Galaxy J7 Metal: um intermediário decente, mas ofuscado pelo preço

Aparelho é uma boa opção para quem precisa de algo um pouco além do básico, mas não vale os 1.600 reais sugeridos

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 10 meses

Smartphones topo de linha podem até chamar mais atenção, mas os aparelhos intermediários é que dominam o mercado, pelo menos no Brasil. Primeiro porque eles custam menos, obviamente. Segundo porque, em boa parte das vezes, categoria intermediária não é sinônimo de qualidade inferior. Será que esse é o caso do Galaxy J7 Metal (2016)?

Com tela de 5,5 polegadas, processador Exynos 7870 Octa e 2 GB de RAM, esse é um dos vários smartphones que a Samsung oferece atualmente no Brasil. Na primeira olhada, o conjunto é convincente, mas o preço oficial do modelo, R$ 1.599, ofusca a boa impressão inicial.

Previsivelmente, o varejo já oferece o modelo com descontos. Resta então saber se, nessas condições, o Galaxy J7 Metal é um bom negócio. Para descobrir, testei o modelo durante alguns dias. Conto os detalhes neste review.

Design

Não duvido que nos setores de design da Samsung existam fãs de Black Sabbath ou Iron Maiden, mas o “Metal” no Galaxy J7 é apenas uma referência à moldura de alumínio do smartphone. É como se a Samsung estivesse dizendo “esse celular é mais em conta, mas tem acabamento premium”.

De fato, a moldura metálica dá ao Galaxy J7 Metal um pouco mais de robustez e tem um achatamento que ajuda bastante na pegada, o que é primordial para um aparelho grande como esse — a largura é de 7,6 cm; a altura, de 15,17 cm.

Em termos de design, a moldura é o único destaque, porém. O J7 Metal repete o estilo dos demais aparelhos atuais da linha Galaxy: botão físico ali na frente, controles de volume na lateral esquerda, liga / desliga na direita, módulo de câmera ligeiramente ressaltado na traseira, enfim.

Falando em traseira, a tampa existente ali contrasta com as laterais por ser toda de plástico. Mas a superfície tem textura fosca que ajuda na pegada e repele marcas de dedo. Ao removê-la, você verá a bateria, dois slots do tipo micro-SIM e a ranhura para o microSD.

Tela

No review do Galaxy J5 Metal (o “irmão menor” do J7 Metal), eu disse que a resolução de 1280×720 pixels representa pouca coisa para um aparelho com preço oficial de quase R$ 1.300. Imagine então para o Galaxy J7 Metal, que é mais caro.

Mas não é só pelo preço. O J7 Metal tem tela de 5,5 polegadas, como você já sabe, mas mantém a resolução de 1280×720 pixels (com 267 ppi). Não é uma resolução ruim, mas se você já usou um smartphone grande com tela full HD, vai perceber que há uma diferença na qualidade de imagem, ainda que sutil.

Pelo menos a tela agrada nos demais aspectos. Do tipo Super AMOLED, o painel exibe cores fortes sem exagerar na saturação (e você ainda pode regulá-las nas configurações da tela), tem visualização satisfatória em ângulos variados e níveis de brilho que permitem que o conteúdo seja visto sem esforço em ambientes com muita luz.

Só é uma pena o modelo não ter sensor de luminosidade. Pena, não: mancada da Samsung! Você tem que regular o brilho manualmente. É o tipo de economia que não faz sentido nessa categoria de smartphone. Como prêmio de consolação, há um modo chamado Externo ao lado da barra de brilho. É um atalho para deixar a tela com brilho máximo rapidamente.

Software

Eu não diria que a TouchWiz é a melhor interface para Android que temos hoje, mas, definitivamente, ela não é mais uma monstruosidade. No Galaxy J7 Metal, que vem de fábrica com o Android 6.0.1 Marshmallow, a interface é estável, fácil de usar e conta com poucas adaptações — ícones com cantos arredondados, área de notificação personalizável e menu de configurações com mais opções, basicamente.

Há complementos bem-vindos. Um que eu gosto bastante é o Modo Fácil, que simplifica a interface para pessoas pouco familiarizadas com smartphones. Outro que me agrada é o acionamento rápido da câmera: pressione duas vezes seguidas o botão físico na parte frontal para o app de câmera abrir imediatamente, mesmo com o aparelho bloqueado.

Apesar dessas vantagens, devo dizer que a Samsung continua cometendo alguns deslizes em relação ao software. Eu não entendo, por exemplo, a razão de a empresa insistir em fornecer um navegador próprio se o Chrome já vem instalado.

Além disso, a grande maioria dos apps pré-instalados não pode ser removida pelas vias convencionais. Eu sei que essa é uma prática antiga e bastante comum no mercado, mas incomoda mesmo assim. Ao menos a quantidade de aplicativos que acompanham o aparelho não é grande: há, basicamente, as ferramentas clássicas do Google, os aplicativos do Microsoft Office e os apps da própria Samsung.

Câmeras

A câmera traseira do Galaxy J7 Metal é a mesma que equipa o J5 Metal (e outros aparelhos da Samsung lançados nos últimos meses). Consequentemente, não é surpresa ambos os modelos gerarem resultados parecidos.

O componente tem 13 megapixels, abertura f/1,9 e foco automático. Os níveis de ruídos são aceitáveis e há alguma perda de definição no pós-processamento, mas sem ser gritante. Mas isso em ambientes bem iluminados. À noite ou em um lugar com pouca luz, esses problemas se manifestam com vontade, ainda que dentro de parâmetros aceitáveis para um smartphone de categoria média.

Com HDR

 

Com HDR

Sem HDR — quase não há diferença, né?

 

Sem HDR — quase não há diferença, né?

Ambiente com luz fraca

 

Ambiente com luz fraca

Assim como no J5 Metal, a câmera frontal do J7 Metal tem 5 megapixels, abertura f/1,9 e flash LED. Dá para fazer boas selfies com ela — o pós-processamento dá uma limpada no rosto, mas não te deixa com cara de boneca de porcelana, por exemplo. Se os resultados não te agradarem, você pode usar os ajustes do app da câmera para alterar o tom de pele ou afinar o rosto.

De modo geral, o J7 Metal oferece uma dupla de câmeras que não impressiona, mas que cumpre bem o seu papel, pelo menos se considerarmos a categoria do aparelho.

Selfie feita com o Galaxy J7 Metal

 

Selfie com a câmera frontal

Como venho fazendo nos últimos reviews, testei o J7 Metal com o Manual Camera Compatibility, app que verifica a compatibilidade com a API Camera2 do Android. O aparelho passou nos testes, o que indica que é possível ter controle da câmera a partir de apps de terceiros que oferecem mais recursos.

Hardware e bateria

Uma tela de 5,5 polegadas é excelente para jogar. Mas, se você tiver um Galaxy J7 Metal, é bom não ter expectativas altas em relação a games pesados. Não é que você não vai conseguir jogá-los. Você só não pode esperar fluidez o tempo todo.

O Galaxy J7 Metal vendido no Brasil vem com processador Exynos 7870 Octa de 1,6 GHz, GPU Mali-T830MP2 e 2 GB de RAM. Essa configuração deu conta do Need for Speed: No Limits, por exemplo, mas o jogo apresentou travadinhas até na abertura. Unkilled rodou bem, mesmo nas cenas mais movimentadas, mas teve uma perceptível queda de frames quando coloquei as configurações gráficas no máximo.

Aplicativos de redes sociais, navegadores web e produtividade rodaram sem problemas, mesmo em multitarefa, ainda que um ou outro tenha demorado um pouco para abrir.

Pontuação no AnTuTu 6.2.1, Geekbench 4 e 3DMark

 

Pontuação no AnTuTu 6.2.1, Geekbench 4 e 3DMark

Já a quantidade de memória para armazenamento interno de dados é de 16 GB, mas pouco mais de 5 GB são ocupados pelo sistema. É bastante provável que você tenha que usar um microSD, portanto. Dá para instalar uma unidade de até 128 GB. Só é uma pena não ser possível transformar o cartão em extensão da memória interna (poxa, Samsung).

Se você quiser aproveitar bem o áudio, use fones de ouvido. O alto-falante externo do Galaxy J7 Metal não apresentou distorções ou abafamentos, mas o volume é relativamente baixo. Esse aspecto ganha mais importância se levarmos em conta que a saída de som fica ao lado da câmera traseira. Com uma saída frontal, a experiência de assistir a um filme no aparelho, por exemplo, seria melhor.

Agora, a bateria se comportou bem, viu? Combine a capacidade de 3.300 mAh com um hardware que não é exigente e uma tela que não gasta muito (a despeito do tamanho), e você poderá passar dois dias sem recarregar o Galaxy J7 Metal, a não ser que apps pesados sejam usados com frequência, é claro.

Assim como fiz com outros smartphones que eu analisei aqui no Tecnoblog, testei a bateria do Galaxy J7 Metal rodando o filme O Poderoso Chefão (2h57min) via Netflix com tela no brilho máximo (mas sem o modo Externo ativado), joguei Unkilled por trinta minutos, usei o Chrome também por meia hora, ouvi música via Google Play e 3G por uma hora e fiz cinco minutos de ligação.

Depois de tudo isso, a carga da bateria caiu de 100% para 49%. Bom, né? A recarga, porém, exige um pouco de paciência: levei pouco mais de duas horas para fazer a bateria pular de 13% para 100%.

Conclusão

O Galaxy J7 Metal não é ruim, não. O aparelho é sóbrio, não se destacando em nada, mas cumprindo bem a sua missão de atender a quem precisa de um smartphone que dê conta das atividades mais rotineiras: redes sociais, vídeos, músicas, jogos que não são tão pesados, enfim.

Mas é claro que ele não vale os R$ 1.599 sugeridos pela Samsung. Por esse valor, eu pensaria seriamente em um Moto G4 Plus, por exemplo, que ganha na câmera, no armazenamento interno e na entrega de um leitor de impressões digitais.

É frustrante. O Galaxy J7 Metal é o tipo de smartphone que vai direto ao assunto, ou seja, oferece só recursos essenciais, sendo ideal para quem não precisa ir muito além do básico. Esse básico é bem atendido aqui, excesso por essa política de preço “se colar, colou” que a Samsung mantém sem nenhum pudor.

Pelo preço proposto, o J7 Metal deveria ter pelo menos 32 GB de memória interna e tela full HD. Como o modelo foi lançado no Brasil no final de julho, já dá para encontrá-lo no varejo com desconto. Na data de publicação deste review, algumas lojas o ofereciam por valores entre R$ 1.150 e R$ 1.250. Bem melhor! Mesmo assim, eu esperaria por um abatimento mais generoso (para não dizer justo).

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.300 mAh;
  • Câmera: 13 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, rádio FM, NFC;
  • Dimensões: 151,7 x 76 x 7,8 mm;
  • GPU: Mali-T830MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 16 GB (10,9 GB livres);
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 169 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0.1 Marshmallow;
  • Processador: Exynos 7870 Octa de 1,6 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade;
  • Tela: Super AMOLED de 5,5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels (267 ppi).

Galaxy J7 Metal

Prós

  • Bateria que dura bastante
  • A moldura metálica proporciona resistência e boa pegada

Contras

  • Por ter 5,5 polegadas, a tela poderia ser full HD
  • Falta do sensor de luz, áudio externo baixo e outras economias duvidosas
Nota Final 8.1
Bateria
10
Câmera
7
Conectividade
9
Desempenho
7
Design
8
Software
8
Tela
8

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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