Bitcoin será tratado como moeda oficial, promete presidente de El Salvador

Nayib Bukele, presidente de El Salvador, disse que enviará proposta de lei que torna bitcoin (BTC) moeda oficial do país

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 2 anos e 2 meses
Presidente de El Salvador, Nayib Bukele ​(Imagem: Presidencia El Salvador/ Flickr
Presidente de El Salvador quer tornar bitcoin moeda oficial do país (Imagem: Presidencia El Salvador/ Flickr)

El Salvador está caminhando para se tornar a primeira nação soberana do mundo a adotar o bitcoin (BTC) como moeda oficial, junto ao dólar americano, se um novo projeto de lei for aprovado no Congresso. O governo federal quer fechar uma parceria com a empresa de criptomoedas Strike para construir uma infraestrutura financeira digital para todo o país centro-americano.

O anúncio foi realizado durante a conferência Bitcoin 2021, que aconteceu neste final de semana em Miami e foi tido como o maior evento de criptomoedas da história. Em uma transmissão de vídeo, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou seus planos de digitalização da economia: “Na próxima semana, enviarei ao Congresso um projeto de lei que tornará o bitcoin uma moeda oficial”.

Jack Mallers, fundador da plataforma de pagamentos Lightning Network Strike, disse que a parceria causará um grande impacto em todo o universo de criptomoedas. “O que é transformador nessa proposta é que o bitcoin é o maior ativo de reserva já criado e sua rede monetária é superior. Manter a moeda digital por longos períodos é uma maneira de proteger as economias em desenvolvimento de potenciais choques da inflação de moedas fiduciárias”, continuou.

O executivo também afirmou que a mudança ajudaria a liberar o potencial que o bitcoin pode ter em seu uso cotidiano, como em transações pequenas, criando uma rede financeira aberta e transparente que beneficiaria os cidadãos salvadorenhos, empresas e serviços do setor público.

Bitcoin facilitaria transações internacionais em El Salvador

El Salvador é considerada uma economia na qual ainda predomina o uso do dinheiro físico nas transações diárias, onde cerca de 70% das pessoas não têm contas bancárias ou cartões de crédito. Além disso, aproximadamente 20% do PIB é formado por remessas que migrantes enviam de volta para o país.

Historicamente, esse importante montante transacionado internacionalmente pode ser taxado em até 10% pelos serviços bancários e demorar vários dias para chegar a El Salvador. Em alguns casos, o destinatário tem até mesmo que realizar fisicamente a coleta da remessa.

Nesse sentido, a oficialização do bitcoin seria extremamente benéfica para as movimentações internacionais, sendo uma criptomoeda descentralizada e que cobra uma taxa de cerca de US$ 5 por transação. Porém, há também os desafios que sua volatilidade de preço impõem para o seu uso diário. Somente neste ano, o ativo mais que dobrou de valor e atingiu o atual recorde de US$ 64 mil, mas é negociado hoje por US$ 35 mil.

Governo estuda sistema financeiro digital

O presidente Bukele não deu muitos detalhes sobre como o bitcoin será implementado na economia salvadorenha, mas se sabe que uma equipe de líderes do setor cripto foi criada no país para ajudar a construir um novo ecossistema financeiro com a moeda digital em sua base monetária.

O partido “Novas Ideias” do presidente tem atualmente o controle sobre a Assembleia Legislativa do país, então a aprovação do projeto de lei é muito provável. Adam Back, CEO da empresa  cripto Blockstream, disse à CNBC que planeja contribuir com tecnologias e infraestrutura de satélite para fazer de El Salvador um modelo financeiro para o mundo.

O país centro-americano já vinha dando diversos sinais de apoio ao bitcoin e às criptomoedas de maneira geral. Em março, a Strike lançou um aplicativo de pagamentos em El Salvador e ele rapidamente se tornou o número um de downloads na região.

Com informações: Washington Post, CNBC

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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