Alcatel A3 XL: que tela enorme

Smartphone básico entrega visor de 6 polegadas de boa qualidade, mas escorrega na câmera

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses

O nome já denuncia: o Alcatel A3 XL é extra-grande. Com tela HD de 6 polegadas, o smartphone básico da fabricante chinesa pretende chamar a atenção de quem gosta de consumir conteúdo em um grande display, mas não quer gastar tanto dinheiro.

Por 849 reais, o Alcatel A3 XL entrega câmera frontal de 5 megapixels com flash, bateria de 3.000 mAh para durar o dia inteiro, suporte a dois chips, conexão 4G e a última versão do Android. Será que é uma boa opção? Eu conto neste breve review.

Review em vídeo

Design e tela

O design do A3 XL não foge do que esperamos de um smartphone básico. Ele é totalmente construído em plástico, com direito a uma traseira texturizada, que contribui com a aderência na mão e, por vezes, acumula um pouco de sujeira. As entradas para chips de operadora e microSD podem ser encontradas nas laterais, atrás de uma portinha que lembra a solução que a Sony adotava no passado.

A traseira não é removível, e chama a atenção o fato da Alcatel não ter trazido a versão com leitor de impressões digitais para o mercado brasileiro. É um recurso que está se tornando cada vez mais comum em aparelhos da mesma faixa de preço, como Vibe K6, Moto G5 e Quantum Muv Up — e quem já comprou um celular com sensor biométrico não vai mudar para outro sem.

Já a parte frontal abriga os botões capacitivos (voltar, início e multitarefa), uma câmera para selfies com flash LED e bordas bem grandes em volta da tela, que tornam o aparelho maior do que ele deveria ser, com 82 mm de largura (!). Obviamente, é impossível utilizar o A3 XL com apenas uma mão, diferente de outros smartphones com telas grandes e carcaça mais compacta.

A tela IPS LCD de 6 polegadas com resolução de 1280×720 pixels merece destaque, exibindo cores equilibradas, contraste satisfatório e brilho aceitável para a categoria. É verdade que a definição de 245 ppi não impressiona, mas ela também não decepciona: não é possível ver os pixels individuais tão facilmente, e você não deve se incomodar com a nitidez a não ser que esteja lendo um texto com letrinhas bem pequenas.

Software

O Android 7.0 Nougat do A3 XL traz modificações estéticas que se resumem a atalhos na tela de bloqueio, um launcher mais personalizável que se parece com o Google Now Launcher e alguns ícones de gosto duvidoso com degradês e efeitos 3D, um retrocesso em relação ao Marshmallow da Alcatel.

A fabricante desistiu de algumas inutilidades, como a tela que imitava o Google Now e os atalhos para o Shazam e o Yahoo. Além do pacote do Google, o A3 XL vem com uma galeria de fotos da Alcatel, um navegador próprio (que não acrescenta em relação ao Chrome), um gravador de som, um gerenciador de arquivos, um player de música, um otimizador de memória e o Xender File Transfer, para compartilhar arquivos por Wi-Fi.

Eu notei um incômodo bug no qual a central de notificações do Android repentinamente sumia com todos os botões (Wi-Fi, Bluetooth, lanterna e outros); era necessário redefinir o painel de ações para que os botões voltassem. Também pesa contra o fato de que, mesmo vindo com uma versão nova do Android, a Alcatel continua pecando na distribuição das correções de segurança, mantendo um patch de janeiro.

Câmera

As câmeras do A3 XL não impressionam nos números: o sensor traseiro de 8 megapixels é acompanhado de uma humilde lente com abertura de f/2,4, enquanto a câmera frontal tem resolução de 5 megapixels e até traz um flash LED — que não compensa as deficiências do sensor.

Com boa iluminação natural, o A3 XL entrega fotos com nível de detalhes satisfatório e cores equilibradas, embora peque no alcance dinâmico, frequentemente tornando áreas de sombra escuras demais. O pós-processamento tenta forçar um contraste que não existe, o que deixa as imagens com um aspecto “sombrio”.

Para um aparelho de entrada, gostei dos detalhes capturados em ambientes internos com iluminação artificial, mas que surgem às custas de um nível de ruído acima da média. Outro problema é que as cenas saem escuras e o software não consegue encontrar um equilíbrio no branco, deixando as imagens excessivamente amareladas — inclusive em ambientes com lâmpadas fluorescentes.

À noite, como esperado, o A3 XL não vai entregar fotos realmente boas: o nível de ruído sobe demais e, como a abertura da lente é pequena, tirar fotos sem tremidos ou fantasmas exige uma boa dose de paciência e mão firme.

Hardware e bateria

Com processador quad-core MediaTek MT8735B de 1,1 GHz (Cortex-A53) e 2 GB de RAM, o A3 XL deveria entregar um bom desempenho para a categoria, mas não é o que acontece na prática. O aparelho engasga ocasionalmente em tarefas básicas, como na abertura de aplicativos de mensagens (WhatsApp e Telegram), e pensa bastante ao alternar entre as telas.

O gargalo não parece ser a RAM, já que o consumo de memória ficou entre 50% e 70% na maior parte do tempo, e a velocidade do armazenamento interno chegou a 63 MB/s de leitura e 41 MB/s de escrita, uma boa marca. Talvez seja uma questão de otimização de software, já que a GPU não aguenta joguinhos mais pesados, mas isso não deveria interferir em todo o sistema.

É um aparelho que vai satisfazer os que acessam redes sociais, assistem vídeos e têm um pouquinho de paciência, mas nada muito além disso.

A autonomia, por outro lado, é um ponto positivo: mesmo alimentando uma telona de 6 polegadas, a bateria de 3.000 mAh faz um bom trabalho em levar o celular até o final do dia sem sustos. Nos meus dias de teste, eu tirei o A3 XL da tomada às 9h, ouvi 2h de streaming de música no 4G e naveguei na web por 1h30min, também na rede móvel, com brilho no automático. Às 22h, a carga chegava entre 30% e 40%.

Conclusão

Quando uma fabricante lança um smartphone básico, com custo limitado, é preciso definir quais componentes receberão mais investimento. No caso do A3 XL, a Alcatel claramente focou na tela enorme e na bateria de longa duração, em detrimento do desempenho, que é somente razoável, e da câmera, que satisfaz apenas necessidades básicas.

É um pouco complicado avaliar o custo-benefício de aparelhos básicos da Alcatel porque eles costumam ficar muito baratos com o tempo. Mesmo tendo sido lançado por 849 reais, eu não me surpreenderia se visse o A3 XL por 500 reais no varejo nos próximos meses — o que o tornaria uma opção interessante para quem procura tela grande.

Dito isso, dá para afirmar que o A3 XL atende bem as necessidades de seu público: ele possui uma tela de boa qualidade, uma bateria que chega até o final do dia e conexão 4G. Quem prefere algo mais compacto, com câmera e desempenho melhores, provavelmente ficará mais satisfeito com um Moto G5 ou Quantum Muv Up.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.000 mAh;
  • Câmera: 8 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.2, USB 2.0, rádio FM;
  • Dimensões: 165 x 82,5 x 7,9 mm;
  • GPU: Mali-T720 MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB;
  • Memória interna: 16 GB;
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 159 gramas;
  • Plataforma: Android 7.0 Nougat;
  • Processador: quad-core MediaTek MT8735B de 1,1 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola;
  • Tela: IPS LCD de 6,0 polegadas com resolução de 1280×720 pixels.

Alcatel A3 XL

Prós

  • Bateria que aguenta até o final do dia
  • Tela grande em smartphone não tão caro

Contras

  • A câmera é realmente ruim, mesmo para um aparelho básico
  • Desempenho inconsistente
  • Versão brasileira sem leitor de digitais
Nota Final 7
Bateria
8
Câmera
5
Conectividade
8
Desempenho
6
Design
7
Software
7
Tela
8

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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