Review Bose QuietComfort 35 II: conforto com cancelamento de ruído
Som de qualidade, cancelamento de ruído eficiente e muito conforto são destaques do Bose QuietComfort 35 II
Som de qualidade, cancelamento de ruído eficiente e muito conforto são destaques do Bose QuietComfort 35 II
No mercado de fones de ouvido com cancelamento de ruído, a Bose é a primeira marca que vem à cabeça de muita gente. Mesmo com o crescimento de outras fabricantes, como a Sony, quem viaja com frequência sempre se depara com a linha QuietComfort em aeroportos, lojas de eletrônicos e dentro do próprio avião. Em 2019, a Bose ampliou sua presença no Brasil e passou a vender seus produtos em lojas nacionais.
O headphone mais conhecido da marca é o QuietComfort 35 II. Ele foi lançado em 2017 no exterior por US$ 349 e tem preço sugerido de R$ 2.099 no Brasil, mas quase sempre custa menos em promoções do varejo. Por esse valor, a Bose promete 20 horas de bateria, equalização otimizada e um “cancelamento de ruído de primeira categoria”. Será que vale a pena comprar um?
Eu tenho um QuietComfort 35 II há mais de um ano e conto minhas impressões nos próximos minutos.
Em regra, eu não analiso produtos que eu mesmo comprei por um motivo simples: quem gastou o próprio dinheiro tende a fazer uma avaliação mais positiva, mesmo que inconscientemente, para justificar uma boa aquisição. A melhor opção seria que outra pessoa do Tecnoblog fosse encarregada deste review.
Por outro lado, o fato de eu ter este fone de ouvido há mais um ano me permite comentar com mais autoridade sobre o som. E, por estar muito acostumado com o Bose QuietComfort 35 II, ele invariavelmente acaba sendo minha referência nas análises dos outros headphones com cancelamento de ruído. O “bom” ou “ruim” é relativo, então talvez seja importante saber qual é a base que eu tenho para chegar a uma opinião.
O design do Bose QuietComfort 35 II é meio datado, até por ser baseado em um headphone de 2016. A única novidade relevante em relação à primeira geração é que este modelo, lançado em 2017, tem um botão dedicado para o Google Assistente e a Alexa. Mas a alma se manteve: ele possui diversos botões físicos, uma antiga conexão Micro-USB e nenhum sensor de toque.
A minha unidade é uma edição limitada na cor azul escuro, que é quase tão discreto quanto o preto. Ele é feito de uma mistura de plástico com fibra de vidro, que a Bose diz ser mais resistente e leve. As almofadas são revestidas de um material que parece couro e se mostrou bastante durável, mas também podem ser substituídas facilmente pelo próprio usuário.
O nome do produto não é por acaso: talvez o maior ponto positivo do QuietComfort 35 II seja o conforto. Em comparação com o Sony WH-1000XM3, o Bose faz menos pressão na cabeça, além de ser mais leve, com 234 gramas. Não é uma diferença da água para o vinho, mas dentro de um avião, depois de 12 horas seguidas, é um fator relevante.
Junto com o QuietComfort 35 II, a Bose envia uma capa rígida de transporte, revestida de tecido e uma imitação de couro, que permite guardar o headphone de forma segura dentro da mochila. Ela não ocupa muito espaço, tem um bolso externo e um compartimento interno para guardar o cabo de carregamento e o fio de 3,5 mm que permite ouvir música mesmo sem bateria, no modo passivo.
O funcionamento do Bose é bem simples. Para quem tem um smartphone com NFC, a conexão é mais prática: é só aproximar a traseira do celular e o lado direito do fone de ouvido para que tudo seja feito automaticamente. Se não for o caso, o seletor de liga/desliga tem uma terceira posição que coloca o headphone em modo de pareamento por Bluetooth.
O seletor de liga/desliga também permite alternar entre dois dispositivos conectados, outra função que não existe no Sony WH-1000XM3. Quando estou em casa, posso manter o Bose pareado tanto no celular quanto no notebook. Assim, dá para ouvir músicas pelo MacBook e atender uma chamada no iPhone a qualquer momento, por exemplo.
Os botões de controle de volume no lado direito são responsivos, mas sinto falta do Quick Attention da Sony, que desativa temporariamente o cancelamento de ruído com um toque para conversar com a aeromoça ou escutar algum aviso. Do lado esquerdo, existe apenas um conector de 2,5 mm e um botão que pode ativar o assistente pessoal (mas que eu configurei para alternar entre os modos de cancelamento de ruído).
O aplicativo da Bose não tem nada demais. Ele mostra o nível de bateria e a lista de dispositivos pareados — mas o próprio headphone já te passa essas informações por meio de uma voz em português assim que ele é ligado. Também dá para ajustar o timer de espera, que desliga o fone de ouvido automaticamente para economizar bateria se você não escutar nada por um tempo. Mas nada de ajustes avançados de cancelamento de ruído, equalização ou outros efeitos sonoros.
O som do QuietComfort 35 II me agrada muito. Não é novidade que eu prefiro um som mais aberto, com destaque nos médios e um ganho pequeno nos graves, só o suficiente para não deixar as músicas frias demais. Antes dele, meu outro headphone preferido era o Beoplay H6, da Bang&Olufsen, que tem características parecidas.
A extensão dos graves é excelente, permitindo ouvir batidas com impacto, mas que não congestionam outras partes da música, nem se sobressaem de forma excessiva. Os médios são claros, sem nenhum pico desagradável, que deixa as vozes bem detalhadas, especialmente as femininas. E os agudos estão ali, de forma mais presente que no Sony WH-1000XM3, sem tornar o headphone muito brilhante ou desagradável depois de um tempo.
Para mim, é uma assinatura sonora que simplesmente me parece “certa” e que se dá bem com muitos estilos, desde música clássica até pop, rock e eletrônica, sem precisar fazer nenhuma alteração na equalização. Não é o tipo de fone com pretensão de agradar o público audiófilo, mas é difícil que alguém ache o som ruim.
Já o microfone tem qualidade típica de fone de ouvido Bluetooth, deixando a voz ligeiramente metalizada em comparação com algo profissional. Mas pelo menos ele faz um bom trabalho em reduzir os ruídos do ambiente, de modo que a pessoa do outro lado consegue entender mesmo em um local barulhento.
A Bose construiu sua marca em torno da tecnologia de cancelamento ativo de ruído e o QuietComfort 35 II mostra que não é só grife. Ele é bem eficiente em eliminar o ruído do motor do avião, o que me permite deixar a música em um volume bem baixo e dormir sem ser incomodado. Também funciona para trabalhar em cafeterias e outros locais com ruídos constantes.
É melhor que o WH-1000XM3? Eu tive a oportunidade de levar os dois em uma viagem de avião e posso dizer que não, o Bose fica um pouco atrás. A vantagem aqui nem é o cancelamento ativo de ruído, mas o passivo: mesmo desligado, o Sony já te isola do ambiente de forma mais efetiva. Em compensação, ele faz mais pressão na cabeça, portanto, é uma questão de escolha.
A duração de bateria prometida do QuietComfort 35 II no modo sem fio é de 20 horas. Eu não cheguei a fazer um teste sério quando o headphone ainda era novo. Agora, com a bateria um pouco desgastada, consegui uma autonomia de 20h20min, com volume no médio e cancelamento de ruído no máximo, conectado a um iPhone XS.
A Bose também afirma que, com o cancelamento de ruído ativado, mas no modo com fio, o QuietComfort 35 II aguenta até 40 horas de bateria. Só não fiz esse teste porque estamos em 2019.
O Bose QuietComfort 35 II é um excelente headphone. E, para quem não tem pretensões audiófilas, é provavelmente o único fone de ouvido que você vai precisar.
Apesar do design antigo com conector Micro-USB e do aplicativo simples sem nenhuma possibilidade de personalização de som, ele se destaca pelo conforto, pela qualidade sonora, pela bateria de longa duração e pelo cancelamento de ruído bastante acertado. Para quem viaja com frequência, é o tipo de eletrônico que faz muita diferença.
Em comparação com os concorrentes, o Sony WH-1000XM3 me agrada por custar menos no Brasil, por ter um cancelamento de ruído melhor e pelos extras, como o sensor de toque e o projeto mais moderno. O Bose Headphones 700 tenta trazer as novidades do Sony, mas custa 50 dólares a mais, sendo que o QuietComfort 35 II já é um fone de ouvido de US$ 349, o que não é nenhuma pechincha.
Na lanterna, tem o Beats Studio 3 Wireless, que para mim me soa um pouco congestionado, com uma ênfase nos médio-graves que deixa as músicas meio fechadas; além disso, o cancelamento de ruído e o conforto ficam notavelmente atrás tanto do Sony quanto do Bose. E o AKG N700NC também não seria minha escolhida preferida, por ter um cancelamento inferior e um som mais frio que, na minha opinião, não casa bem com uma sessão de horas a fio.
A briga de verdade nesse segmento fica com o Sony. E, como os dois são os melhores de sua categoria, a escolha entre um ou outro depende das suas prioridades.