História da inteligência artificial: quem criou e como surgiu a tecnologia revolucionária

A origem da inteligência artificial é atrelada ao objetivo de criar uma máquina com capacidade para imitar o comportamento humano

Igor Shimabukuro Lucas Lima

John McCarthy pode ser considerado um dos precursores da inteligência artificial (IA) por mencionar o termo pela primeira vez em 1956. Contudo, não existe apenas um criador da inteligência artificial, já que nomes como Warren McCulloch, Walter Pitts e Alan Turing também foram essenciais para o desenvolvimento da tecnologia.

A história da IA é marcada pelo objetivo contínuo de construir máquinas com capacidades similares ao de pessoas da vida real, cuja estrutura também remetesse ao funcionamento baseado no cérebro de um ser humano.

Os estudos e avanços na área resultaram em aplicações de IA capazes de executar tarefas, aprender, solucionar problemas matemáticos, processar dados, criar novos conteúdos e identificar padrões. E como consequência, essas ferramentas revolucionaram processos em diversas áreas e passaram a fazer parte do dia a dia.

A seguir, saiba mais sobre a origem e evolução da inteligência artificial, e entenda os impactos dessa tecnologia na sociedade.

Quem criou a inteligência artificial?

A inteligência artificial (IA) foi criada a partir de um esforço conjunto de diversos especialistas e pesquisadores, e sua autoria não pode ser atribuída a apenas uma pessoa.

Partindo desse princípio, nomes como Warren McCulloch, Walter Pitts, Alan Turing, John McCarthy, Allen Newell, Herbert A. Simon, Cliff Shaw, Frank Rosenblatt e Joseph Weizenbaum foram essenciais para o surgimento da IA.

Importante destacar que a criação da IA foi um processo gradual, iniciado a partir da criação das redes neurais e do surgimento da primeira geração de computadores, na década de 40. Posteriormente, os estudos teóricos deram luz a testes e, finalmente, implementações práticas da tecnologia.

Como surgiu a inteligência artificial?

A história da inteligência artificial tem início no século XX, mas seu conceito remete à Grécia Antiga (XII a.C. até IV d.C.). Naquela época, já se discutia a imagem de um ser artificial capaz de desenvolver tarefas humanas. A ideia, contudo, envolvia muito mais o campo místico do que o real.

Mas foi a partir de 1940 que o abstratismo passou a ganhar formas concretas, com o surgimento dos primeiros computadores. Por mais que as máquinas iniciais fossem voltadas para fins militares, elas reforçaram a ideia de que engenharias poderiam ser capazes de realizar tarefas complexas como um humano.

Já em 1943, o psicólogo Walter Pitts e o especialista em cibernética Warren McCulloch propuseram um modelo matemático simplificado para ilustrar o funcionamento neural do cérebro humano, também conhecido como redes neurais. Esse conceito serviu de base para estudos sobre algoritmos e aprendizado profundo.

Com o pontapé dado, os estudos sobre a IA foram intensificados. Tanto que, em 1950, o matemático e cientista da computação Alan Turing publicou o artigo “Computing Machinery and Intelligence” (“Máquinas Computacionais e Inteligência” em tradução livre), no qual propôs o famoso Teste de Turing.

No experimento que ficou conhecido como “Jogo da Imitação”, uma máquina tinha a missão de se passar por um ser humano em uma conversa escrita, a fim de enganar um avaliador. O teste foi essencial para reforçar o conceito de que uma máquina seria capaz de imitar o comportamento humano.

Ilustração do Teste de Turing
Ilustração do Teste de Turing, de Alan Turing (Imagem: Luke.schaaf – CC BY-SA 4.0/Wikimedia Commons)

No entanto, o termo “inteligência artificial” surgiu pela primeira vez seis anos mais tarde, em 1956. Durante a conferência de Dartmouth, nos EUA, o professor John McCarthy mencionou a expressão para descrever a ciência de construir máquinas com inteligência similar a de um humano.

A partir daí, pesquisas em torno da IA motivaram o surgimento de redes neurais artificiais, assim como a criação de chatbots, softwares com capacidade para realizar raciocínio lógico, e programas que podiam realizar tarefas como se fossem humanos.

Quais foram as primeiras aplicações de inteligência artificial?

Pesquisas e estudos sobre IA que foram intensificados a partir da década de 40 levaram ao surgimento de experimentos e programas “inteligentes” nos anos seguintes. As principais aplicações de inteligência artificial da época envolveram:

  • Software de damas: desenvolvido em 1952 por Arthur Samuel, foi o primeiro programa de computador capaz de jogar damas e aprender sozinho;
  • Logic Theorist: criado por Allen Newell, Herbert A. Simon e Cliff Shaw em 1956, foi projetado para resolver problemas lógicos, e é considerado o primeiro software de IA do mundo;
  • Eliza: primeiro chatbot com capacidade para usar linguagem natural, desenvolvido por Joseph Weizenbaum em 1966;
  • Shakey: desenvolvido pelo Stanford Research Institute (SRI) entre 1966 a 1972, foi o primeiro robô móvel do mundo capaz de perceber e raciocinar sobre o ambiente ao seu redor;
  • Dendral: projetado na década de 60 na Universidade de Stanford, foi uma das primeiras aplicações de IA voltadas para a saúde, usada para estudar a formação e descoberta de hipóteses na ciência.

Como a inteligência artificial evoluiu até a IA generativa?

A linha do tempo evolutiva da inteligência artificial é extensa, contínua e marcada por diversos acontecimentos. Inclusive, é importante notar que esse campo da tecnologia ainda está em desenvolvimento, ou seja, estamos apenas em uma fase dessa cronologia.

A origem da IA nas décadas de 40 e 50 envolveram, principalmente, estudos teóricos. Na época, a descoberta de modelos de redes neurais e a ânsia por criar máquinas inteligentes esbarravam na falta de capacidade das máquinas daquele tempo e na necessidade do entendimento mais aprofundado do cérebro humano.

Com o Teste de Turing, os estudos e experimentos foram intensificados: a primeira rede neural artificial (RNA) foi criada, o conceito de aprendizado de máquina veio à tona, e as aplicações iniciais de IA demonstravam que máquinas tinham potencial para replicar e executar tarefas humanas.

Depois de um período de pausa nas pesquisas, a IA novamente ganhou destaque nos anos 80 com o surgimento das redes neurais artificiais multicamadas. No começo de 2000, as aplicações se tornaram mais complexas, embora desafios em relação a dados e poder computacional dificultassem o progresso.

Mas com o avanço tecnológico nos anos seguintes, máquinas se tornaram capazes de processar big data (conjunto robusto e complexo de dados). Isso permitiu avanços no funcionamento de algoritmos de uma RNA, e otimizou técnicas de aprendizado de máquina e aprendizado profundo em sistemas.

E de 2015 para cá, modelos de IA otimizaram o reconhecimento de imagem e processamento de linguagem natural, resultando em aplicações avançadas como ChatGPT, Google Gemini, Midjourney, entre outras ferramentas de IA generativa.

Quais os impactos da inteligência artificial na sociedade?

A inteligência artificial tem ditado o avanço tecnológico global, mas com impactos severos (positivos e negativos) para a sociedade. Algumas consequências positivas da implementação da IA em nosso cotidiano incluem:

  • Automação de processos: a IA tem capacidade de automatizar processos e tarefas repetitivas que são feitas com mão de obra humana;
  • Otimização de produtividade: com a automatização de processos, a inteligência artificial pode aumentar a produtividade no trabalho, nos estudos e nas áreas de pesquisa;
  • Avanço tecnológico: atualmente em evidência, a IA tem papel importante para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias em praticamente qualquer área;
  • Análise preditiva: por conta de análises de muitos dados, aplicações IA conseguem prever situações e auxiliar em tomadas de decisão;
  • Criação de novos conteúdos: aplicações de IA generativa são capazes de criar novos conteúdos a partir de dados, fomentando as áreas de arte e cultura.

Por outro lado, a IA também acompanha uma série de preocupações para a sociedade:

  • Desafios éticos: a IA é alvo de diversos conflitos éticos, especialmente nos campos de regulamentação e de direitos autorais;
  • Interferência nas relações humanas: a proliferação da inteligência artificial pode desmotivar interações humanas, bem como provocar dependência tecnológica;
  • Novas ameaças: indivíduos mal intencionados têm usado a IA para criar golpes, desinformação, deepfakes e outras ameaças digitais;
  • Coleta de dados: informações pessoais são coletadas de forma cada vez mais frequente, já que os dados são as principais commodities das aplicações de IA;
  • Desemprego: por mais que seja vista como ferramenta de suporte para o trabalho, a IA pode aumentar o quadro de desemprego ao automatizar tarefas que eram feitas por humanos.

Relacionados

Escrito por

Igor Shimabukuro

Igor Shimabukuro

Redator

Igor Shimabukuro é jornalista graduado e com especialização em Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. Apaixonado por games, cobre tecnologia desde 2020. Com passagens por Olhar Digital e TecMasters, acumula mais de cinco mil conteúdos (hard news, reportagens, reviews, tutoriais, entrevistas, especiais, publieditoriais) publicados na internet.

Lucas Lima

Lucas Lima

Coordenador de conteúdo

Lucas Lima trabalha no Tecnoblog desde 2019 cobrindo software, hardware e serviços. Pós-graduando em Data Science, formou-se em Jornalismo em 2018 e concluiu o técnico em Informática em 2014, mas respira tecnologia desde 2006, quando ganhou o primeiro computador e varava noites abrindo janelas do Windows XP. Teve experiências com comunicação no poder público e no setor de educação musical antes de atuar na estratégia de conteúdo e SEO do TB.