Smartwatch Amazfit Neo: de cabeça nos anos 80, mas smart

O Amazfit Neo te entrega a cara dos anos 80 de um G-Shock ou Timex, mas com algumas funções espertas de smartwatches atuais

André Fogaça
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• Atualizado há 11 meses
Amazfit Neo é m banho de anos 80 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Amazfit Neo é m banho de anos 80 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Eu até gosto de smartwatches, mas meu maior sonho sempre foi tentar unir o mundo dos relógios antigos, junto de algumas funções inteligentes dos aparelhos mais recentes. Aproveitando a onda de anos 80 e 90 que vem aparecendo em vários locais, a Huami, braço da Xiaomi em vestíveis, resolveu criar o Amazfit Neo e ele tem exatamente essa proposta: cara de relógio antigo, mas com algo extra.

O Amazfit Neo copia descaradamente o visual de relógios como o Casio G-Shock ou dos Timex, utiliza tela visível o tempo todo e bateria que promete durar quase um mês, enquanto consegue enviar todas as notificações de apps e ainda acompanha os batimentos cardíacos do usuário durante o dia inteiro. Parece a combinação perfeita para um smartwatch híbrido né?

Sim, parece, mas como tudo na vida, esse smartwatch híbrido tem seus defeitos. Eu te conto, nos parágrafos abaixo, onde ele acerta e onde erra.

Análise do Amazfit Neo em vídeo

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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O Amazfit Neo foi adquirida no varejo.

Design e tela

A primeira coisa que fica visível no Amazfit Neo é o visual de relógio digital dos anos 80 e 90, principalmente se você conhece a cara dos Casio da época, com destaque pra linha G-Shock. Foi exatamente este estilo do relógio inteligente que me chamou atenção no primeiro momento. Ele não é um micro computador que faz as vezes de relógio, mas sim um relógio mais tradicional que tem sistema pronto para alguma interação.

A pulseira é de poliuretano com muitos furos, tornando o acessório quase de tamanho único. Se mesmo assim ficar desconfortável é melhor vender o aparelho, já que ele não permite a troca da pulseira com aquele pino para remoção fácil. Este detalhe é bem negativo, principalmente por outros Amazfit permitirem isso, como é o caso do Bip.

Amazfit Neo tem pulseira que não sai facilmente (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Amazfit Neo tem pulseira que não sai facilmente (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

A caixa é feita em plástico com visual de produto robusto e não existe nenhuma rebarba sequer. Este ponto entraria no mínimo necessário para qualquer coisa, mas chama atenção pelo preço do Amazfit Neo: ele é o smartwatch mais barato que a Huami lançou em 2020.

A tela não é sensível ao toque e toda interação é feita por quatro grandes botões com funções escritas na carcaça do relógio, exatamente como faziam os Casio dos anos 80. Os botões são da mesma cor e estão um pouco saltados, mas a textura do plástico muda e não ser muito protuberante permite que você mova a mão contra o pulso e não aperte nenhum botão sem querer.

Amazfit Neo tem botões com textura (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Amazfit Neo tem botões com textura (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

O display, que é protegido por plástico com cara de vidro, é feito em um LCD STN e isso faz a segunda parte do grito “sou anos 80”. Esse tipo de tela lembra o que existe em calculadoras ou de relógios da época, tem visibilidade perfeita em qualquer ambiente minimamente iluminado, consome pouquíssima energia e se você está em um lugar escuro e quer ver a hora, basta tocar e segurar o botão “back” por dois segundos.

Amazfit Neo com luz ligada (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Amazfit Neo com luz ligada (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Eu amei a luz azulada, mas se o propósito é um visual de anos 80 e 90, eu senti falta daqueles LEDs laterais com cor amarelada e que não tentam esconder o feixe de luz. Enfim, funciona! Funciona também de forma automática, ligando a luz sempre que o braço levantar, aumentando ao mesmo tempo o consumo de energia. Na época não tinha isso, então eu não ativei por aqui.

Amazfit Neo tem leitor de batimentos cardíacos (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Amazfit Neo tem leitor de batimentos cardíacos (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Atrás fica um leitor de batimentos cardíacos e dois pontos para o carregador enviar energia, mas eu falo sobre eles mais pra frente. Fechando a parte de design, o Amazfit Neo tem apenas 32 gramas e é um dos smartwatches mais leves que eu já utilizei até hoje. Ah, sim, este relógio pode sobreviver em até 50 metros de profundidade na água. Ele pode acompanhar alguns exercícios, mas não natação, então a proteção por aqui funciona mais para não tirar o relógio do pulso durante o banho ou num mergulho na piscina.

Amazfit Neo sobrevive em até 50 metros de profundidade (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Amazfit Neo sobrevive em até 50 metros de profundidade (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Funções extras

A principal função de um relógio é te dar a hora e é exatamente o que o Amazfit Neo faz na maior parte do tempo. Diretamente no smartwatch você tem um display que só mostra a hora, com tela secundária por cima com funções extras. Por padrão ela exibe data, previsão do tempo, quantidade de calorias queimadas, distância percorrida e passos dados, a quantidade de bateria, o último registro do leitor de batimentos cardíacos no dia, cronômetro, despertador, modo não perturbe e uma espécie de pontuação que resume sua atividade física, chamada de Pai.

O único recurso que não pode ser ativamente controlado pelo relógio é a de despertador e este é um ponto negativo fortíssimo. Nos anos 80 o relógio, seja Casio G-Shock ou qualquer outro concorrente, permitia isso. Enfim, no Amazfit Neo esse ajuste acontece dentro do aplicativo chamado Zepp.

Aplicativo Zepp controla funções do Amazfit Neo (Imagem: reprodução/Zepp)
Aplicativo Zepp controla funções do Amazfit Neo (Imagem: reprodução/Zepp)

É com ele que você recebe informações sobre os exercícios e batimentos cardíacos, que ficam acumulados no smartwatch desde a última vez que o Zepp foi aberto. Outra informação acumulada é a previsão do tempo. No relógio ficam até três dias de dados sobre a cidade onde você está.

Uma função presente apenas no aplicativo é a visualização do sono, com dados coletados durante a noite e exibidos por aqui com horas dormidas, tempo de sono profundo, sono leve e um histórico diz se você anda dormindo como deveria. No relatório o aplicativo dá até dicas de como melhorar a qualidade do sono.

Zepp cria histórico de vários dados (Imagem: reprodução/Zepp)
Zepp cria histórico de vários dados (Imagem: reprodução/Zepp)

O leitor de batimentos cardíacos cria um histórico de acordo com o tempo escolhido para as aferições, que pode ser a cada um, cinco, 10 ou 30 minutos. Este intervalo afeta diretamente a autonomia da bateria. Eu coloquei a cada meia hora justamente por ser um bom tempo e aliar com mais dias longe do carregador.

Outro recurso que precisa do app é o acompanhamento de exercícios, que pode ser caminhada, corrida ou ciclismo. Este é outro ponto negativo, seria muito interessante poder ter algum controle pelo relógio mesmo. Quando você começa um exercício no smartphone, o Amazfit Neo ao menos mostra o tempo dele, distância percorrida e batimentos cardíacos.

Não existe GPS no smartwatch e este ponto é aceitável pelo preço e pela proposta, mas não iniciar uma caminhada por ele me parece errado. Mais errado por motivos de: você pode pausar ou parar um exercício com os botões do aparelho, mas não começar.

Por fim, notificações. Um smartwatch é bacana por te alertar de coisas que acontecem no celular. É o recurso que eu mais amo na parte esperta de todos os relógios, tanto que meu celular não sai do silencioso faz tempo, anos. Enfim, elas estão por aqui, você é alertado quando alguém liga, quando chega uma mensagem, uma curtida em rede social, um e-mail, mas tudo isso sem vibração.

Notificação no Amazfit Neo (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Notificação no Amazfit Neo (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

O relógio dá um bipe e é isso, mudando o tipo de bipe se é uma ligação, e-mail, SMS ou notificação de outros apps. Este detalhe é especialmente ruim, é horrível. O bacana de notificações no pulso é elas chegarem sem alertar outras pessoas, mas isso não acontece aqui. Outro detalhe: em uma chamada a tela superior mostra a palavra “chamada”, mas pra qualquer outra notificação é só um “+1”. Não existe prévia de mensagem, nada.

Pior: se você deixar para ver a notificação depois, no pulso mesmo, não existe uma área com o histórico delas. Se não viu na hora, o Amazfit Neo não vai nem te mostrar que algo chegou antes. Eu adoro o bipe que ele faz, é muito anos 80, é muito Casio G-Shock, mas a parte de notificações poderia receber mais atenção. Não vibrar é o pior ponto negativo delas.

Amazfit Neo recebendo chamada (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Amazfit Neo recebendo chamada (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Bateria

Depois de falar do visual nostálgico, do bipe gostoso de ouvir (menos durante uma reunião) e da tela visível até em ambientes pouco iluminados, a autonomia merece um papo animado. O Amazfit Neo tem apenas 160 mAh e eu sei que sua cara torceu, mas a autonomia prevista pela Huami é de 28 dias longe da tomada. Vinte e oito dias, dá quase um período inteiro de férias com 30 dias sem levar o carregador na viagem.

Amazfit Neo fica mais de 30 dias longe da tomada (Imagem: reprodução/Zepp)
Amazfit Neo fica mais de 30 dias longe da tomada (Imagem: reprodução/Zepp)

Minha experiência foi ainda superior ao que a fabricante promete. Eu cheguei em 34 dias com apenas uma carga, sem desligar as notificações, mantendo o acompanhamento de sono em todos os dias, não desligando a checagem de batimentos cardíacos a cada 30 minutos e ligando a luz do Amazfit Neo em alguns raros momentos, quando eu queria ver a hora na cama, com tudo apagado.

A escolha de remover o motor de vibração, a presença de um LCD STN e a falta de alguns sensores como GPS, tem esse resultado. A autonomia é invejável, com média de consumo em pouco mais de 2,9% de energia por dia, mesmo com o Bluetooth ligado o tempo todo. Para recarregar completamente a bateria basta duas horas na tomada e pronto.

Vale a pena?

Olha, para saber se o Amazfit Neo vale a pena você precisa ter em mente duas coisas: ele não é o melhor smartwatch do mercado, nem mesmo o melhor fitness tracker ou pulseira para acompanhar exercícios. Ele é meio que um pato: que voa, nada e anda, mas não faz nada disso da melhor forma, só que é bonitinho.

Amazfit Neo (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Amazfit Neo (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Se você nasceu ou viveu os anos 80 e 90, ama tudo daquela época, vai curtir este smartwatch. Eu ainda acho que ele falha ao não ter motor de vibração para as notificações e por não permitir iniciar um exercício pelo próprio relógio, já que dá para finalizar um por ele. Também me incomoda não poder ajustar o despertador, coisa que qualquer relógio da época permitia facilmente.

Olhando a concorrência o Amazfit Neo é meio que filho único, não existem relógios inteligentes com cara de anos 80. Ou você tem um relógio redondo ou quadrado que fica com tela preta quando não usa alguma função dele, ou então tem pulseira pra acompanhar exercícios. Nada que coloque um pouco de cada coisa num visual da época da caneta bic de quatro cores e da pochete.

Então…vale. O Amazfit Neo é o melhor mergulho no visual retrô que você vai encontrar, dá bateria com um mês de autonomia e ainda oferece alguma coisinha smart, cobrando muito pouco por isso tudo. Se você procura exatamente este tipo de produto, ele é o melhor. Se procura algo mais smart, um Amazfit Bip da vida pode resolver melhor seus desejos.

Especificações técnicas

  • Dimensões: 40,3×41×11,7 mm
  • Peso: 32 gramas
  • Tela: LCD STN de 1,2 polegadas, monocromática
  • Bateria: 160 mAh
  • Sensores: acelerômetro, leitor de batimentos cardíacos
  • Conectividade: Bluetooth 5.0 BLE
  • Compatibilidade: Android 5.0 ou superior e iPhone com iOS 10 ou superior

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André Fogaça

André Fogaça

Ex-autor

André Fogaça é jornalista e escreve sobre tecnologia há mais de uma década. Cobriu grandes eventos nacionais e internacionais neste período, como CES, Computex, MWC e WWDC. Foi autor no Tecnoblog entre 2018 e 2021, e editor do Meio Bit, além de colecionar passagens por outros veículos especializados.

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