Casa de câmbio de bitcoin suspende saques após roubo de US$ 90 milhões

Plataforma de negociação de ativos digitais japonesa, Liquid, sofre ataque de hackers e perde mais de US$ 90 milhões; exchange paralisa saques e depósitos

Bruno Ignacio
• Atualizado há 3 anos

A casa de câmbio japonesa de bitcoin (BTC) e outras criptomoedas Liquid revelou nesta última quarta-feira (18) que foi vítima de um ataque cibernético, no qual hackers levaram mais de US$ 90 milhões em criptomoedas de algumas carteiras digitais que foram comprometidas. A exchange emitiu um comunicado a seus clientes, dizendo que, enquanto as investigações estão em andamento, todos os saques e depósitos estão suspensos.

Bolsa de criptomoedas japonesa perde mais de US$ 90 milhões em ataque de hacker (Imagem: Mika Baumeister/Unsplash)
Bolsa de criptomoedas japonesa perde mais de US$ 90 milhões em ataque de hacker (Imagem: Mika Baumeister/Unsplash)

“No momento, estamos investigando e forneceremos atualizações regulares… Enquanto isso, os depósitos e retiradas serão suspensos”, afirmou a Liquid no Twitter. A bolsa de moedas digitais não definiu nenhum prazo para a normalização dos serviços.

Hackers levam mais de US$ 90 milhões

Segundo a Liquid, os fundos roubados foram transferidos para quatro carteiras digitais diferentes. Inicialmente, a exchange não pôde estimar as perdas decorrentes da invasão, mas uma análise posterior revelou que a casa de câmbio identificou a retirada não autorizada de US$ 91,35 milhões em criptoativos. “69 criptomoedas diferentes foram desviadas e enviadas para outras bolsas ou corretoras descentralizadas. Os ativos colocados no Liquid Earn não foram afetados”, disse a companhia.

Contudo, a Elliptic, uma empresa de análise de dados em blockchain, realizou sua própria apuração e mostrou que as perdas podem ter sido maiores. Segundo sua investigação, US$ 97 milhões foram roubados da plataforma de negociação de ativos digitais.

Do total, US$ 45 milhões em tokens foram convertidos em ether (ETH) por meio de exchanges descentralizadas, que são plataformas baseadas em blockchain que não requerem intermediários, como Uniswap e SushiSwap, conforme a Elliptic. “Isso permite que o hacker evite que esses ativos sejam congelados, como é possível com muitos tokens na Ethereum”, concluiu a empresa.

Balanço de criptomoedas roubadas da Liquid (Imagem: Reprodução/ Elliptic)
Balanço de criptomoedas roubadas da Liquid (Imagem: Reprodução/ Elliptic)

A Liquid está entre as 20 principais bolsas de criptomoedas do mundo em volume de negociação diário, processando mais de US$ 133 milhões em transações nas últimas 24 horas que esteve em operação, de acordo com dados do CoinMarketCap. A exchange conta com mais de 800 mil clientes em mais de 100 países.

A Liquid passou orientações a seus clientes sobre o que fazer neste momento:

  • Para garantir a segurança dos fundos, não tente depositar ativos digitais em suas carteiras até um novo aviso.
  • A Liquid interrompeu todas as retiradas e depósitos de criptomoedas enquanto avalia o impacto do ocorrido.
  • As retiradas e depósitos de dinheiro fiduciário ainda permanecem disponíveis.
  • Outros serviços da Liquid, incluindo negociação e o “Liquid Earn”, também permanecem disponíveis.

Segundo grande roubo de criptomoedas em agosto

Trata-se do segundo grande roubo de criptomoedas em agosto. Considerado o maior roubo de criptomoedas da história, A Poly Network, outra plataforma de negociação de ativos digitais e de finanças descentralizadas, perdeu mais de US$ 600 milhões após uma invasão do que pode ter sido um único hacker ou um grupo organizado.

Contudo, o caso ganhou ainda mais repercussão ao criminoso se identificar como um hacker “white hat”, ou um benfeitor, que localiza bugs e brechas e as expõe antes que outras “pessoas mal intencionadas” as encontrem. Ele concordou em devolver todo o montante roubado mediante a uma compensação oferecida pela própria Poly Network de US$ 500 mil.

Com informações: BleepingComputer

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.