Positivo Mini Quad: um tablet barato com ótimo desempenho

Lucas Braga
Por
• Atualizado há 10 meses
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Em meados de agosto, a Positivo lançou o tablet Positivo Mini Quad. Prometendo bom desempenho, o tablet apresenta processador quad-core Intel Atom de 1,8 GHz, 1 GB de RAM e 8 GB de armazenamento interno com preço sugerido de R$ 599. Quatro meses depois do lançamento, é possível encontrar esse produto por preços ainda mais baixos: em uma rápida pesquisa, cheguei ao valor de R$ 368.

Em um mercado onde é possível encontrar várias opções de tablets por menos de R$ 400, será que vale a pena investir no produto da Positivo? No que ele se sobressai? Essas e outras questões serão esclarecidas a seguir.

Design, tela e pegada

De frente, o Positivo Mini Quad possui um visual bastante “comum”. Mas ao ver a parte traseira do produto… Bem, eu sei que é chato ficar comparando produtos com dispositivos da Apple, mas o tablet é muito parecido com o iPad mini. As linhas da parte superior, o acabamento metálico e até a qualidade de construção são similares ao tablet da Apple. Durante os testes, o aparelho ficou conhecido aqui no TB como o “iPad mini da Positivo”.

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As semelhanças não ficam apenas por conta do design: as dimensões de altura e largura são exatamente as mesmas do iPad mini que costumo utilizar no meu dia a dia. Por causa disso, usar o Positivo Mini Quad foi extremamente natural para mim.

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O Positivo Mini Quad possui tela de 7,9 polegadas com resolução de 1024×768 pixels. Não é a melhor tela do mundo: a densidade é de apenas 163 pixels por polegada, e os pixels são bem visíveis a olho nu. Uma tela de resolução maior seria bem-vinda, mas não vamos nos esquecer que o produto foi feito para ter baixo custo. Ainda assim, ela tem uma qualidade boa: o painel é IPS e tem amplo ângulo de visão; os níveis de brilho surpreendem para um produto da categoria, permitindo utilizar o tablet sem grandes problemas em ambientes muito claros; e o tempo de resposta do toque é bastante satisfatório.

Além da tela, é possível notar na parte frontal do aparelho a câmera e o sensor de luminosidade. Na lateral direita, quase já na parte traseira, encontram-se os botões liga/desliga e controle de volume. Na parte superior fica o slot para cartões de memória microSD e o conector para fone de ouvido no padrão 3,5 mm. Na parte inferior, temos uma saída Mini HDMI e a porta Micro USB, para carregamento e transferência de dados.

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Apesar de se assemelhar muito com o iPad mini, o Positivo Mini Quad tem um pequeno inconveniente: a borda do aparelho é bastante curva, de modo que os botões liga/desliga e o controle de volume ficam mais na parte traseira do que na lateral em si. Isso pode parecer um detalhe bobo, mas é impossível ligar o tablet enquanto ele está apoiado em uma mesa sem ter que levantar o produto.

Outra coisa que incomoda é o peso: são 430 gramas, muito acima da média de tablets de 7 a 8 polegadas – o Galaxy Tab 3 de 7 polegadas tem 300 gramas, por exemplo. Por causa da gordura adicional, a pegada fica um pouco complicada, convidando o usuário a usar o tablet mais em superfícies do que segurando com as mãos ou no colo.

Software

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O Positivo Mini Quad vem embarcado com o antigo Android 4.2.2 Jelly Bean, o que nos deixa ressabiados sobre as atualizações de sistema. Mas mesmo sendo uma versão já desatualizada, o Jelly Bean não traz nenhum empecilho para o uso do tablet. A Positivo personalizou a interface com um launcher próprio, mas nada muito gritante: ele se parece bastante com os padrões do Android e trazem apenas categorias de aplicativos na tela de início. Aliás, permito-me dizer que se trata de uma modificação de bom gosto e que melhora a experiência para quem está chegando ao mundo dos tablets.

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Logo ao ligar o tablet pela primeira vez, o sistema já conta com um assistente para que o usuário configure sua conta sua conta de email, mesmo ela não sendo Gmail, que é o padrão do Android:

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Alguns aplicativos já vêm embarcados de fábrica, em sua maioria jogos. São eles: Skype, Astro (gerenciador de arquivos), WPS Office (suíte de produtividade), Clouds & Sheep, Cut The Rope, Fruit Ninja, Guns’n’Glory e Jetpack Joyride. Também se fazem presentes ícones para um PDF do manual do produto, para o site da Positivo e um ícone para os jogos da Gameloft na Play Store. A Positivo incluiu ainda o “App Grátis Positivo”, mas não há conteúdo disponível para download além do aplicativo Terra Futebol.

Desempenho e bateria

No geral, o sistema se apresenta bastante fluido no Positivo Mini Quad, sem quaisquer travamentos ou demora na abertura de menus e aplicativos. Quem não gostar da experiência do launcher da Positivo pode recorrer ao Google Now Launcher, tornando a experiência bem próxima a de um tablet com Android puro.

Não é nosso foco falar sobre benchmarks sintéticos aqui no Tecnoblog, mas o Positivo Mini Quad surpreendeu com seus resultados. A escolha do processador Intel foi pontual para que a experiência de uso tenha sido tão boa, sendo que o tablet apresentou resultados melhores que equipamentos mais caros. Veja o gráfico:

É até estranho ver um produto tão barato com desempenho tão bom. Arrisco-me a dizer que o Positivo Mini Quad consegue se estabelecer no mesmo patamar de tablets mais caros de geração anterior. Como isso é o que mais importa na compra de um equipamento eletrônico acessível, o custo-benefício fica muito interessante.

A parte triste é que a bateria não é tão boa quanto o desempenho: os 4.300 mAh podem deixar a desejar para usuários que pretendam consumir conteúdo multimídia no tablet. Em um teste simples, de uso moderado de redes sociais e navegação na web e 30 minutos de leitura, a bateria aguenta tranquilamente por um dia.

Assistir a vídeos pode ser uma tarefa um pouco mais complicada: vi um filme de 1h58min no Netflix e isso consumiu 85% de bateria. Jogos simples também ficam gastões: deixei minha mãe com o tablet e ela ficou jogando Candy Crush Soda Saga, Pet Rescue Saga e Farm Heroes Saga por aproximadamente duas horas (sim, ela é viciadíssima nesses jogos) e a bateria saltou de 100% para 25%.

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Multimídia

Para muita gente, tablet é sinônimo de consumo de conteúdo e entretenimento. Portanto, é de se esperar que você encontre uma boa experiência para assistir a vídeos e ouvir música. Apesar da memória interna limitada em 8 GB, o slot para cartão de memória convida o usuário a deixar filmes, músicas e fotos disponíveis no tablet.

Logo de cara, reproduzir vídeos pode não ser uma tarefa muito confortável para o usuário de primeira viagem: assim como qualquer tablet com Android puro, o reprodutor de vídeo se restringe a reproduzir arquivos com codecs H.263, H.264/MPEG-4, MPEG-TS e o jurássico 3GPP. Nada de DivX, XviD ou o contâiner MKV, formatos mais populares no momento, mas basta uma rápida busca na Play Store para encontrar algum reprodutor compatível com outros formatos, como o MX Player (o VLC infelizmente não é compatível com x86).

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O tablet possui uma caixa de som integrada, localizada na parte traseira. O som é até alto, mas com pouquíssima definição: é impossível ouvir graves e há bastante chiado. É, no máximo, um alto-falante para quebrar o galho: se seu foco é consumir conteúdo audiovisual, prepare-se para carregar o fone de ouvido sempre junto ao tablet. Como o tablet possui Bluetooth, fica aberta a possibilidade de utilizar um fone de ouvido sem fio. E como o tablet possui uma porta Mini HDMI, é possível espelhar a tela do produto em uma TV ou monitor.

Aliás, sobre fones de ouvido, uma coisa chata: apesar do jack de áudio ser o padrão P2 (3,5 mm), ele não é compatível com qualquer fone de ouvido com plugue de três vias, que possuem microfone e/ou botões de controle. A maioria dos smartphones vendidos atualmente acompanha um fone de ouvido com microfone. Para que tudo funcione bem, será necessário utilizar um fone de ouvido convencional, sem microfones ou botões integrados.

Câmera

Eu não me permito utilizar um tablet em público para tirar fotos, mas há quem acredite no potencial desse tipo de produto para tirar fotos. Nesse quesito, o Positivo Mini Quad decepciona: a câmera serve no máximo para quebrar um galho. A definição da imagem é bem ruim, não há foco automático e, mesmo em ambientes com muita luz, o nível de ruído é bastante alto. Veja alguns exemplos:

Jpeg
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O tablet também tem uma câmera frontal. Como estamos vivenciando uma moda de selfies, é bem possível que o usuário iniciante se decepcione com a qualidade: além de ter resolução VGA, digo que ela serviria, no máximo, para uma chamada de vídeo. A própria tela do tablet já apresenta resolução maior que a da câmera em si, de forma que a imagem sai bastante quadriculada mesmo antes de clicar no botão para tirar a foto.

Conclusão

Confesso que aceitei com receio o convite da Positivo para testar o tablet. Sou usuário de iPad de longa data e vários tablets topo de linha passaram pelas minhas mãos. Com isso, meu nível de exigência é alto, principalmente nos quesitos fluidez, qualidade de construção e bateria — pontos difíceis de agradar principalmente em faixas de preço menores.

Mesmo com a bateria e a câmera do Positivo Mini Quad não sendo das melhores, o produto me surpreendeu. É um tablet robusto, com qualidade de construção bastante superior a grande parte desses tablets de 300 reais que são vendidos no varejo. Apesar de não possuir alta densidade, a tela também possui boa qualidade e o tempo de resposta ao toque é muito bom.

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Sendo encontrado a menos de 400 reais no mercado, o Positivo Mini Quad é uma excelente compra para o usuário mais básico que procura navegação, leitura e um pouco de multimídia. Ciente de todos os problemas do produto, é um tablet que compraria para mim.

Positivo Mini Quad

Prós

  • Desempenho satisfatório
  • Boa qualidade de construção
  • Preço extremamente competitivo

Contras

  • Bateria poderia ser melhor
  • Câmera com qualidade ruim
  • Localização dos botões físicos prejudicam a experiência
Nota Final 7.1
Bateria
5
Câmera
3
Conectividade
9
Desempenho
9
Design
8
Software
8
Tela
8

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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