total, 28 em operação
Coberturaglobal desde 1995global desde 2011global desde 2019
Precisãoinferior a 5 minferior a 10 minferior a 5 m
Altitude dos satélitescerca de 20.200 kmcerca de 19.100 kmcerca de 23.200 km
CompatibilidadeAmplaAmplaEm expansão
Finalidades de usomilitar (inicialmente) e civilmilitar (inicialmente) e civilcivil
Comparativo entre GPS, GLONASS e Galileo; dados referentes a agosto de 2023

1. Países criadores

O GPS foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos a partir de 1973 e iniciou suas operações em 1978. Já o GLONASS começou a ser desenvolvido em 1976 pela então União Soviética e começou a operar em 1982. Ambos os projetos tinham uso militar inicialmente, mas passaram a atender a aplicações civis.

O Galileo foi criado pela União Europeia por meio da Agência Espacial Europeia (ESA) para tornar a região menos dependente do GPS e do GLONASS, não tendo fins militares como objetivo. Seu primeiro satélite foi lançado em 2005, mas o sistema só entrou em operação em 2016.

2. Número de satélites

O número de satélites é determinante para a eficiência de cada GNSS, e varia porque unidades são retiradas e colocadas em operação periodicamente. O GPS foi projetado para trabalhar com 32 satélites, mas requer 24 para funcionar adequadamente.

Já o GLONASS foi projetado para funcionar com 24 satélites, mas pode operar com 21 ou, para cobrir todo o território russo, 18 unidades. O Galileo foi desenvolvido para operar 30 satélites, mas pode funcionar com 24.

O app GPSTest, que mostra dados dos satélites de navegação (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
O app GPSTest, que mostra dados dos satélites de navegação (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

3. Cobertura

A cobertura é o parâmetro que indica em quais pontos da Terra o sistema de navegação funciona. O GPS, o GLONASS e o Galileo são sistemas globais, isto é, cobrem todo o planeta. Nos três sistemas, a cobertura alcançou nível global quando o número de satélites em operação ficou acima de 20 unidades.

O GPS é global desde 1995, o GLONASS o é desde 2011, o Galileo, desde 2019. Em linhas gerais, é preciso que cada sistema opere com 24 satélites para oferecer essa capacidade, embora esse número possa variar ligeiramente.

4. Precisão

A precisão indica a acurácia com a qual um objeto tem sua localização geográfica definida. Esse recurso depende da quantidade de satélites do sistema, de sua frequência de operação, e de fatores como condições climáticas e existência ou não de prédios altos na região.

No GPS, a acurácia média é de 4,9 metros, considerando smartphones em uso sob céu aberto. A acurácia do GLONASS costuma variar entra 5 e 10 metros. Já o Galileo tem precisão tipicamente inferior a 5 metros, podendo chegar a menos de 1 metro sob determinadas condições.

5. Altitude dos satélites

O GPS, o GLONASS e o Galileo operam satélites em órbita terrestre média (MEO), isto é, em altitudes que variam entre 2.000 e 36.000 km. No GPS, os satélites são distribuídos em seis planos orbitais em altitude aproximada de 20.200 km. Já o GLONASS trabalha com três planos orbitais em altitude próxima a 19.100 km.

Os satélites do Galileo também operam em três planos orbitais, mas em altitude padrão de 23.222 km.

6. Compatibilidade

O GPS é o sistema de navegação por satélite que está mais presente em dispositivos como celulares, relógios esportivos e painéis de carro, além de também ser largamente usado em aplicações profissionais, como sistemas de rastreamento veicular.

O GLONASS também aparece em dispositivos móveis e aplicações profissionais, geralmente coexistindo com o GPS. O Galileo é o menos popular entre os três sistemas por ser o mais recente (surgiu em 2016), mas vem ganhando espaço, principalmente em celulares.

O Garmin Fenix 6 Pro Sapphire é um smartwatch com GPS (imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
O Garmin Fenix 6 Pro Sapphire é um smartwatch com GPS (imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

7. Finalidade de uso

O GPS foi desenvolvido pelos Estados Unidos originalmente para fins militares. Na década de 1980, o uso civil do sistema foi autorizado após o voo Korean Airlines 007 ter sido derrubado por entrar em espaço soviético. O governo americano entendeu que o GPS poderia ter evitado o problema.

O GLONASS foi projetado pela Rússia, também com fins militares. Na década de 2000, o governo russo liberou o uso civil do sistema para aprimorá-lo.

O Galileo é o único entre os três sistemas criado desde o início para fins civis, tendo sido construído para reduzir a dependência da União Europeia do GPS e do GLONASS.

Posso usar GPS + GLONASS ao mesmo tempo?

Sim. Alguns dispositivos, como determinados smartwatches da Garmin, podem utilizar dados de GPS e GLONASS ao mesmo tempo para prevenir deficiências na precisão da localização ou na cobertura geográfica. Isso é feito com a combinação de sinais de satélites de ambas as tecnologias.

GPS + Galileo e GPS + GLONASS são mais precisos que apenas GPS?

Estudos apontam que a combinação do GPS com o GLONASS ou o Galileo pode melhorar a acurácia de determinadas aplicações, especialmente no âmbito científico.

Para o público geral, a Garmin explica que a combinação de GPS com GLONASS pode fazer um dispositivo ser até 20% mais rápido na obtenção de dados de satélites. Mas pode não haver ganho se o receptor estiver em áreas com prédios altos, que geram “sombra” no sinal, dentro de túneis ou quando há chuvas fortes.

GPS + GLONASS gasta mais bateria que apenas GPS?

O uso simultâneo do GPS e do GLONASS pode aumentar o consumo de energia do dispositivo, pois os dois sistemas funcionam em frequências diferentes. Alguns fabricantes, como a Garmin, alertam para esse risco em suas páginas de ajuda. Se o problema for muito impactante, usar somente o GPS pode ser a solução.

Existem outros tipos de GPS?

Sim. O GPS é o sistema de navegação por satélite (GNSS) mais popular, mas não o único. Além dele, do GLONASS e do Galileo, há os sistemas BeiDou, QZSS e NavIC:

  • BeiDou: desenvolvido e mantido pela China, entrou em operação em 2011, é usado em operações militares e comerciais;
  • QZSS: de origem japonesa, é focado em complementar a cobertura do GPS nas regiões da Ásia e Oceania;
  • NavIC: é o sistema de navegação por satélite da Índia e tem como objetivo cobrir todo o território do país.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.