Xiaomi Mi A1: o chinês com Android quase puro

Smartphone intermediário da Xiaomi tem câmera dupla e roda Android One

Paulo Barba
Por
• Atualizado há 10 meses

O Mi A1 foi a chance de a Xiaomi finalmente entrar no mercado americano sem se complicar demais com patentes, já que ele vem de fábrica com o Android One. O smartphone é considerado um intermediário com excelente custo-benefício, somando com a experiência Google de um Android sempre atualizado.

Mas como é usá-lo no dia a dia? E o mais importante: como comprar, morando no Brasil? Você fica sabendo neste review.

Em vídeo

Design

O Mi A1 possui um corpo em alumínio e uma semelhança muito grande com o iPhone 7 Plus. Ele tem câmera dupla, leitor de impressões digitais na traseira, que inclusive funciona muito bem, bandeja de chip híbrida, entrada para fones de ouvido na parte inferior e USB-C.

É um aparelho relativamente fino e com uma pegada muito agradável, principalmente pelas bordas arredondadas. Você pode sentir o corpo do aparelho escorregadio, por isso recomendo o uso de uma case para diminuir os riscos de eventualmente ele ir ao chão. A sensação de robustez na construção é bem presente, o que impressiona pelo preço. Ele também conta com botões de navegação fora da tela e retroiluminados.

Xiaomi Mi A1

Na parte superior você encontra o sensor infravermelho; a Xiaomi é uma das poucas empresas que ainda embarca essa função em seus aparelhos. Com o Mi A1, você consegue controlar vários dispositivos, como TVs, decoders, aparelhos de Blu-ray, set-top boxes, etc.

Tela

A tela IPS LCD é de 5,5 polegadas e tem 403 ppi, uma boa densidade de pixels para um intermediário. Ela traz um contraste bem interessante para um LCD, ângulo de visão excelente e um nível de brilho aceitável. Em ambientes fechados a tela vai trabalhar muito bem, mas você terá uma certa dificuldade para visualizá-la em locais abertos com luz solar.

Eu achei a tela bem regulada. Pessoalmente, prefiro o LCD por apresentar cores mais naturais, mas sempre deixo claro que se você prefere um contraste bem mais evidente e cores saltando da tela, o Mi A1 não vai ser o ideal pra você.

O alto-falante é um quebra-galho. O volume não é um destaque, o som é levemente metálico, mas nem de longe parece sair de uma latinha de refrigerante. É mais um quebra-galho mesmo. Quer ouvir música com áudio de qualidade? Então escute com os fones de ouvido, mas não os do Mi A1, já que ele não vem com fones. A Xiaomi normalmente coloca apenas cabo e carregador na caixa. Pelo menos na caixa do Mi A1 você encontra uma película de brinde.

Xiaomi Mi A1

Câmera

Ele conta com duas câmeras de 12 MP, uma com abertura f/2,2 e distância focal de 26 mm e outra com abertura f/2,6 e distância focal de 50 mm, que seria a lente zoom. O software é bem simples, com um botão bem visível para o zoom de 2x, mas tem um detalhe: para fazer a troca entre as lentes e não apenas um zoom digital, você deve mudar para o modo manual.

O Mi A1 tem bons resultados em fotografia; eu diria até que é um dos melhores da categoria dele, embora a Xiaomi não tenha boa fama no assunto. Pegando o exemplo do Mi Mix, que foi lançado com câmeras muito abaixo da concorrência, com o Mi A1 o resultado é realmente safisfatório, com balanço de branco, cores e até um alcance dinâmico acima da média.

Perceba no exemplo abaixo uma foto em um ambiente contra a luz, em um canto de parede. Smartphones intermediários escolheriam entre ajustar a exposição no vaso ou no ambiente do lado de fora. Com o HDR do Mi A1 ativado, temos os dois ambientes bem equilibrados. Esse é o HDR que você deve procurar em um smartphone, não o que promete aumentar constraste e saturação.

HDR desligado
Xiaomi Mi A1
HDR ativado e exposição equilibrada dentro e fora
Xiaomi Mi A1
HDR ligado

Tudo vai muito bem com boa luz, mas, como sempre, eu devo lembrar que ele é um smartphone intermediário e você vai sentir isso principalmente em fotos com baixa iluminação, em que a qualidade cai um pouco, mas o nível de ruído continua baixo. O pós-processamento da Xiaomi não deixa a foto com textura aquarelada, o que é bem presente em fotos noturnas de smartphones dessa categoria.

Xiaomi Mi A1
Foto em baixa luz
Xiaomi Mi A1

Estudando um pouco mais a câmera, é possível tirar resultados ainda melhores, dependendo da intenção da foto.

Xiaomi Mi A1
Antes
Depois: exposição ajustada na hora de fotografar

Uma característica dessa dupla câmera é o modo retrato, que usa a lente zoom como principal, combinando a grande angular para desfocar o fundo. Como a lente zoom é ainda mais escura, menos luz passa por ela, por isso, não recomendo usá-la em ambientes fechados. Durante o dia, o resultado é bem satisfatório e funciona até mesmo com objetos.

Xiaomi Mi A1
Modo retrato com a câmera traseira
Xiaomi Mi A1
Modo retrato aplicado na placa

A câmera frontal é outra característica que entrega o fato do Mi A1 ser um intermediario. Ela tem 5 MP e apresenta problemas de exposição, contraste exagerado e nitidez baixa. Eu recomendo que você desative o embelezamento, que nos smartphones da Xiaomi é bem agressivo. Resumindo, se o seu foco é selfie, o Mi A1 não é para você.

Xiaomi Mi A1
Câmera frontal

Software e desempenho

O sistema é o Android One, que promete ser uma experiência “pura” de Android, mas não é bem assim. Principalmente porque a câmera é igual a qualquer outro Xiaomi. Ela inclusive destoa totalmente do resto da interface: a câmera é MIUI, enquanto todo o sistema é Material Design.

Você encontra também os Serviços MI, que enviam relatórios direto para a Xiaomi, caso opte por isso. Além disso, há o Mi Remote que usa o infravermelho para controlar dispositivos e uma opção para ajustar o áudio dos fones de ouvido. São pequenas modificações que não atrapalham a experiência do Android One, mas que eliminam o teor de “puro”.

Xiaomi Mi A1

Com Snapdragon 625, 3 ou 4 GB de RAM e 32 ou 64 GB de armazenamento, o Mi A1 roda liso, tão liso quanto um topo de linha. Você só vai sentir que ele é um intermediário quando exigir mesmo do celular.

Em jogos mais pesados e alguns títulos mais atuais há algumas quedas de frame, mas o Mi A1 funciona sem problemas para qualquer tarefa cotidiana, como planilhas, PDFs, e-mails e consumo de conteúdo. Além disso, você tem a garantia das atualizações constantes de segurança, que é uma das missões do Android One. Junto a isso, os serviços Google estão muito bem integrados.

Bateria

Seja o Android do próprio Google Pixel ou o Android One, nenhum possui um gerenciamento de bateria de destaque. Se você fizer uma comparação com interfaces modificadas, como Samsung Experience, Asus ZenUI ou até mesmo a MIUI da Xiaomi, todas fazem um trabalho muito melhor com consumo de energia.

A bateira de 3.080 mAh do Mi A1 não é suficiente para você passar o dia sem se preocupar em carregar o smartphone. Consumindo conteúdo ou jogando, eu consegui 5 horas de tela. Seria um bom resultado alguns anos atrás, mas hoje outros smartphones com Snapdragon 625 conseguem de 6 a 8 horas de tela.

O resultado pode ser suficiente para quem deixa o celular muito tempo parado ou tem uso leve. Com uso mais intenso, ele vai precisar de uma carga a mais até o final do dia.

Xiaomi Mi A1

Conclusão

Afinal, o Mi A1 vale a pena? Eu passei algumas semanas com ele e digo que sim, com certeza vale. Principalmente pelo que ele entrega em câmera e experiência de Android. Mesmo assim, você precisa ficar atento a alguns detalhes que eu deixei para comentar no final deste review.

A Xiaomi não tem representação no Brasil e o Mi A1 não é vendido de forma oficial aqui, é preciso importá-lo. Você pode encontrá-lo por menos de R$ 700 na versão com 4 GB de RAM e 32 GB de armazenamento:

Mais uma observação: ele é taxado quando chega ao Brasil. A taxa que eu e muitos normalmente pagamos é de aproximadamente R$ 210, mas a Receita Federal pode aplicar um valor maior, até 60% do preço do produto. Você deve sempre esperar que um produto importado como esse seja tributado.

Além disso, ele não vai ter garantia no Brasil, então você vai ter que assumir os custos de qualquer dano ou conserto.

E, por último: o prazo de entrega é muito maior do qualquer loja no Brasil. Você depende do produto chegar aqui via importação e também depende do prazo dos Correios, que varia entre 1 a 3 meses, dependendo da sua cidade.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.080 mAh;
  • Câmera: 12 MP (f/2,2, 26 mm) + 12 MP (f/2,6, 50 mm); frontal de 5 MP;
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac, GPS, Glonass, Bluetooth 4.2, USB 2.0 USB-C, infravermelho;
  • Dimensões: 155,4×75,8×7,3 mm;
  • GPU: Adreno 506;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 32 GB ou 64 GB;
  • Memória RAM: 3 GB ou 4 GB;
  • Peso: 165 gramas;
  • Plataforma: Android 8.0 Oreo;
  • Processador: octa-core Snapdragon 625 de 2,0 GHz (Cortex-A53);
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, impressões digitais;
  • Tela: IPS LCD de 5,5 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels (403 ppi) e Gorilla Glass 3.

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Paulo Barba

Paulo Barba

Ex-editor audiovisual

Paulo Barba é fotografo, designer, editor e publicitário formado pela Estácio. Sua carreira foi toda voltada para a criação de conteúdo digital, desde a construção de sites até produção de vídeos e de peças publicitárias. Barba fez parte da equipe do Tecnoblog entre 2017 e 2021, atuando como editor audiovisual, produtor de podcast e analista de produtos.

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