Mal tivemos tempo para assimilar a compra da EMC pela Dell e já temos que lidar com outra surpresa: nesta quarta-feira (21), a Western Digital anunciou a aquisição da SanDisk por US$ 19 bilhões. Não é pouca coisa: até então, o valor de mercado da SanDisk era estimado em US$ 14 bilhões. A disposição para desembolsar um valor maior indica que a fabricante de HDs já vê com muito mais interesse o mercado de SSDs e afins.

Se o objetivo é mesmo o de explorar o segmento de SSDs, cartões SD e outros produtos baseados em memória Flash, a escolha da SanDisk foi acertada. Segundo um relatório da TrendFocus, a companhia fechou o último trimestre de 2014 detendo 20,3% do mercado global de SSDs, perdendo só para a Samsung, que ficou com 33,3%.

Relatório TrendFocus

Não é que o segmento de HDs esteja sob forte ameaça. Discos rígidos ainda oferecem excelente relação custo-benefício no preço por gigabyte. Além disso, tanto a Western Digital quanto a rival Seagate estão conseguindo atender à crescente demanda por armazenamento com unidades que possuem 6, 8, 10 e, logo, mais terabytes de capacidade.

Em contrapartida, há cada vez mais procura por armazenamento em memória Flash. O custo por gigabyte dos SSDs ainda não é tão atraente na comparação com os HDs, mas tem diminuído. Por conta disso, o uso dessas unidades em laptops, servidores e mesmo desktops só aumenta — boot mais rápido, melhor desempenho e consumo reduzido de energia são apelos muito sedutores.

Diante desse cenário, a aquisição da SanDisk deve proteger a Western Digital do possível encolhimento do mercado de HDs. Não que a companhia já não tenha tido experiência com SSD. Mas adquirir uma empresa já consolidada nesse ramo é um caminho mais lógico: a Western Digital provavelmente levaria anos para chegar ao patamar da SanDisk e outros grandes nomes do setor, tanto em termos de tecnologia quanto de percepção de valor de marca.

SanDisk

Sob esse ponto de vista, a impressão que se tem é que a Western Digital está fazendo um excelente negócio. Talvez esteja fazendo mesmo, mas ela não é a única: acredite, a fusão também pode “salvar” a SanDisk de um futuro complicado — e de um presente também.

Apesar de ser uma das maiores referências do setor de memórias Flash e de apresentar boa participação do mercado, a SanDisk tem enfrentado problemas que afetam o seu desempenho, como atrasos na validação de produtos e, principalmente, vendas abaixo do esperado para o segmento corporativo. A tradição que a Western Digital tem em aplicações empresariais pode ajudar a SanDisk a lidar com essa situação, embora pouca coisa possa ser feita no curto prazo.

Há mais uma provável vantagem: a fusão tornará o grupo muito mais forte no licenciamento de tecnologias — juntas, ambas as companhias acumulam cerca de 15 mil patentes entre já registradas e pendentes.

O negócio já foi aprovado pelos conselhos administrativos das duas empresas. O pagamento será feito por meio de dinheiro e ações. Mas, como sempre, a aquisição só poderá ser concluída após autorização de órgãos reguladores de mercado. Isso só deve acontecer no segundo semestre de 2016.

Com informações: WSJ.com, Ars Technica

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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