Review Zenfone Go: um substituto com pequenos refinamentos

Custando R$ 799, substituto do Zenfone 5 com 16 GB de espaço é mais uma opção entre os intermediários

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses
zenfone-go-3

Um ano depois, a Asus lança o substituto do Zenfone 5, um smartphone que fez bastante sucesso no Brasil por ser a primeira alternativa realmente interessante para o Moto G, que competia sozinho entre os intermediários. Batizado de Zenfone Go, o novo aparelho tem preço sugerido de R$ 799 e se parece bastante com o antecessor.

Com os mesmos 2 GB de RAM e tela IPS de 5 polegadas, mas agora trazendo processador quad-core da MediaTek, bateria que promete durar mais e opção única com 16 GB de armazenamento, vale a pena comprar um Zenfone Go? O custo-benefício é atraente no segmento? É uma opção de upgrade para quem já possui um Zenfone 5?

Depois de uma semana usando o lançamento da Asus, conto minhas impressões nos próximos parágrafos deste breve review.

Design e tela

zenfone-go-7

O Zenfone Go praticamente não mudou de rosto em relação ao Zenfone 5. Na parte frontal, ele continua com os três botões capacitivos (voltar, início e multitarefa) e as linhas concêntricas na base, que refletem a luz de maneira elegante. A traseira possui a mesma curvatura suave do antecessor, que ajuda a melhorar a pegada. O acabamento da tampa passa uma sensação emborrachada ao toque, o que torna o dispositivo menos escorregadio, mas também um ímã de impressões digitais.

zenfone-go-1
zenfone-go-5

A Asus diz que diminuiu a moldura em volta da tela, uma das críticas em relação ao design do Zenfone 5. Na prática, ela continua grandinha, mas não chega a incomodar do ponto de vista da ergonomia. É possível alcançar sem dificuldade os cantos da tela de 5 polegadas, com painel IPS de 1280×720 pixels, que é tão boa quanto a do antecessor, com cores vibrantes, contraste decente e brilho forte o suficiente para você enxergá-la mesmo sob a luz do sol.

Ao remover a tampa traseira, temos acesso a uma bateria removível de 2.070 mAh (que não é mais selada como no Zenfone 5), entrada para cartão microSD de até 64 GB e dois slots para chips no padrão Micro-SIM. Não foi dessa vez que o smartphone mais acessível da Asus ganhou conectividade 4G, o que é uma pena; os principais concorrentes, Redmi 2 Pro, Quantum Go e Moto G, já oferecem o recurso. Todas as quatro grandes operadoras do país dão acesso à rede 4G mesmo nos planos pré-pagos.

zenfone-go-4

Não é um design com acabamento acima da média da categoria ou com materiais que chamem a atenção, como o vidro traseiro do Quantum Go, mas é um design funcional, que não passa a sensação de baixo custo; tudo parece muito bem encaixado. Tudo isso com o bônus do botão liga/desliga estar num local confortável, na lateral do aparelho, não na parte superior, como a empresa estranhamente resolveu fazer no Zenfone 2.

Software

zenfone-go-software

O software do Zenfone Go é basicamente o mesmo que acompanha outros smartphones da Asus lançados em 2015, como Zenfone 2 e Zenfone Selfie. Ou seja, até existem algumas funcionalidades interessantes aqui e ali, mas também uma forte sensação de poluição e bagunça, somado a aplicativos como o limpador Clean Master (que regularmente pergunta se você não quer otimizar a RAM; saiba por que isso beira a inutilidade) e um antivírus da Trend Micro. Eles não podem ser desinstalados.

zenfone-go-cleanmaster

É curioso como a Asus seguiu o caminho oposto ao do mercado. Desde que a Motorola adotou o conceito de Android “puro”, sem modificações desnecessárias, empresas como Samsung e Sony colocaram o pé no freio nas personalizações e passaram a oferecer uma experiência mais fluida e agradável. Na Asus, o que notei foi o oposto: o software do Zenfone Go está mais bagunçado que o do Zenfone 5.

Além disso, certas funções parecem não funcionar direito. O duplo-toque na tela para ativá-la sem precisar pressionar o botão liga/desliga, por exemplo, fez o Zenfone Go ligar sozinho no meu bolso algumas vezes. Em uma das ocasiões, ele resolveu telefonar para um colega por conta própria, o que é bem estranho — no Zenfone 2, que possui o mesmo recurso, os problemas não ocorreram.

Os taiwaneses também investiram em redes sociais próprias. O Omlet Chat é um mensageiro gourmet, nas palavras da Asus, que permite compartilhar textos, fotos, vídeos e mensagens de voz. O ZenCircle, por sua vez, é um aplicativo de compartilhamento de fotos com suporte a filtros. São ideias que me lembram o ChatOn da Samsung: não fazem sentido num mercado onde WhatsApp e Instagram estão mais do que consolidados.

Os aplicativos bons da Asus, como o Gerenciador de Arquivos, que integra suas contas do Dropbox, Google Drive e OneDrive no mesmo local e permite copiar arquivos entre eles; e o Asus Backup, que lembra o Titanium Backup e faz cópias dos dados de aplicativos a sua escolha, são ofuscados pelo desleixo no resto do software. A sensação é a semelhante a usar a TouchWiz de dois anos atrás, só que um pouco pior.

Câmera

zenfone-go-9

Quando a Asus lançou o Zenfone 5, causou uma boa impressão pela câmera de 8 megapixels com lente de abertura f/2,0. Tecnicamente, a câmera não era impressionante, mas agradava a maioria das pessoas porque a empresa havia feito um bom trabalho no pós-processamento. O Zenfone Go segue a mesma ideia, tem os mesmos números e tira fotos com qualidade semelhante.

As qualidades e defeitos da câmera continuam as mesmas. Ou seja, os olhos mais detalhistas vão perceber o forte uso de sharpening para tentar melhorar a nitidez do quadro; as cores mais saturadas e vibrantes (em alguns casos, até exageradas); o branco estourado em fontes de luz (ocasionalmente gerando algum flare); e notáveis aberrações cromáticas. Eis alguns exemplos.

Estouro de branco e aberração cromática no centro e na lateral esquerda:

P_20151011_163253

Flare em ambientes noturnos (sim, a lente estava limpa):

P_20151009_200643

Excesso de sharpening e um pouco de ruído em áreas de sombra:

P_20151004_165440
P_20151004_165408

Mas, no final das contas, as fotos são decentes para um aparelho básico e deverão agradar o usuário médio que busca um smartphone nessa faixa de preço. Em boas condições de iluminação, como as que você pode ver abaixo, as imagens saem atraentes, com nitidez boa, pouco ruído e cores que brilham nos olhos. Por R$ 799, não há câmeras muito melhores que as do Zenfone Go.

P_20151012_112000
P_20151012_123623
P_20151012_123823
P_20151012_132604

Hardware e bateria

Em um ano, o cenário econômico mudou bastante, e os preços dos smartphones também. O Zenfone 5 chegou ao país por R$ 699 no modelo com processador dual-core Intel Atom de 1,6 GHz e 16 GB de armazenamento (o valor praticado hoje é 200 reais mais caro). O Zenfone Go custa R$ 799, trocando o processador para um quad-core MediaTek MT6580 de 1,3 GHz.

Mesmo com preço de lançamento mais alto, o Zenfone Go traz hardware inferior. O Atom Z2560 rendia mais que o atual MediaTek, um processador de baixo custo baseado nos antigos núcleos Cortex-A7, os mesmos que equipam o veterano Snapdragon 400. O desempenho da CPU é ok, embora seja inferior ao MediaTek MT6753 ou Snapdragon 410, com núcleos Cortex-A53 de 64 bits. Na prática, a diferença não é perceptível.

zenfone-go-12

O que afeta negativamente o MediaTek MT6580 é a GPU, uma Mali–400MP. Ela é notavelmente pior que a Adreno 306 do Snapdragon 410 ou a PowerVR SGX544 do Atom Z2560. Real Racing 3 roda com alguns serrilhados, embora com taxa de frames constante; e Dead Trigger 2 vai bem, desde que você não eleve a qualidade dos gráficos. Não é uma GPU terrível, mas é uma GPU com projeto antigo, que equipava o Galaxy S II, lançado em 2011.

Eu não iria de Zenfone Go se gostasse de jogar; o Quantum Go é uma opção mais interessante, por trazer um conjunto de CPU e GPU mais potente. Se esse não for o caso, não há o que reclamar da performance do smartphone no dia a dia. Os aplicativos não demoram para abrir e o desempenho multitarefa é bom, sem engasgos, graças aos 2 GB de RAM — hoje, essa é a quantidade a mínima necessária para se obter uma boa experiência de uso no Android.

Eis alguns resultados de benchmarks para os interessados em números:

A boa notícia é que a troca do processador influenciou no principal ponto negativo do Zenfone 5: a bateria. A Asus manteve a capacidade de 2.070 mAh, mas o chip da MediaTek é visivelmente mais eficiente que o Atom; não preciso nem fazer testes complexos para notar a mudança. Durante a semana de uso, não tive problema em chegar até o final do dia com carga, o que é muito mais complicado de se conseguir no antecessor.

No meu dia de testes com uso pesado de dados, tirei o Zenfone Go da tomada às 8h40, ouvi músicas no Spotify por streaming no 3G durante 2 horas e naveguei na internet, entre emails, redes sociais e páginas da web, também no 3G, por aproximadamente 1h45min. A tela ficou ligada por 2h04min, com brilho no automático. Às 21h20, a carga chegou aos 21%. A duração fica entre o Quantum Go e o Moto G de 3ª geração.

Conclusão

zenfone-go-10

O Zenfone Go é um aparelho que substitui o Zenfone 5. O que não significa que ele seja melhor que o antecessor. A bateria melhorou, o processador piorou e o restante dos componentes, como câmera e tela, continuam basicamente no mesmo nível. Portanto, você já sabe a resposta para uma das perguntas da introdução do review: não, não vale a pena trocar um Zenfone 5 por um Zenfone Go. Você gastará dinheiro para continuar no mesmo lugar.

E para quem procura um smartphone bom, sem gastar muito? Vamos analisar as alternativas mais conhecidas. Nessa faixa de preço, além do Zenfone Go, temos o Redmi 2 Pro (R$ 729) e Quantum Go (entre R$ 699 e R$ 899). No segmento imediatamente acima, aparece o Moto G de 3ª geração (entre R$ 899 e R$ 1.029). Entre os quatro, o aparelho da Motorola traz a melhor câmera e o software mais fluido, mas dói mais no bolso, e os 2 GB de RAM estão disponíveis apenas no modelo mais caro.

O Redmi 2 Pro, com 2 GB de RAM e 16 GB de armazenamento, é uma opção mais equilibrada, com câmera boa, hardware atualizado e software bem acabado, mas possui tela menor, de 4,7 polegadas. Minha escolha atual seria o Quantum Go: embora não tenha uma câmera tão boa ou tela impressionante, ele possui acabamento acima da média, processador poderoso, conexão 4G (a partir do modelo de R$ 799) e alguns mimos, como a TV digital e a possibilidade de gastar apenas 100 reais a mais para obter o modelo com 32 GB de armazenamento.

É perceptível que a economia instável afetou os aparelhos lançados nos últimos meses, bem menos interessantes se comparados com os que vieram em 2014. E os smartphones intermediários são os que mais sofrem, porque nesse segmento cada centavo conta para tornar o custo-benefício atraente ou frustrante. O caso do Zenfone Go, para o que se espera de uma empresa que já lançou pacotes interessantíssimos, como Zenfone 5 e Zenfone 2, entra na segunda categoria. Não é um smartphone ruim, mas não há muitos motivos para comprá-lo.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.070 mAh.
  • Câmera: 8 megapixels (traseira) e 2 megapixels (frontal).
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.0, USB 2.0.
  • Dimensões: 144,5 x 71 x 10 mm.
  • GPU: Mali-400MP.
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 64 GB.
  • Memória interna: 16 GB.
  • Memória RAM: 2 GB.
  • Peso: 135 gramas.
  • Plataforma: Android 5.1 (Lollipop).
  • Processador: quad-core MediaTek MT6580 de 1,3 GHz.
  • Sensores: acelerômetro, bússola, proximidade.
  • Tela: IPS LCD de 5,0 polegadas com resolução de 1280×720 pixels e proteção Gorilla Glass 3.

Review Zenfone Go

Prós

  • Duração de bateria satisfatória
  • Tela de 5 polegadas com boa qualidade de imagem

Contras

  • Nada de 4G em pleno ano de 2015
  • Processador da MediaTek tem desempenho inferior
  • Software da Asus está cada vez mais poluído
Nota Final 7.4
Bateria
8
Câmera
7
Conectividade
7
Desempenho
7
Design
8
Software
6
Tela
9

Receba mais sobre Asus na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Canal Exclusivo

Relacionados