Paguei as compras do mercado com meu rosto e parece que estou no futuro

Plataforma utiliza biometria facial para fazer o pagamento de compras sem precisar usar o cartão de crédito físico, celular ou smartwatch

Bruno Gall De Blasi
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• Atualizado há 1 semana
Paguei as compras do mercado com meu rosto e parece que estou no futuro (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Paguei as compras do mercado com meu rosto e parece que estou no futuro (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Não há dúvidas de que existe uma cartela enorme de opções de pagamento disponível no Brasil. O próprio cartão de crédito e débito físico, por exemplo, também pode ser usado por aproximação (NFC). Porém, já pensou em fazer transações sem sequer precisar carregar a carteira ou celular no bolso? Essa é a proposta da startup Payface, que oferece uma solução de reconhecimento facial em uma rede de supermercados do Rio de Janeiro.

O novo sistema está disponível no supermercado Zona Sul desde o fim do ano passado. A loja Santa Mônica, localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), foi a primeira unidade da rede a receber essa solução. Na época, a tecnologia foi instalada em todos os checkouts, possibilitando o pagamento por biometria facial pelo cartão de crédito. 

Em seguida, a solução foi expandida para outras unidades da cidade. Ao Tecnoblog, a rede de supermercados informou que, depois da loja Santa Mônica, a empresa também implementou a modalidade de pagamento em uma unidade do Flamengo, na Zona Sul da cidade. Além disso, a partir de 14 de fevereiro de 2022, a alternativa chegará a uma loja de Ipanema e outra do Leblon. 

Terminal de autoatendimento do Zona Sul oferece opção para pagamento via reconhecimento facial (Imagem: Divulgação/Zona Sul)
Terminal de autoatendimento do Zona Sul oferece opção para pagamento via reconhecimento facial (Imagem: Divulgação/Zona Sul)

Como o pagamento por reconhecimento facial funciona?

Tive a oportunidade de testar o sistema no começo de fevereiro de 2022. Ao chegar no supermercado, notei que havia um smartphone no caixa com a tela virada para o lado do consumidor. O celular também trazia uma pequena cartela informando que o local oferece a solução e apresentando um QR Code para baixar o aplicativo da Payface no iPhone (iOS) ou Android.

É aí que todo o processo começa. Primeiro, é necessário se cadastrar pelo aplicativo da Payface com alguns dados pessoais, como o CPF, número de celular, nome completo e afins. Além disso, é preciso concordar com os termos de uso e a política de privacidade. Por fim, basta registrar o seu rosto e o cartão de crédito.

Sistema da Payface faz reconhecimento facial em poucos segundos (sim, eu precisei tirar a máscara para usá-lo) (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)
Sistema da Payface faz reconhecimento facial em poucos segundos (sim, eu precisei tirar a máscara para usá-lo) (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)

Após o cadastro feito em casa, retornei ao supermercado. Em um terminal de autoatendimento, registrei os meus produtos e optei pela opção de pagamento “Payface”. Após a escolha, fiz o reconhecimento facial pelo celular preso no caixa – processo que durou segundos –, digitei os três primeiros dígitos do meu CPF e o sistema me identificou.

É importante ressaltar que o pagamento não bate de imediato após o reconhecimento. Primeiro, o celular do caixa exibe uma tela para confirmar o valor da compra e, se for necessário, alterar o cartão de crédito. Caso tudo esteja correto, basta levar a palma da mão até a câmera frontal do smartphone do caixa e… pronto, pagamento feito.

É preciso confirmar o valor da transação antes de finalizar o pagamento (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)
É preciso confirmar o valor da transação antes de finalizar o pagamento (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)

Biometria facial promete facilitar pagamentos

A simplicidade é o foco do meio de pagamento. Durante o anúncio da novidade no ano passado, a rede de supermercados afirmou que “a tecnologia conecta o rosto de cada usuário com o seu cartão de crédito”. E não é em vão: só precisei realizar os passos acima para fazer minhas compras e a cobrança aparecer no meu cartão de crédito. Tudo isso sem precisar pegá-lo na carteira.

A plataforma também reúne as compras feitas em seu próprio aplicativo. Ou seja, além do registro na fatura do cartão de crédito, é possível encontrar as últimas transações feitas com o serviço pelo app da Payface. Cada compra também oferece uma aba de ajuda para reportar problemas, caso aconteça.

O Zona Sul também informou ao Tecnoblog que, em caso de devoluções, são gerados vales na hora aos clientes. Já os cancelamentos são feitos, atualmente, pelo financeiro independente do Payface. As correções de valores, por sua vez, são resolvidas diretamente na loja da rede de supermercados sem precisar acionar os responsáveis pela plataforma. 

Outro uso da plataforma está relacionado ao programa de fidelidade do Zona Sul. Ao usar um terminal de autoatendimento, é possível realizar a identificação por reconhecimento facial e utilizar outra forma de pagamento, como cartão de débito, Pix e vales, por exemplo. Mas o cadastro na rede de supermercados para ter os benefícios das promoções deve ser feito separadamente.

Aplicativo da Payface exibe compras recentes e opções de suporte (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)
Aplicativo da Payface exibe compras recentes e opções de suporte (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)

Payface: imagens do rosto são criptografadas

A tecnologia oferece uma solução que chamou a minha a atenção pela praticidade. Também pensei em situações repentinas como esquecer a carteira em casa. Entretanto, trata-se de uma alternativa que utiliza dados bem sensíveis, especialmente a biometria do rosto. Por isso, comecei a me perguntar: como a Payface protege e utiliza os dados registrados pela plataforma?

A primeira informação em relação à privacidade aparece logo no aplicativo. Ao fazer o cadastro, uma tela com o título “levamos sua privacidade a sério” ressalta três tópicos com ações em relação à segurança das informações: 

  • “As imagens do seu rosto passarão por um processo seguro de criptografia”;
  • “Seu histórico de transações não será comercializado com outras empresas”;
  • “Seus dados de cartões serão processados em conformidade com padrões internacionais de segurança (PCI-DSS-3.2.1)”.

Em nota ao Tecnoblog, a Payface ressaltou as informações acima. Além disso, questionei à empresa se existe alguma forma de burlar o sistema de reconhecimento facial. Neste caso, a startup informou que utiliza “uma tecnologia de liveness passivo, com certificação iBeta ISO 30107-3 nível 1 e 2” para identificar tentativas de ataque e garantir que a foto capturada seja legítima.

“Eventualmente o serviço de identificação pode solicitar um segundo fator como frações do CPF, para garantir a segurança das transações”, afirmaram.

Dado de biometria e pagamentos são criptografados, segundo Payface (Imagem: Anete Lusina/Pexels)
Dado de biometria e pagamentos são criptografados, segundo Payface (Imagem: Anete Lusina/Pexels)

Tecnologia também é utilizada em outros países

Esta não é a primeira e nem a única empresa a utilizar o reconhecimento facial para esta finalidade. Em 2017, a rede de fast food KFC começou a testar o pagamento via sorriso na China, serviço até então conhecido como “Smile to Pay”. A Sem Parar também apostou na solução para ir além do pedágio em 2019. Depois, foi a vez do PicPay testar a tecnologia em 2020.

A Payface também opera em varejistas de outros estados, como Bahia, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. “No Rio de Janeiro, em específico, operamos, no momento, exclusivamente com a rede Zona Sul”, afirmaram. Em supermercados, a solução ainda está disponível nas redes Super Muffato Madre, em Londrina (PR), e D’Ville Supermercados, em Uberlândia (MG).

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Bruno Gall De Blasi

Bruno Gall De Blasi

Ex-autor

Bruno Gall De Blasi é jornalista e cobre tecnologia desde 2016. Sua paixão pelo assunto começou ainda na infância, quando descobriu "acidentalmente" que "FORMAT C:" apagava tudo. Antes de seguir carreira em comunicação, fez Ensino Médio Técnico em Mecatrônica com o sonho de virar engenheiro. Escreveu para o TechTudo e iHelpBR. No Tecnoblog, atuou como autor entre 2020 e 2023.

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