Review LG K10: a novidade não convence
Em vídeo: smartphone entrega tela grande e câmera boa para selfies, mas o resto decepciona
Em vídeo: smartphone entrega tela grande e câmera boa para selfies, mas o resto decepciona
Em tempos de corte de benefícios fiscais e dólar alto, o segmento intermediário de smartphones foi o mais prejudicado: aparelhos que eram vendidos por 700 ou 800 reais passaram aos quatro dígitos. O que fazer para entregar um celular atraente sem que ele fique muito caro? A LG tentou fazer isso com o K10.
O K10 faz parte da linha K, que engloba outros smartphones de baixo e médio custo dos sul-coreanos. Melhor aparelho da família, ele possui tela de 5,3 polegadas, conexão 4G, câmeras com bons números e software atualizado, com Android 6.0 Marshmallow. Vale a pena? Eu conto minhas impressões nos próximos minutos.
O smartphone intermediário da LG está disponível em duas versões, que se diferenciam pela TV digital. Elas foram lançadas com preço sugerido de R$ 1.149 (sem TV) e R$ 1.199 (com TV). Os aparelhos da LG são conhecidos pela rápida desvalorização no varejo e, atualmente, o modelo com TV pode ser encontrado em promoções na faixa dos 800 a 900 reais.
Com esse preço, o K10 concorre com aparelhos como Quantum Go, Redmi 2 Pro e Moto G de 3ª geração.
O K10 segue o design característico da LG, com botões apenas na traseira, que possui tampa removível, fornecendo acesso aos dois slots para chips Nano-SIM e uma entrada para cartão de memória. O acabamento com plástico texturizado está apenas dentro da média, mas a tela levemente curvada nas laterais, uma característica incomum na faixa de preço, passa ótima sensação e facilita os gestos a partir dos cantos do display.
A LG, que sempre colocava telas impressionantes nos topos de linha, mas decepcionava em segmentos inferiores, caprichou no K10: o painel IPS LCD de 5,3 polegadas com resolução de 1280×720 pixels é um dos melhores que já vi na categoria. O brilho não é tão alto, mas é suficiente para permitir a visualização da tela em qualquer condição de iluminação, os pretos são profundos e as cores agradam, sem exagerar na saturação.
Com Android 6.0 Marshmallow, a interface da LG não mudou tanto: ela ainda traz os mesmos ícones quadradões, as várias opções de personalização e o menu de aplicativos, ao contrário do que a empresa fez no recém-anunciado G5. As novidades ficam por conta do próprio Android, como o novo sistema de permissões, em que você libera acesso a recursos como câmera, contatos e localização apenas quando executa o aplicativo, não durante a instalação pelo Google Play.
É interessante perceber que a LG não apenas colocou rádio FM, como também incluiu suporte a TV digital no modelo mais caro. A captura dos canais depende do fone de ouvido, que opera como antena, e o software é bem desenvolvido, dando acesso a funções básicas, como a programação eletrônica dos canais, a gravação da transmissão e as legendas ocultas.
Por possuir tela acima da média da categoria, o K10 pode ser uma opção interessante para consumir vídeos, desde que você não seja tão exigente com o som: os alto-falantes até respondem com volume bom, mas sem muita qualidade.
Junto com o processador e a tela, as câmeras do K10 são uma das três características que a LG tenta destacar em seu aparelho frente à concorrência — mas não consegue, pelo menos não totalmente. O sensor de 13 megapixels até captura imagens satisfatórias em condições perfeitas de iluminação, mas decepciona em qualquer situação diferente da ideal, com nível de ruído acima da média e definição prejudicada.
Um dos problemas da câmera traseira do K10 é o baixo alcance dinâmico. A luz frequentemente estoura no quadro e as áreas de sombra ficam escuras demais, com bastante ruído visível. Nas fotos noturnas, o software tenta remover os artefatos, mas acaba com a definição da imagem, gerando o indesejável “efeito aquarela”.
Já a câmera frontal pode ser uma boa opção para selfies. A resolução de 8 megapixels, mais alta que a dos concorrentes, de fato resulta em fotos superiores. Embora não seja tão boa quanto a do G4, que traz a mesma resolução, os rostos aparecem com excelente definição e cores que agradam, mesmo quando a luz não está ao nosso favor.
Embora a LG destaque o fator “octa-core” em suas peças de marketing, o desempenho do K10 é apenas medíocre. O processador MediaTek MT6753, em conjunto com a GPU Mali-T720, é esperto, mas a performance acaba sendo limitada pela RAM de apenas 1 GB. É perceptível como o K10 sofre para alternar entre aplicativos durante sessões mais intensas, especialmente após sair dos jogos.
Mesmo durante ações mais corriqueiras, como navegação na web, o K10 começa a matar aplicativos em segundo plano e recarregar o launcher. Em vários momentos fui obrigado a esperar até que a tela inicial recarregasse para continuar usando o aparelho, o que frustra bastante a utilização e não deveria acontecer num smartphone intermediário lançado em 2016.
A bateria de 2.300 mAh, por sua vez, está dentro do que se espera na faixa de preço e deverá ser suficiente para a maioria dos usuários. Com 2h de streaming de música e 1h30min de navegação, ambos pelo 4G e com brilho no automático, consegui terminar o dia, das 9h às 23h, sempre com carga entre 30% e 50%.
O K10 é o único aparelho minimamente interessante da estranha linha K, que ainda traz integrantes com telas de 854×480 pixels e 8 GB de armazenamento. Mesmo sendo o melhor smartphone da família, ele não convence. A LG até conseguiu fazer um bom trabalho na tela e na câmera frontal, mas o resto do aparelho é apenas medíocre ou ruim — especialmente o desempenho, que decepciona em relação a concorrentes como o Quantum Go.
É difícil entender por que o K10 ainda traz 1 GB de RAM em pleno ano de 2016, especialmente considerando que as versões comercializadas em outras partes do mundo possuem 1,5 GB ou até 2 GB de RAM, uma capacidade que considero o mínimo para se obter desempenho realmente bom no Android. Para mim, essa quantidade de RAM é aceitável em aparelhos de entrada, mas não no segmento intermediário, em que os usuários já são mais exigentes.
No preço de lançamento de R$ 1.149 e R$ 1.199, o K10 é uma compra totalmente injustificável. Mas o aparelho vem baixando de preço a cada semana — e, na faixa dos 800 reais, pode ser uma opção a se considerar. A tela grande de boa qualidade e a câmera para selfies acima da média podem ser bons atrativos se você não for um usuário avançado que utiliza vários aplicativos ao mesmo tempo.
Este é um dos muitos experimentos que faremos ao longo dos próximos meses nas análises de produtos, testando novos formatos de texto e vídeo. Sinta-se livre para compartilhar suas impressões não apenas sobre o smartphone, mas também sobre a estrutura do review, na área de comentários.