Philips Hue: as caras lâmpadas inteligentes

Lâmpadas conectadas da Philips são coloridas e têm custo proibitivo

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses

As primeiras lâmpadas Philips Hue foram lançadas em 2012 e desembarcaram no Brasil quase dois anos depois. Na segunda geração, elas receberam pequenos refinamentos: a intensidade das luzes aumentou, as cores estão mais fortes e o aplicativo ganhou novos recursos, além de melhorias na interface.

O que não mudou foi o preço. Por 1.299 reais pelo kit com três lâmpadas e uma ponte, ou 269 reais por lâmpada adicional, a Hue ainda é bem cara para a maioria dos brasileiros. O que elas têm de interessante? Eu conto neste breve review.

O primeiro detalhe a se notar é que a instalação da Hue é extremamente fácil. Existem dois componentes principais no kit: as próprias lâmpadas e o Bridge, que é ligado diretamente ao roteador da sua rede e envia os comandos para as lâmpadas conectadas — é possível associar até 50 lâmpadas a 30 metros de distância a um único Bridge, se você tiver bastante dinheiro. Para começar a brincadeira, basta:

  1. Rosquear as lâmpadas;
  2. Ligar o Bridge na tomada e no roteador;
  3. Instalar o aplicativo da Hue no Android ou iOS;
  4. Quando solicitado pelo aplicativo, apertar o único botão que existe no Bridge;
  5. Não existe quinto passo.
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O aplicativo da Hue tem interface simples. Ele permite identificar cada lâmpada com um nome, como “luminária da cama” ou “teto do quarto”, por exemplo, e separar as lâmpadas por ambientes, caso você as tenha instalado em mais de um cômodo. Logo na tela inicial, você pode configurar a intensidade da iluminação (dispensando a necessidade de um dimerizador) e acender ou apagar as lâmpadas — isso funciona mesmo se você estiver longe de casa, já que a Bridge está conectada à internet.

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Poder controlar a cor das lâmpadas parece ser apenas uma função estética (quem precisa de uma luz roxa?), mas a verdade é que isso é útil em determinados momentos. Eu tenho uma lâmpada branca fria (6500K) no quarto, e ela se torna inconveniente à noite — como já discutimos, a luz azul afeta a produção de melatonina, prejudicando a qualidade do sono, e é por isso que você deve ativar o modo noturno no seu smartphone, tablet ou computador.

A Hue resolve essa questão por suportar diversos tons de branco, do mais azulado (6500K) ao mais amarelado (2000K). O próprio aplicativo já traz uma paleta de cores com tons de branco e modos específicos de iluminação (Concentração, Leitura, Energizante) — aliás, a Philips aproveitou a ideia para lançar as Hue White Ambiance, mais baratas, que só aceitam tons de branco (no entanto, elas ainda não estão disponíveis no Brasil).

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E falando em sono, um recurso interessante, especialmente para quem dorme em ambientes que vedam a luz externa, é que as lâmpadas podem ser programadas para acender gradativamente à medida que for chegando a hora de acordar. Assim, em vez de se assustar com o alarme de manhã, você pode despertar de forma mais natural. Da mesma maneira, as luzes podem ir se apagando quando a hora de dormir estiver se aproximando. Funciona bem.

O fato das lâmpadas estarem sempre conectadas permite a integração com serviços de terceiros, como o IFTTT, que automatiza o controle das lâmpadas. As luzes podem acender quando você estiver chegando em casa, apagar quando o sol nascer ou até piscar quando começar a chover. Como o IFTTT suporta uma penca de integrações, o céu é o limite para aproveitar melhor as lâmpadas.

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Um inconveniente da Hue é que as lâmpadas devem ficar “sempre” ligadas. Se você desligá-las pelo interruptor de energia na sua parede, elas perdem a conexão com a Bridge e não podem mais ser acionadas pelo aplicativo, mostrando a mensagem “Inalcançável”. A única maneira de controlá-las (que nem sempre é a mais cômoda) passa a ser por software. Você poderia resolver o problema comprando o Philips Hue Dimmer Switch, um interruptor e dimerizador que funciona com a Hue; no entanto, o acessório não é comercializado no Brasil.

E um grande problema de desligar as lâmpadas pelo interruptor (ou ser surpreendido com queda de energia) é que, bom, elas não têm memória e acabam perdendo a configuração de iluminação, voltando para a cor padrão (branco/amarelado com brilho no máximo). Para voltar para cor que estava antes (ou apagar uma lâmpada que acendeu indevidamente), só abrindo o aplicativo de novo.

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Outro detalhe é que as lâmpadas são fracas. Você pode argumentar que estou mal acostumado por ter uma forte demais (tenho uma fluorescente de 65 W, da própria Philips), mas a verdade é que uma Hue, sozinha, de 10 W e 800 lúmens, só é realmente útil em uma luminária. Ao juntar três delas, dá para iluminar razoavelmente bem um cômodo com uns 15 m2, mas gastar 800 reais com luz só para um ambiente me parece um custo proibitivo mesmo para quem tem muito dinheiro.

Por fim, é válido notar que as cores são menos impressionantes do que poderiam ser. O verde, principalmente, decepciona, por ser lavado, chegando a parecer um pouco azulado. O azul também peca pela intensidade. No entanto, o vermelho, outra cor primária, é bem intenso. Essas são limitações conhecidas da Hue, tanto que a Philips lançou recentemente em alguns mercados uma revisão das lâmpadas com verdes mais verdes.

Vale a pena?

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Ainda não.

As Philips Hue são lâmpadas realmente interessantes e ganharam boas novidades em relação à primeira geração que chegou ao Brasil. No entanto, ainda há detalhes a serem resolvidos: a intensidade de luz precisa melhorar bastante, e a reprodução de cores não impressiona quando comparamos o que estamos vendo na tela do smartphone e o que realmente está sendo emitido pela lâmpada.

O preço, claro, é o principal entrave para a maioria das pessoas, especialmente com o barateamento das lâmpadas LED nos últimos anos: você já pode encontrar modelos convencionais de ótima qualidade por 25 reais, um décimo do valor cobrado por uma Hue. Mas o que mais me preocupa é que, mesmo depois de quatro anos, a Philips não foi capaz de baratear sua tecnologia de lâmpadas inteligentes ao consumidor.

Isso não é exclusividade brasileira. Desde o primeiro lançamento da Hue, o kit com três lâmpadas e uma ponte custa US$ 199 nos Estados Unidos — que se transformam em inacessíveis R$ 1.299 no Brasil. Enquanto o preço for tão proibitivo em todo o mundo, fica difícil pensar em considerar em cogitar a Philips Hue como opção séria para iluminar a casa.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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