Na semana passada, a ZTE interrompeu as suas operações globais por conta das severas sanções que recebeu recentemente dos Estados Unidos. Se exagerada ou não, a decisão conseguiu chamar atenção de ninguém menos que Donald Trump: via Twitter, o presidente dos Estados Unidos revelou que já está conversando com Xi Jinping, presidente da China, para encontrar uma solução para o impasse.
A ZTE é uma das maiores fabricantes de smartphones da China. Como tal, a companhia emprega cerca de 75 mil trabalhadores, a maioria em seu país de origem. Trump menciona justamente o risco de perda de postos de trabalho como o principal motivo para tentar uma solução.
Mas o que aconteceu? Em 2017, a ZTE vendeu equipamentos de rede, servidores e chips com tecnologias desenvolvidas nos Estados Unidos para Coreia do Norte e Irã. As leis norte-americanas proíbem operações desse tipo. Por conta disso, a ZTE teve que pagar uma multa de US$ 890 milhões.
Os executivos responsáveis também foram punidos, de acordo com a companhia. No entanto, o governo dos Estados Unidos afirma que, na verdade, eles não receberam nenhuma carta de repreensão ou tiveram seus bônus reduzidos, como esperado. Eis a consequência: empresas norte-americanas foram proibidas de fazer negócios com a ZTE.
É uma punição devastadora porque, entre outras limitações, a ZTE acabou sendo impedida de obter chips da Qualcomm para seus dispositivos móveis e não pode mais manter um acordo de licenciamento com o Google para acesso ao ecossistema do Android.
President Xi of China, and I, are working together to give massive Chinese phone company, ZTE, a way to get back into business, fast. Too many jobs in China lost. Commerce Department has been instructed to get it done!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 13 de maio de 2018
Além de conversas com o presidente chinês, Trump diz que orientou o Departamento de Comércio dos Estados Unidos — o mesmo órgão que aplicou as sanções — a resolver o problema. Não há detalhes sobre o que será feito, mas é possível que o acordo envolva provas sobre punição aos executivos responsáveis pelas vendas ou um comprometimento formal da ZTE sobre não violação de tratados comerciais.
Mesmo que um acordo saia daí, o clima de tensão entre Estados Unidos e companhias chinesas deve perdurar. Não faz muito tempo que agências de segurança norte-americanas pediram que os cidadãos do país não usem dispositivos da Huawei por temor de espionagem, só para dar um exemplo.
No âmbito político também há pressão. O congressista Adam Schiff respondeu ao tweet de Trump dizendo que o presidente deveria se preocupar mais com a segurança nacional do que com os empregos dos chineses.
Com informações: CNN.