Review Sony WH-XB900N: graves demais com menos ruído
WH-XB900N é uma opção mais em conta de headphone com cancelamento de ruído e foi feito para agradar os bassheads
WH-XB900N é uma opção mais em conta de headphone com cancelamento de ruído e foi feito para agradar os bassheads
Depois de lançar o elogiado WH-1000XM3, a Sony trouxe ao Brasil uma opção menos cara de headphone com cancelamento ativo de ruído. O WH-XB900N é um circumaural de R$ 1.299 que leva a paz e a tranquilidade do isolamento para uma faixa de preço menor, mas ao mesmo tempo promete agitar os tímpanos com os graves mais profundos da linha Extra Bass.
Será que o WH-XB900N é quase tão bom quanto o fone de ouvido premium da marca? Eu passei as últimas semanas com a novidade da Sony nas orelhas e conto minhas impressões neste breve review.
O formato do WH-XB900N lembra muito o WH-1000XM3, mas a Sony fez algumas economias para reduzir o preço. O primeiro detalhe é que os novos headphones não trazem uma capa rígida com proteção contra impactos, só uma sacola de tecido para evitar arranhões durante o transporte. Também não espere nada brilhando aqui: a construção é feita totalmente de plástico com acabamento fosco.
Apesar de não parecer tão sofisticado, o WH-XB900N não deixa a desejar na beleza, especialmente na versão azul, que foge da mesmice do preto sem chamar atenção demais. E o conforto é tão bom quanto o do irmão mais caro. As almofadas laterais e na parte superior são revestidas de um material que parece couro e não fazem pressão excessiva na cabeça, o que me permitiu usar o fone por até cinco horas sem reclamar.
O WH-XB900N pode ser conectado por Bluetooth ou com o fio de 3,5 mm que a Sony envia na caixa. Para quem tem um smartphone com NFC, o pareamento é mais simples: basta aproximar o celular do fone e confirmar a ligação. A partir daí, é possível brincar com o aplicativo Headphones Connect, que traz efeitos de som e o recurso Adaptive Sound Control, que identifica se você está andando, esperando ou dentro de um meio de transporte, para ajustar o cancelamento de ruído automaticamente.
O controle é feito por meio do sensor de toque do lado direito, que responde bem aos comandos. Dá para ajustar o volume deslizando o dedo para cima ou para baixo, além de atender ligações, passar para a próxima música ou chamar o Google Assistente. Um dos recursos mais úteis é o Quick Attention: quando quiser falar com alguém, é só deixar a palma da mão sobre o lado direito do headphone que o volume da música diminui, o microfone liga e as vozes passam.
A caixa do WH-XB900N tem a inscrição “EXTRA BASS” em letras maiúsculas com um tamanho enorme, então eu já sabia o que esperar da assinatura sonora. O design do headphone também deixa claro que existe uma ênfase nas frequências baixas: na parte de cima das conchas, a Sony colocou entradas de ar que teoricamente ajudam a reforçar as batidas. Apesar disso, o vazamento de som não deve incomodar ninguém que estiver do seu lado, a não ser que você esteja com o volume no máximo.
O som do WH-XB900N é muito diferente do WH-1000XM3. O modelo mais premium tinha graves com bastante extensão, com um pequeno ganho, sem exagerar nos impactos; e os médios eram claros, dando uma sensação de som mais arejado, com boa separação instrumental, sem o excesso de detalhamento que faz os ouvidos cansarem.
Já o WH-XB900N tem… graves. Muitos. Mesmo. A Sony deu bastante ênfase para as baixas frequências, o que faz quase qualquer música chacoalhar a cabeça. São graves de boa qualidade, com extensão, corpo e um ganho bastante perceptível que estende até o começo dos médios. Só que eles aparecem em tanta quantidade que, para mim, se tornam distrações. Prestando bastante atenção nos médios, gostei do detalhamento dos instrumentos, mas em condições normais só consigo ouvir graves.
Não é novidade que eu prefiro um som mais aberto, com médios um pouco mais claros e um incremento pequeno nos graves, e o WH-XB900N vai exatamente no caminho inverso. Mas eu entendo quem prefere esse tipo de sonoridade que, inclusive, funciona muito bem com alguns estilos de músicas, particularmente funk, hip hop e eletrônica.
A latência é boa no modo de prioridade de qualidade de som, que usa o codec aptX. Poderia ser melhor, mas o atraso entre movimento de boca e voz é quase imperceptível ao assistir a um vídeo. É uma latência que considero suficiente até para jogar — aliás, os graves reforçados ajudam a dar mais emoção nos tiros e bombas.
O cancelamento ativo de ruído do WH-XB900N me desapontou um pouco. Ele não é ruim, mas quem esperava algo pelo menos próximo do WH-1000XM3 vai se frustrar. Os barulhos de motores aparecem muito mais do que eu gostaria. Não é um headphone em que basta ativar o cancelamento de ruído, deixar a música bem baixinha e pegar no sono no avião.
No dia a dia, dentro do metrô ou no banco de trás do carro, o WH-XB900N consegue eliminar boa parte dos ruídos e torna a viagem mais agradável. Mas, pela minha experiência, ele é significativamente inferior ao Sony WH-1000XM3, o Sony WF-1000XM3, o Bose QuietComfort 35 II e o Beats Studio 3. Todos eles, vale ressaltar, são mais caros que o WH-XB900N.
Já a bateria aguenta bem. Desta vez, eu não fiz voos muito longos e não consegui zerar totalmente a carga. Depois de duas semanas com o WH-XB900N, ouvindo músicas esporadicamente em volume médio, eu ainda tinha 40% de bateria. Os números oficiais da Sony indicam até 30 horas de autonomia com cancelamento de ruído ou até 35 horas sem cancelamento de ruído — e ele realmente deve chegar perto disso.
Depende, mas a resposta é provavelmente “não” para boa parte das pessoas. O WH-XB900N é 500 reais mais barato que o topo de linha WH-1000XM3, mas ainda é um headphone de R$ 1.299, muito acima do que o brasileiro médio pode pagar. Nos Estados Unidos, o preço de US$ 250 já arranha o segmento premium: os headphones sofisticados com cancelamento de ruído costumam ser vendidos por US$ 350 ou 400, mas com frequência aparecem por menos de US$ 300 em promoções.
Quem trocar o WH-1000XM3 pelo WH-XB900N, ou seja, o “muito caro” pelo “menos caro”, perde o melhor cancelamento de ruído do mercado, perde uma case rígida de transporte e troca o estilo de áudio por um com mais ênfase em graves. A questão é que o próprio WH-1000XM3 já é um headphone com excelentes graves, de modo que dificilmente alguém sentiria falta dos baixos.
O WH-XB900N é um headphone divertido, com cancelamento de ruído mediano e que deve fazer você balançar a cabeça por aí. Mas a maioria das pessoas que pode pagar por um bom fone de ouvido deve ficar bem mais satisfeita com o irmão mais famoso da Sony.