Nokia Lumia 620, um Windows Phone 8 acessível

Por R$ 899, Lumia 620 é o Windows Phone 8 mais barato do mercado brasileiro.
Smartphone traz câmera de 5 megapixels, NFC e processador dual-core de 1 GHz.

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 11 meses
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Em fevereiro, a Nokia lançou no Brasil os três novos Lumia com Windows Phone 8. Além do poderoso Lumia 920 com câmera PureView e do intermediário Lumia 820, há um smartphone mais barato que provavelmente responderá pela maioria das vendas da fabricante no país: é o Lumia 620, um aparelho com configurações mais simples e preço sugerido de R$ 899 que, segundo palavras da própria Nokia, vale “muuuuuuuito a pena”.

Mas será que o hardware do Lumia 620 consegue oferecer uma boa experiência de uso? Como fica a questão dos aplicativos? Há muitas novidades em relação aos smartphones com Windows Phone 7? Estou pensando em sair do Android, vale a pena mudar para a plataforma da Microsoft? Este review responde a estas e outras perguntas.

Design

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O Nokia Lumia 620 segue a tendência da fabricante finlandesa em lançar smartphones coloridos, fugindo do tradicional preto e branco dos concorrentes. Há capinhas de várias cores, incluindo um verde-olha-eu-aqui e um brasília-amarela-de-portas-abertas, que podem não ser as melhores opções para quem não quer ser o centro das atenções. A Nokia nos enviou uma unidade na cor branca, que é bem discreta.

No primeiro contato com o Lumia 620, a impressão que se tem é que o aparelho é bem gordinho. De fato, ele tem espessura de 11 milímetros, bem mais que os aparelhos fininhos, como o iPhone 5 (7,6 mm) e o Galaxy S4 (7,9 mm). Grande parte da gordura do smartphone da Nokia está na tampa da bateria, que é feito de um plástico bem rígido e passa uma sensação de boa durabilidade.

Apesar de ter espessura maior que a média, o Lumia 620 tem pegada firme. A tela, que possui 3,8 polegadas, deixa você acessar todos os cantos sem fazer malabarismos com as mãos. A tampa da bateria é lisa, mas não há aquela estranha sensação de que o aparelho está escorregando.

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Essa tampa, aliás, tem um jeito incomum de ser removida: você precisa segurar a parte superior da capa com as pontas dos dedos e então aplicar uma pequena pressão na lente da câmera. Gastei aproximadamente três minutos em tentativas frustradas até decidir consultar o manual de instruções para ter acesso à pequena bateria. Embaixo há a bandeja do SIM card; ao lado, o slot para cartão microSD.

Na parte frontal, o aparelho possui tela capacitiva, câmera frontal VGA, área do sensor de proximidade, alto-falante e três botões capacitivos (voltar, início e buscar) que estão presentes em qualquer Windows Phone. Durante os testes, eu apertei acidentalmente inúmeras vezes os botões durante partidas de Fruit Ninja, o que é bem irritante.

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A lateral direita tem os botões de controle de volume, liga/desliga e disparador da câmera. No topo, há um microfone para cancelamento de ruído e a entrada para fone de ouvido no padrão 3,5 mm. Na parte inferior está o conector para microUSB. Por fim, na parte traseira encontramos uma câmera de 5 megapixels com LED flash.

Tela

Embora a tela de 3,8 polegadas do Lumia 620 não seja uma AMOLED ou IPS LCD como nos smartphones mais caros, ela é bem satisfatória. O brilho é fortíssimo na configuração máxima, o que permite boa legibilidade mesmo sob a luz do sol. A resolução, de 480×800 pixels, resulta em uma definição de 246 pixels por polegada, que é suficiente para ver bem as grandes fontes do Windows Phone.

E claro, se você está vindo de um smartphone com tela AMOLED, vai estranhar algumas coisas. O preto não é tão preto (mas é aceitável) e a saturação de cores é menor – as imagens vão parecer “lavadas” ou menos vivas. De qualquer forma, é só uma questão de costume. Aqui está uma pequena comparação do LCD do Lumia 620 com o AMOLED do Galaxy Nexus:

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Windows Phone 8

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Não há muito o que comentar sobre a interface do Windows Phone 8: trata-se do mesmo sistema operacional com Metro UI que a Microsoft apresentou há mais de três anos, na Mobile World Congress de 2010. Ele é bem diferente do Android e do iOS, mas quem está chegando agora vai se sentir em casa. Tudo é bastante simples e intuitivo.

A tela inicial agora suporta blocos dinâmicos menores. Pode parecer apenas perfumaria, mas isso permite que mais informações estejam visíveis sem que você precise rolar a tela – posso colocar, em pouquíssimo espaço, blocos do Facebook, Twitter, WhatsApp, Foursquare, email, SMS e chamadas.

Os blocos de vários tamanhos acabam compensando a inexistência de uma central de notificações, mas não são a melhor opção. As notificações do Windows Phone são bastante imediatistas: se você não olhou para a tela em tempo suficiente para ver o alerta, não há muito o que fazer além de verificar cada bloco dinâmico para descobrir de onde a notificação veio. Ah, e o aplicativo precisa estar na tela inicial – os ícones no menu de aplicativos são fixos e não mudam se houver uma nova notificação.

Há algumas pequenas novidades no Windows Phone 8. O assistente de voz TellMe reconhece português do Brasil, mas é muito limitado e não faz nada além de abrir um aplicativo ou ligar para uma pessoa – nesses casos, é muito mais prático tocar na tela em vez de falar. Agora há uma opção para fazer upload automático de fotos para o SkyDrive, que funciona como um backup. E como o sistema passou a suportar cartões de memória, há uma nova opção no menu Armazenamento que deixa você escolher onde quer salvar fotos, músicas e vídeos.

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A boa surpresa fica por conta do menu Região+idioma, que agora possui uma opção chamada País/Região. Se você mudar de Brasil para Estados Unidos e reiniciar o aparelho, passará a ter acesso à loja de aplicativos americana, que é muito mais completa que a brasileira, especialmente em quantidade e qualidade de jogos. Antes, para mudar a região da Windows Phone Store, era necessário zerar o aparelho, perdendo todos os dados.

O Windows Phone é um sistema mais novo que o Android e o iOS, e por isso você terá mais dificuldade para encontrar bons aplicativos. A Windows Phone Store deve suprir as necessidades de boa parte dos usuários, entretanto, caso esteja migrando de plataforma, é bom dar uma pesquisada para ver se todos os aplicativos que você precisa estão lá, e se eles possuem a qualidade que você deseja.

Aplicativos embutidos

Como estamos falando de um Windows Phone da Nokia, há vários aplicativos interessantes no sistema.

O Here City Lens ajuda a encontrar estabelecimentos (restaurantes, hotéis, atrações) usando realidade aumentada – ele usa a bússola, o GPS e a câmera para mostrar a que distância e em qual direção o local está. O Here Drive+ Beta é o aplicativo GPS com instruções por voz. E o Here Maps é o aplicativo de mapas, que permite cache offline, algo muito útil em locais onde o 3G da operadora não ajuda.

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Também há o Nokia Música, que dá acesso à cara loja de músicas da empresa; todos os artistas que pesquisei estavam com músicas por R$ 2,50 e álbuns por R$ 25,00. Tem o Nokia Care, uma espécie de tutorial para aprender a usar o aparelho; o Melhores Apps, que mostra aplicativos destacados pela Nokia; e o Transferir Meus Dados, que pode migrar contatos e mensagens de texto do smartphone velho para o Lumia 620 – no Android, ele só funcionou com contatos.

E temos aplicativos de utilidade duvidosa pré-instalados, como o World of Red Bull, que mostra vídeos, imagens e informações sobre os esportes que a Red Bull participa, incluindo skate, Stock Car e Fórmula 1. Assim que você se conecta a uma rede Wi-Fi, o Lumia 620 automaticamente instala o aplicativo do Buscapé e o Angry Birds Roost (que não é um jogo, mas sim um aplicativo que lista conteúdo relacionado ao jogo da Rovio, como vídeos, toques, papéis de parede e notícias).

Câmera

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A câmera de 5 megapixels do Lumia 620 não oferece nada além do que esperaríamos para um smartphone dessa faixa de preço. Ela consegue tirar fotos razoáveis em ambientes claros e sofre bastante em condições de baixa iluminação – a presença de granulações e aberrações cromáticas passam a ser bastante perceptíveis nas imagens.

Para compensar o ruído gerado pelo sensor, há bastante processamento por software, o que acaba removendo alguns detalhes das imagens. As fotos têm qualidade mais que suficiente para fazer pequenas impressões ou compartilhá-las em redes sociais, mas não dá para ser muito exigente.

O aplicativo de câmera do Windows Phone 8 permite que você altere configurações como equilíbrio de branco, proporção (16:9 ou 4:3), ISO (até 800) e exposição (de -2 até +2, com intervalos de 1/3). Também há o aplicativo Foto Inteligente, que tira múltiplas imagens e deixa você escolher a melhor; e o Photosynth, velho conhecido que é capaz de gerar fotos navegáveis em 360º.

O smartphone filma em HD 720p com qualidade razoável e opção de foco contínuo. Aqui está uma pequena amostra:

Multimídia

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O Windows Phone 8 deu um bom salto na compatibilidade com arquivos de vídeo – ele reproduz sem problemas filmes em *.avi (XviD e DivX) ou *.mp4 em alta definição. Não é mais necessário usar o Zune ou um aplicativo específico para transferir arquivos (aleluia!): basta arrastar e soltar o arquivo para o aparelho dentro do Windows Explorer.

Infelizmente, o player nativo do Lumia 620 não mostra legendas e nem reproduz vídeos em *.mkv, ou, quando reproduz, mostra a imagem e deixa o som mudo. O Windows Explorer tenta ajudar e pergunta se você deseja converter o vídeo, mas o processo pode ser bem demorado, dependendo da velocidade do seu processador e do tamanho do arquivo.

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O player de áudio tem interface simples e integração com o serviço de streaming Xbox Music, mas alguns podem sentir falta de um equalizador. O som dos alto-falantes é extremamente alto e bem definido, tornando o aparelho perfeito para funkeiros de ônibus. Entretanto, a saída do som fica num orifício da capinha que pode facilmente ser tampado com a mão por acidente – acredite, isso aconteceu várias vezes.

Conectividade e acessórios

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A pequena caixa do Lumia 620 traz o básico: além do aparelho e do manual de instruções, há um carregador de 1,3A, que demora cerca de três horas para levar a bateria de 0% a 100%; um cabo microUSB; e um fone de ouvido extremamente simples – ele emite um som abafado, sem graves e sem definição, e minha recomendação é comprar outro caso queira ouvir músicas.

A capinha que acompanha o aparelho tem antena NFC, que pode ser usada para compartilhar arquivos de maneira mais prática. Basta abrir uma foto ou contato, acessar o menu Compartilhar e selecionar a opção Aproximar+Enviar. É necessário ter um smartphone compatível com o recurso, que funciona com o Lumia 820 ou 920, mas não com Androids – testei, sem sucesso, com o Galaxy Nexus e o RAZR D3.

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Mas há uma alternativa para compartilhar arquivos que não suportam o Aproximar+Enviar: é o bom e velho Bluetooth. Não há segredo: selecione Bluetooth no menu de compartilhamento, peça para o seu amigo ativar a conexão, confirme a senha e a transferência é feita em instantes. Não é tão rápido quanto Wi-Fi Direct, mas pelo menos é fácil de usar.

Desempenho

Uma das principais qualidades do Windows Phone 7 era a velocidade. O Windows Phone 8, com kernel NT, mantém a característica, inclusive no hardware nada impressionante do Lumia 620. Tudo é rápido e as animações da interface possuem fluidez extrema.

Como a RAM é limitada, os aplicativos frequentemente entram em estado de suspensão e demoram alguns segundos para voltar do modo de espera. Só que a Microsoft usa um truque “psicológico” – durante o carregamento do aplicativo é exibida uma animação para parecer que está tudo bem. Não há aquela sensação de travamento do Android, com corte de frames.

Mas o Lumia 620 tem limitações. Nas partidas de Fruit Ninja, percebi que a taxa de frames é menor que a ideal, e os gráficos de Need for Speed Hot Pursuit estão bem longe de serem bons. Em uma das ocasiões, fui presenteado com um erro de falta de memória. Além disso, os botões capacitivos são instáveis e pararam de responder em várias ocasiões. E uma vez a tela inicial inexplicavelmente “travou” – ainda era possível abrir aplicativos, mas não era possível rolar a tela. Foi necessário reiniciar o aparelho.

Bateria

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A bateria de apenas 1.300 mAh do Lumia 620 não faz milagres. Se você é um heavy user e joga com frequência ou usa muito a rede de dados, invariavelmente vai se deparar com o aparelho desligando por falta de energia. Com o meu uso, que envolve basicamente ouvir duas horas de música, ler feeds e usar redes sociais por 40 minutos no 3G e deixar as notificações ligadas o dia todo, consegui sair de casa às 10h e chegar às 21h com 20% de carga.

O aparelho obteve desempenho mediano nos nossos testes de bateria, que envolvem execução de arquivos multimídia, navegação na web, ligação telefônica e jogos. A tabela completa e uma descrição detalhada da metodologia do teste podem ser conferidos neste link.

Com uso intenso, o gasto de bateria foi de 74%, ou seja, em três horas, o nível de bateria caiu de 100% para apenas 26%. Com uso moderado, o uso foi de 44%. Comparando com os aparelhos que já testamos, ele foi um pouquinho melhor que o LG Optimus 4X HD (85% e 44% em uso intenso e moderado, respectivamente) e o LG Nexus 4 (81% e 57%), mas pior que o Motorola RAZR HD (57% e 39%).

Pontos positivos

  • Alto-falante com som alto e claro;
  • Aplicativos da Nokia são úteis e bem desenvolvidos;
  • Construção sólida;
  • Desempenho bom, mesmo sem números grandes nas especificações técnicas.

Pontos negativos

  • Bateria não dura muito;
  • Fone de ouvido deixa muito a desejar;
  • Windows Phone ainda precisa de melhorias e aplicativos de qualidade.

Conclusão

O Nokia Lumia 620 é atualmente o smartphone mais barato com Windows Phone 8. Ele foi lançado no Brasil por R$ 899 e chegou a ser vendido por menos de R$ 700 em várias ocasiões. E o legal é que, no Windows Phone, preço menor não significa experiência de uso pior – toda a agilidade na execução de tarefas está lá, e certamente impressiona qualquer usuário que esteja migrando de um Android de baixo custo.

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Como ex-usuário de Windows Phone 7, devo lembrar que os desenvolvedores sempre dão prioridade ao iOS e ao Android, já que eles possuem fatia de mercado bem maior. Você não encontrará killer apps com frequência na plataforma da Microsoft e também não receberá aplicativos “badalados” ao mesmo tempo que os outros – Draw Something só foi lançado depois que todo mundo havia enjoado do jogo, e ainda não há o menor sinal do Instagram. Além disso, alguns podem ter menos recursos ou mais bugs – o Rdio permaneceu durante meses com falhas que impediam o uso.

Vale a pena? Se você já está satisfeito com a plataforma da Microsoft e quer mudar para a versão mais recente do Windows Phone, mas não faz questão de tela grande ou câmera PureView, vai fundo: este é o smartphone com melhor custo-benefício que você encontrará no mercado brasileiro. Caso esteja vindo do Android, recomendo cautela: apesar do Windows Phone ser um sistema muito gostoso de usar e trazer algumas facilidades, a verdade é que as vantagens não compensam o ainda fraco ecossistema de aplicativos.

Especificações técnicas

  • Bateria: 1.300 mAh.
  • Câmera: VGA (frontal) e 5 megapixels (traseira).
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth 3.0, NFC e USB 2.0.
  • Dimensões: 115,4 x 61,1 x 11 mm.
  • Kit contém: aparelho Nokia Lumia 620, fone de ouvido (3,5 mm), carregador e cabo USB.
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 64 GB.
  • Memória interna: 8 GB.
  • Memória RAM: 512 MB.
  • Peso: 127 gramas.
  • Plataforma: Windows Phone 8.0.
  • Processador: dual-core Qualcomm Snapdragon S4 de 1,0 GHz.
  • Sensores: acelerômetro, proximidade e bússola.
  • Tela: TFT LCD 3,8 polegadas com resolução de 480×800 pixels.

Atualizado às 16h10.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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