Samsung Galaxy On7: um smartphone básico com tela grande

Modelo oferece conjunto razoável de recursos, mas, com preço sugerido de R$ 949, tropeça no custo-benefício.

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 10 meses
Samsung Galaxy On7

A quantidade exagerada de modelos lançados e o “inchaço” da interface TouchWiz estão entre os problemas que fizeram a Samsung perder prestígio no mercado de smartphones. Em 2015, porém, a companhia provou com aparelhos como Galaxy S6 e Galaxy Note 5 que ainda é capaz de fazer excelentes smartphones. Mas essa percepção também vale para o segmento de modelos intermediários?

Para encontrar a resposta, eu topei testar o Galaxy On7 durante duas semanas. O hardware do aparelho não impressiona, em compensação, possui um conjunto de características condizentes com o que podemos esperar de um smartphone mediano: tela de 5,5 polegadas, suporte a dois SIM cards, câmera traseira de 13 megapixels, câmera frontal de 5 megapixels e bateria com 3.000 mAh.

Será que esses itens funcionam a contento? O desempenho geral é satisfatório? O On7 pode ocupar uma posição de destaque no mercado ou é apenas mais um Galaxy sem apelo? Conto as minhas impressões a seguir.

Design e pegada

Samsung Galaxy On7

Continua sendo fácil identificar os aparelhos da Samsung. Entre os fabricantes de smartphones com Android, a companhia coreana é uma das únicas que insistem em colocar um botão físico na parte frontal do dispositivo. Não fizeram do Galaxy On7 uma exceção.

As linhas do On7 também remetem a modelos anteriores: cantos arredondados, tampa traseira que só fica curvada perto das bordas, moldura plástica que imita metal, enfim.

Samsung Galaxy On7
Samsung Galaxy On7

Embora não tenha nenhuma novidade em termos de design e construção, o Galaxy On7 não é um smartphone com visual entediante. A impressão que se tem, na verdade, é a de que o modelo é bem-acabado: todas as peças se combinam, a moldura não transmite sensação de fragilidade e a tampa traseira possui uma superfície enrugada — a já velha fórmula de imitar couro — que torna a pegada mais confortável.

Samsung Galaxy On7

Vale dizer também que a cor levemente dourada da tampa — também presente no contorno da tela — contribui para dar um ar mais agradável ao On7. Para quem prefere algo mais tradicional, a Samsung também oferece o modelo na cor preta.

De modo geral, o Galaxy On7 é um celular agradável de se ver e manipular. A espessura de 8,2 mm facilita a pegada (e a colocação do dispositivo no bolso da calça) e a disponibilização dos controles de volume na lateral esquerda enquanto o botão liga/desliga permanece na direita — outra característica clássica da linha Galaxy — ajuda a tornar o aparelho mais prático.

Samsung Galaxy On7

Os únicos detalhes que me aborreceram foram os botões capacitivos abaixo da tela, mas unicamente pela falta de costume com eles — o botão de voltar e o que lista aplicativos abertos ficam invertidos em relação ao que é padrão no Android 5.1. Ah, eu ficaria muito feliz se eles tivessem retroiluminação LED.

Tela

A tela do Galaxy On7 não é tão pomposa quanto o display Super AMOLED do Galaxy Note 5, por exemplo, mas não faz feio, principalmente se levarmos em conta a categoria intermediária do aparelho. O componente se baseia em um painel TFT que apresenta cores vivas e níveis bastante satisfatórios de contraste.

Já a resolução é de 1280×720 pixels (267 ppi). Pouco para um painel de 5,5 polegadas? Pelo menos na maioria das aplicações, não — é bem difícil distinguir pixels ali. Além disso, essa resolução é suficiente para vídeos, jogos e fotos.

Samsung Galaxy On7

É verdade que se você comparar o Galaxy On7 com um smartphone que possui tela do mesmo tamanho, mas resolução full HD notará que o aparelho da Samsung poderá exibir menos detalhes em determinadas circunstâncias. Não se trata de uma característica capaz de comprometer seriamente a experiência de uso, contudo.

Temos que levar em conta também que uma resolução maior provavelmente exigiria mais recursos do hardware do On7. Como o aparelho tem um processador Snapdragon 410 com GPU Adreno 306, isso poderia não ser uma boa ideia.

Na visualização sob ângulos variados, as informações na tela perdem um pouco de tonalidade, mas, novamente, nada suficiente para comprometer a experiência.

Os níveis de brilho são bastante razoáveis, o que permite boa visualização da tela mesmo em ambientes bem iluminados, apesar de que você precisará de algum esforço para enxergar as informações do display em lugares com forte incidência de luz solar. Nesse ponto, vale dizer que há uma função nas configurações que ajusta a tela para ambientes externos. Se bem que, na prática, esse recurso não me pareceu muito relevante.

Samsung Galaxy On7

Câmeras

A câmera traseira do Galaxy On7 é composta por um sensor de 13 megapixels com abertura f/2,1. Não estamos falando de um conjunto que gera fotos impressionantes, mas que, de modo geral, permite registros minimamente satisfatórios.

Samsung Galaxy On7

No modo automático, as imagens feitas em ambientes abertos e bem iluminados saem com pouco ruído. O pós-processamento não é muito agressivo, embora alguma perda de detalhamento se torne facilmente perceptível, principalmente em pontos mais próximos das bordas.

Durante os testes, o maior problema que eu notei foi o excesso de branco em determinadas fotos. Não é como se a imagem ficasse estourada, mas algumas vezes essa cor sai com tanto vigor que oculta formações de nuvens no céu, por exemplo, sem contar a impressão de que o branco invade os limites de outras cores.

Foto tirada com o Samsung Galaxy On7
Foto tirada com o Samsung Galaxy On7
Foto tirada com o Samsung Galaxy On7
Foto tirada com o Samsung Galaxy On7
Foto tirada com o Samsung Galaxy On7

Mas há uma boa notícia: o software de câmera do Galaxy On7 tem um modo “Pro” que dá acesso a alguns ajustes que permitem amenizar ou mesmo eliminar certos problemas. Nele, você pode ajustar parâmetros como ISO e balanço de branco. Em contrapartida, eu senti falta de um modo específico para HDR.

Software de câmera do Galaxy On7
Software de câmera do Galaxy On7
Foto tirada com o Samsung Galaxy On7
Ajuste manual. Repare como as nuvens, de fato, aparecem.
Foto tirada com o Samsung Galaxy On7
Dá até para criar efeitos como esse.
Foto tirada com o Samsung Galaxy On7
E ajustar a temperatura.

Quando há pouca iluminação, os ruídos aparecem com vontade. Mas isso é esperado. Ative o flash e, pronto, o problema estará pelo menos parcialmente resolvido. O que me incomodou de verdade é que, mesmo quando não há tão pouca luz assim, é relativamente fácil fazer imagens tremidas.

Assim, se você tiver que tirar fotos da galera durante uma festa à noite, por exemplo, deverá tomar o cuidado de segurar bem o celular. Nesse ponto, há um facilitador: você pode configurar o controle de volume para fazer as vezes de um botão de disparo. Não sei como é com você, mas, na hora de registrar a imagem, eu consigo segurar o smartphone com mais firmeza usando um botão físico do que tocando na tela.

A câmera frontal também está lá. O componente tem sensor de 5 megapixels — o mínimo esperado para os dias atuais — e abertura f/2,2. Todo mundo sabe, esse tipo de câmera tem finalidades bem específicas: selfies e videoconferências. Você conseguirá fazê-las sem dificuldades, mas, de novo, não espere imagens impressionantes.

Samsung Galaxy On7

O objeto próximo da lente — você — sai bem, com níveis de detalhamento razoáveis e sem exageros no pós-processamento. Como complemento, há um modo de embelezamento que ajuda a corrigir imperfeições na pele ou a afinar o rosto, por exemplo. Mas a função que mais chamou a minha atenção é o modo Selfie Panorâmica. Ao ativá-la, você pode mover o smartphone para as laterais. Assim, um grupo grande pode sair na foto sem se apertar.

É uma pena, porém, que o cenário de fundo costume apresentar perda considerável de definição. Sim, o importante é que as pessoas saiam bem, mas o fundo pode fazer diferença se você estiver em uma praia ou em uma área cercada de verde, por exemplo. Também me incomoda o fato de as tonalidades saírem um tanto desbotadas. Mas, mesmo com essas deficiências, a câmera frontal faz registros bem melhores do que aqueles realizados nos não tão antigos sensores com 2 megapixels ou menos.

Foto tirada com o Samsung Galaxy On7
O modo embelezamento ajuda, mas não faz milagres ¬¬

Software

O Galaxy On7 vem com o Android 5.1.1 Lollipop (sem previsão de update para o Android 6.0 Marshmallow, vale dizer) e a interface TouchWiz. Sim, aquela mesma que já foi muita criticada por ser má otimizada, cheia de recursos inúteis e até confusa. Mas esses são tempos passados. A TouchWiz talvez não seja a melhor interface customizada do mercado, mas está longe de ser aquela coisa medonha de outrora.

Samsung Galaxy On7 — TouchWiz

Efeitos de transição, quando existem, são discretos. Há widgets ativados por padrão, mas eles não são numerosos. Os ícones das ferramentas criadas pela Samsung têm um formato peculiar, com cantos arredondados, mas isso não chega a ser uma agressão estética. A Samsung customizou menus e telas do sistema, mas sem exagerar na dose — a tela de notificações, por exemplo, pode ser configurada para exibir as funções que você mais utiliza.

Samsung Galaxy On7 — TouchWiz

A companhia também tratou de cortar funções adicionais da interface que, no final das contas, só a deixariam desajeitada e pesada. Mas nem tudo é perfeito: há um ou outro aplicativo instalado de fábrica que fica ali te pentelhando. É o caso do Recarga Certa, que serve para colocar créditos no celular — as notificações do app irritam qualquer um.

De modo geral, os aplicativos fornecidos pela Samsung são úteis e bem feitos. Há calculadora, app de rádio FM, gravador de voz, ferramenta de roteador, player de vídeo compatível com legendas, entre outros. Demos de jogos ou trials de antivírus? Não há. Mandou bem aqui, Samsung! Só falta a companhia “matar” o navegador próprio que ela insiste em oferecer. Ele não é ruim, veja bem, mas como o Chrome já vem instalado e se mostra muito mais versátil, esse browser extra acaba só ocupando espaço.

Desempenho e bateria

No interior do Galaxy On7 a gente encontra um processador quad-core Snapdragon 410 de 1,2 GHz com GPU Adreno 306 e 1,5 GB de RAM (por que não 2 GB de uma vez, Samsung?). É uma configuração basicona, mas suficiente para as aplicações mais comuns do dia a dia: redes sociais, reprodução de áudio, jogos casuais, ferramentas de produtividade e por aí vai.

Eu não tive problema nenhum na execução desses aplicativos, exceto com o Chrome e o app do Facebook: ambos deram algumas congeladas, mas nada que te faça querer jogar o aparelho na parede.

Nas aplicações mais pesadas, o On7 pode sentir um pouco mais as limitações do hardware, como é de se presumir. O jogo Asphalt 8: Airborne, por exemplo, só rodou sem engasgar com as configurações gráficas marcadas como “regular”.

Desempenho do On7 no AnTuTu 6.0 e no Geebench 3
Desempenho do On7 no AnTuTu 6.0 e no Geekbench 3

Mas é a multitarefa que me fez levantar a sobrancelha. Enquanto eu realizava outras tarefas — navegação na web, por exemplo —, várias vezes deixei o MixRadio executando em segundo plano. O aplicativo não é exigente, mas fechou do nada três vezes. Isso é bem chato. Você está lá curtindo a música e, de repente, ela é interrompida. Vez ou outra também notei determinados aplicativos sendo recarregados. Isso foi mais frequente com o YouTube.

Ao pesquisar sobre o assunto, eu descobri que esse comportamento está, provavelmente, ligado à forma como a interface TouchWiz e o Android em si foram configurados no aparelho para evitar problemas de desempenho.

Felizmente, os engasgos de multitarefa não são frequentes. De qualquer forma, a Samsung tem um app chamado Gerenciador Inteligente que permite, entre outros recursos, “limpar” a memória RAM rapidamente caso a situação fique complicada.

Em relação ao hardware, o ponto mais fraco está no armazenamento interno de dados. O Galaxy On7 vem com apenas 8 GB de espaço, com 4,4 GB livres para o usuário. É pouco. Para os padrões atuais o mínimo deveria ser 16 GB. Creio que a maioria dos usuários do modelo terá que recorrer a um cartão de memória, consequentemente. O dispositivo suporta microSD de até 128 GB.

Quanto ao áudio, o Galaxy On7 tem uma saída externa localizada ao lado da câmera traseira. Esse alto-falante é apenas ok. Não há distorções, mas o volume máximo não é alto; o som sai limpo, mas alguns detalhes podem passar despercebidos facilmente.

Para aproveitar melhor o áudio, o negócio é recorrer a fones de ouvido, como sempre. Eu testei no On7 os fones que acompanham o aparelho. Eles são básicos (e um tanto desconfortáveis), mas dão conta do recado: o áudio saiu com clareza e com mais percepção de graves, por exemplo, embora vez ou outra eu tenha notado sons “robotizados” ou abafados.

Também testei o áudio com fones intra-auriculares Philips SHE8000/10, que se destacam pelo reforço de graves. Com eles, a experiência de áudio foi bem melhor: o efeito “robotizado” apareceu, mas muito mais discretamente.

Samsung Galaxy On7

Tendo 3.000 mAh, a bateria do On7 tem que aguentar um dia inteiro longe da tomada, certo? Certo. Eu testei o componente executando as seguintes tarefas: filme O Poderoso Chefão via Netflix (2h57min) com tela no brilho máximo, meia hora do jogo Asphalt 8: Airborne, uma hora de música via MixRadio com alto-falante ativado e Here Maps em um trajeto de carro durante 20 minutos, aproximadamente. Essas atividades fizeram a carga da bateria cair de 100% para 58%. Nada mal, né?

O tempo de recarga esteve dentro da média: o Galaxy On7 precisou de quase duas horas e meia para pular de 11% para 100% de carga.

Conclusão

A Samsung lançou o Galaxy On7 na primeira semana de novembro com preço sugerido de R$ 949. Caro. Mesmo para o cenário atual de dólar alto e aumento de custos, esse valor não condiz com o que o aparelho oferece.

Previsivelmente, o varejo online (a estratégia da Samsung, ao menos inicialmente, é vender o modelo apenas na internet) já se encarregou de baixar os preços. Uma rápida pesquisa me revelou que o On7 já é vendido por menos de R$ 800.

Mas é algo próximo ou mesmo abaixo dos R$ 700 que deixa o Galaxy On7 interessante. Não é um patamar difícil de ser alcançado. Mesmo assim, é pouco provável que o smartphone se torne um fenômeno de vendas.

Tecnicamente, o Galaxy On7 cumpre bem o seu papel. A tela tem boa qualidade de imagem, o desempenho está dentro do aceitável — apesar de um deslize ou outro na multitarefa (aqueles 512 MB faltantes na RAM cairiam bem) — e a bateria aguenta um punhado de horas sem recarga.

Samsung Galaxy On7

No conjunto da obra, trata-se de um smartphone “esforçado”, que aparece como uma opção para quem procura tela grande, mas não está disposto a pagar muito por isso. Porém, considerando a faixa de preço sugerida pela Samsung, dispositivos de marcas concorrentes podem ser mais atraentes.

O maior problema está na concorrência interna. No ano passado, a Samsung prometeu lançar menos aparelhos em 2015. De certa forma, a promessa foi cumprida, mas ainda assim uma quantidade expressiva de modelos da companhia surgiu no mercado nos últimos meses. A consequência é esta: o Galaxy On7 concorre com o Galaxy J5, por exemplo, que tem tela de 5 polegadas, mas 16 GB de espaço interno.

Diante dessas circunstâncias, o Galaxy On7 não aparece como uma escolha ruim, mas ofuscada. Assim, reitero, só haverá vantagem nele se você conseguir comprá-lo por um valor na casa dos R$ 700. Por mais do que isso, convém dar uma olhada em outros aparelhos, mesmo que isso signifique levar para casa um modelo não muito recente.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.000 mAh;
  • Câmera: 13 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Glonass, Bluetooth 4.1, USB 2.0;
  • Dimensões: 151,8 x 77,5 x 8,2 mm;
  • GPU: Adreno 306;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 8 GB (4,4 GB disponíveis);
  • Memória RAM: 1,5 GB;
  • Peso: 171 gramas;
  • Plataforma: Android 5.1.1 (Lollipop);
  • Processador: quad-core Snapdragon 410 de 1,2 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade;
  • Tela: TFT de 5,5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels (267 ppi).

Samsung Galaxy On7

Prós

  • Bateria de longa duração
  • Tela com boa definição e cores vivas

Contras

  • 8 GB de espaço interno é pouco para os padrões atuais
  • Por que não 2 GB em vez de 1,5 GB de RAM?
Nota Final 8
Bateria
9
Câmera
7
Conectividade
9
Desempenho
7
Design
8
Software
8
Tela
8

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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