LG K10: a novidade não convence

Em vídeo: smartphone entrega tela grande e câmera boa para selfies, mas o resto decepciona

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses
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Em tempos de corte de benefícios fiscais e dólar alto, o segmento intermediário de smartphones foi o mais prejudicado: aparelhos que eram vendidos por 700 ou 800 reais passaram aos quatro dígitos. O que fazer para entregar um celular atraente sem que ele fique muito caro? A LG tentou fazer isso com o K10.

O K10 faz parte da linha K, que engloba outros smartphones de baixo e médio custo dos sul-coreanos. Melhor aparelho da família, ele possui tela de 5,3 polegadas, conexão 4G, câmeras com bons números e software atualizado, com Android 6.0 Marshmallow. Vale a pena? Eu conto minhas impressões nos próximos minutos.

Review em vídeo

Momento atual

O smartphone intermediário da LG está disponível em duas versões, que se diferenciam pela TV digital. Elas foram lançadas com preço sugerido de R$ 1.149 (sem TV) e R$ 1.199 (com TV). Os aparelhos da LG são conhecidos pela rápida desvalorização no varejo e, atualmente, o modelo com TV pode ser encontrado em promoções na faixa dos 800 a 900 reais.

Com esse preço, o K10 concorre com aparelhos como Quantum Go, Redmi 2 Pro e Moto G de 3ª geração.

Design e tela

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O K10 segue o design característico da LG, com botões apenas na traseira, que possui tampa removível, fornecendo acesso aos dois slots para chips Nano-SIM e uma entrada para cartão de memória. O acabamento com plástico texturizado está apenas dentro da média, mas a tela levemente curvada nas laterais, uma característica incomum na faixa de preço, passa ótima sensação e facilita os gestos a partir dos cantos do display.

A LG, que sempre colocava telas impressionantes nos topos de linha, mas decepcionava em segmentos inferiores, caprichou no K10: o painel IPS LCD de 5,3 polegadas com resolução de 1280×720 pixels é um dos melhores que já vi na categoria. O brilho não é tão alto, mas é suficiente para permitir a visualização da tela em qualquer condição de iluminação, os pretos são profundos e as cores agradam, sem exagerar na saturação.

Software e multimídia

Com Android 6.0 Marshmallow, a interface da LG não mudou tanto: ela ainda traz os mesmos ícones quadradões, as várias opções de personalização e o menu de aplicativos, ao contrário do que a empresa fez no recém-anunciado G5. As novidades ficam por conta do próprio Android, como o novo sistema de permissões, em que você libera acesso a recursos como câmera, contatos e localização apenas quando executa o aplicativo, não durante a instalação pelo Google Play.

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É interessante perceber que a LG não apenas colocou rádio FM, como também incluiu suporte a TV digital no modelo mais caro. A captura dos canais depende do fone de ouvido, que opera como antena, e o software é bem desenvolvido, dando acesso a funções básicas, como a programação eletrônica dos canais, a gravação da transmissão e as legendas ocultas.

Por possuir tela acima da média da categoria, o K10 pode ser uma opção interessante para consumir vídeos, desde que você não seja tão exigente com o som: os alto-falantes até respondem com volume bom, mas sem muita qualidade.

Câmera

Junto com o processador e a tela, as câmeras do K10 são uma das três características que a LG tenta destacar em seu aparelho frente à concorrência — mas não consegue, pelo menos não totalmente. O sensor de 13 megapixels até captura imagens satisfatórias em condições perfeitas de iluminação, mas decepciona em qualquer situação diferente da ideal, com nível de ruído acima da média e definição prejudicada.

Um dos problemas da câmera traseira do K10 é o baixo alcance dinâmico. A luz frequentemente estoura no quadro e as áreas de sombra ficam escuras demais, com bastante ruído visível. Nas fotos noturnas, o software tenta remover os artefatos, mas acaba com a definição da imagem, gerando o indesejável “efeito aquarela”.

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Já a câmera frontal pode ser uma boa opção para selfies. A resolução de 8 megapixels, mais alta que a dos concorrentes, de fato resulta em fotos superiores. Embora não seja tão boa quanto a do G4, que traz a mesma resolução, os rostos aparecem com excelente definição e cores que agradam, mesmo quando a luz não está ao nosso favor.

Hardware e bateria

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Embora a LG destaque o fator “octa-core” em suas peças de marketing, o desempenho do K10 é apenas medíocre. O processador MediaTek MT6753, em conjunto com a GPU Mali-T720, é esperto, mas a performance acaba sendo limitada pela RAM de apenas 1 GB. É perceptível como o K10 sofre para alternar entre aplicativos durante sessões mais intensas, especialmente após sair dos jogos.

Mesmo durante ações mais corriqueiras, como navegação na web, o K10 começa a matar aplicativos em segundo plano e recarregar o launcher. Em vários momentos fui obrigado a esperar até que a tela inicial recarregasse para continuar usando o aparelho, o que frustra bastante a utilização e não deveria acontecer num smartphone intermediário lançado em 2016.

A bateria de 2.300 mAh, por sua vez, está dentro do que se espera na faixa de preço e deverá ser suficiente para a maioria dos usuários. Com 2h de streaming de música e 1h30min de navegação, ambos pelo 4G e com brilho no automático, consegui terminar o dia, das 9h às 23h, sempre com carga entre 30% e 50%.

Conclusão

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O K10 é o único aparelho minimamente interessante da estranha linha K, que ainda traz integrantes com telas de 854×480 pixels e 8 GB de armazenamento. Mesmo sendo o melhor smartphone da família, ele não convence. A LG até conseguiu fazer um bom trabalho na tela e na câmera frontal, mas o resto do aparelho é apenas medíocre ou ruim — especialmente o desempenho, que decepciona em relação a concorrentes como o Quantum Go.

É difícil entender por que o K10 ainda traz 1 GB de RAM em pleno ano de 2016, especialmente considerando que as versões comercializadas em outras partes do mundo possuem 1,5 GB ou até 2 GB de RAM, uma capacidade que considero o mínimo para se obter desempenho realmente bom no Android. Para mim, essa quantidade de RAM é aceitável em aparelhos de entrada, mas não no segmento intermediário, em que os usuários já são mais exigentes.

No preço de lançamento de R$ 1.149 e R$ 1.199, o K10 é uma compra totalmente injustificável. Mas o aparelho vem baixando de preço a cada semana — e, na faixa dos 800 reais, pode ser uma opção a se considerar. A tela grande de boa qualidade e a câmera para selfies acima da média podem ser bons atrativos se você não for um usuário avançado que utiliza vários aplicativos ao mesmo tempo.

Este é um dos muitos experimentos que faremos ao longo dos próximos meses nas análises de produtos, testando novos formatos de texto e vídeo. Sinta-se livre para compartilhar suas impressões não apenas sobre o smartphone, mas também sobre a estrutura do review, na área de comentários.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.300 mAh;
  • Câmera: 13 megapixels (traseira) e 8 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, rádio FM, TV digital;
  • Dimensões: 146 x 74,8 x 8,8 mm;
  • GPU: Mali-T720MP3;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB;
  • Memória interna: 16 GB;
  • Memória RAM: 1 GB;
  • Peso: 142 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0 (Marshmallow);
  • Processador: octa-core MediaTek MT6753 de 1,14 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola;
  • Tela: IPS LCD de 5,3 polegadas com resolução de 1280×720 pixels e proteção Gorilla Glass 3.

LG K10

Prós

  • Câmera para selfies entrega resolução acima da média
  • Tela grande com boa definição e contraste
  • Vidro curvo nas laterais agrada visualmente

Contras

  • Câmera traseira fica longe de impressionar
  • Desempenho limitado pela RAM de 1 GB
Nota Final 7.3
Bateria
8
Câmera
6
Conectividade
9
Desempenho
5
Design
7
Software
8
Tela
8

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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