Sony Xperia E4 Dual: design peculiar e preço acessível (mas nem tanto)

Com preço sugerido de 699 reais, Xperia E4 mostra avanços em relação ao antecessor (Xperia E3), mas não empolga

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 10 meses
Sony Xperia E4

O primeiro smartphone lançado pela Sony em 2015 é o Xperia E4, pelo menos no Brasil. O dispositivo, vendido por aqui na versão dual-SIM, aparece como mais uma opção para quem procura aparelhos de custo baixo para médio. As especificações intermediárias não me deixam mentir: tela de 5 polegadas, processador quad-core MediaTek de 1,3 GHz, 1 GB de RAM e 8 GB de espaço para armazenamento de dados fazem parte do pacote.

Aparelhos com hardware mediano há aos montes no mercado. Para fazer o Xperia E4 Dual se sobressair, a Sony destaca características como bateria com boa autonomia, câmeras com recursos variados e TV digital. Será que esses são mesmo os pontos fortes do modelo? Me acompanhe nas próximas linhas para descobrir.

Design e tela

A Sony optou por um design mais simples no E4, com poucas linhas. As laterais são recobertas pela tampa traseira e os cantos são mais arredondados que nos demais modelos atuais da família Xperia. De modo geral, o aparelho não é feio, mas também não é uma obra-prima do design.

Há, no entanto, uma característica que chamou muito a minha atenção: a tela é “saltada” em relação às laterais, isto é, fica em um nível mais acima. Trata-se de um detalhe tão inusual que a minha primeira reação foi checar se a tampa do aparelho estava mal encaixada.

Sony Xperia E4

Aqui, prevalece os gostos pessoais. Não duvido que muita gente considerará a “tela elevada” uma característica estética que, por ser tão diferente, “agrega valor”. Mas, para ser franco, eu não gostei. Me pareceu um truque da Sony para o Xperia E4 transmitir a impressão de ser mais fino do que é (o modelo tem 10,5 milímetros de espessura).

Também me preocupa a sensação de que a tela está mais exposta a danos. É verdade que há uma proteção plástica circundando todo o visor, mas ela não me inspirou confiança.

Sony Xperia E4

Esse aspecto também incomodou na pegada. A mistura de laterais curvadas e saliência com bordas retas não atrapalha o uso, mas não é exatamente confortável.

Ao menos esse detalhe faz com que o aparelho se encaixe com firmeza nas mãos. Mérito também da tampa traseira que, apesar de ser feita de plástico simples, tem uma textura fosca que evita que o dispositivo escorregue da mão.

Sony Xperia E4

A tela em si é do tipo IPS e possui 5 polegadas com resolução de 960×540 pixels (220 ppi). É a Sony seguindo a predileção por displays maiores em categorias intermediárias – a tela do modelo antecessor, o Xperia E3, conta com 4,5 polegadas.

Sony Xperia E4

Em termos de qualidade, bom, já vi telas melhores em aparelhos mid-end, mas o visor do Xperia E4 não chega a decepcionar: a resposta a toques está dentro do esperado, a visualização em ângulos variados é boa, não há excessos na saturação e os níveis de brilhos agradam, com o sensor de iluminação executando bem a função de ajuste automático.

Só achei a tonalidade de algumas cores mais claras (amarelo, rosa e ciano, por exemplo) um tanto apagadas, embora nada suficiente para comprometer a experiência de uso.

Software e interface

Estamos em 2015 e, por isso, eu tinha esperança de pegar o Xperia E4 Dual e encontrar o Android 5.0 Lollipop rodando ali. Mas, ao menos no Brasil, o aparelho sai de fábrica com o Android 4.4.4 KitKat e praticamente a mesma interface que marca presença nos últimos modelos da linha Xperia – basicamente, a Sony só deu uma suavizada nos ícones para deixá-los com aspecto “flat”.

Essa interface não é exatamente ruim. Na verdade, ela até tem alguns recursos interessantes, como uma barra que facilita a localização de aplicativos (para vê-la, basta arrastar o dedo da margem esquerda da tela em direção ao meio) e os atalhos de captura e gravação de tela entre as opções que aparecem quando o botão Liga / Desliga é pressionado.

Essa interface tem lá suas utilidades, mas já deu o que tinha que dar, né?
Essa interface tem lá suas utilidades, mas já deu o que tinha que dar, né?

Em contrapartida, a interface customizada da Sony já está um tanto datada e carregada. Uma das primeiras coisas que a gente faz ao mexer em um smartphone novo é “passear” entre as telas. Quando eu fiz isso no E4, notei algumas travadinhas. Para o meu alívio, uma atualização de software que aguardava para ser instalada amenizou consideravelmente o problema.

O Xperia E4 também sai de fábrica com uma penca de aplicativos pré-instalados que não podem ser removidos pelas vias normais. Boa parte só serve para ocupar espaço – demos de jogos, por exemplo -, mas alguns fazem bonito. É o caso do já tradicional player Walkman, que tem interface intuitiva e, pelo menos no E4, me pareceu mais ágil que o Play Music, do Google.

Walkman continua sendo um belo player
Walkman continua sendo um belo player

Outro app digno de nota é o de TV digital. Os controles são fáceis e, na primeira varredura, o programa listou os canais disponíveis na minha região rapidamente. A sintonização da maioria deles aconteceu sem apresentar instabilidades, mesmo dentro de ambientes cobertos.

É claro que o aplicativo não é milagreiro: o Xperia E4 conta com uma antena para TV e rádio que faz toda diferença aqui.

Sony Xperia E4

Se você decidir comprar o smartphone, é bom saber desde já: segundo a Sony, não há previsão de disponibilização do Android Lollipop para o Xperia E4 Dual comercializado no Brasil.

Câmera

As câmeras nunca foram o ponto mais forte da linha Xperia. Em um aparelho de custos reduzidos não seria diferente, mesmo assim, eu esperava uma experiência mais agradável no E4 em relação às fotos.

 Sony Xperia E4

O dispositivo vem uma câmera traseira de 5 megapixels com foco automático, Flash LED e gravação de vídeos em 1080p. Mas o sensor não é dos mais caprichados. Mesmo em ambientes bem iluminados, as imagens podem apresentar um efeito esbranquiçado ou desbotado que, dependendo das circunstâncias, degradam substancialmente o registro.

Foto feita com o Sony Xperia E4
Foto feita com o Sony Xperia E4
Foto feita com o Sony Xperia E4
Foto feita com o Sony Xperia E4

Nas fotos tiradas em condição de baixa iluminação, o flash consegue amenizar bem a quantidade de ruído, mas só se o alvo não ficar a mais de 1 metro de distância. Além disso, havendo bastante luz ou não, as imagens passam por um pós-processamento que causa perda de detalhes em alguns pontos. Felizmente, não é nada muito perturbador.

O app de câmera é o mesmo que a Sony vem usando há meses. Entre as funcionalidades existentes ali há opções variadas de ajustes, modos de cena e a função AR Effect, que cria efeitos nas fotos usando realidade aumentada.

Foto feita com o Sony Xperia E4

Esse e outros recursos são interessantes, mas provavelmente a maioria deles você só usará nos primeiros momentos com a aparelho. O que interessa mesma é a qualidade geral das fotos. Nesse aspecto, a Sony poderia ter ido um pouco além do básico.

O Xperia E4 também vem com uma câmera frontal de 2 megapixels que é própria para selfies. Mas essas são palavras da Sony. Não espere nenhuma foto impressionante saindo dali.

Hardware e desempenho

As travadinhas que eu notei nos primeiros momentos com o aparelho me deixaram desconfiado, mas, como informei no tópico sobre software, uma atualização resolveu o problema quase que totalmente. A minha sensação de alívio aumentou com os demais testes: neles, não encontrei nada fortemente desabonador em termos de performance.

O Xperia E4 é equipado com um processador MediaTek MT6582 de 1,3 GHz com quatro núcleos Cortex-A7 e GPU Mali-400MP2. A memória RAM tem 1 GB, o mínimo esperado para os dias atuais. Com esse conjunto, o smartphone conseguiu executar satisfatoriamente a maioria das tarefas.

Um ou outro app me fez lembrar que eu não estava lidando com um dispositivo top de linha. É o caso de jogos como Modern Combat 5: Blackout e Real Racing 3. Ambos rodaram sem engasgos, mas sacrificaram elementos gráficos. Já Chrome, Flipboard e Facebook tiveram desempenho moderado: após alguns minutos de uso, os três ficavam instáveis (demoravam para carregar conteúdo ou congelavam momentaneamente).

O Real Racing 3 rodou sem travar, mas ficou assimO Real Racing 3 rodou sem travar, mas ficou assim
O Real Racing 3 rodou sem travar, mas ficou assim
E assim
E assim

Os benchmarks confirmaram o perfil mediano do hardware do E4: no AnTuTu, o modelo obteve 19.156 pontos; no Quadrant, 8.758. De modo geral, o aparelho dá conta das atividades mais comuns (redes sociais, reprodução de vídeo e navegação na web, por exemplo), mas pode tropeçar aqui ou ali quando encarar aplicações exigentes.

No armazenamento interno de dados, vai ser difícil dispensar um microSD (há suporte para cartões de até 32 GB). O Xperia E4 tem 8 GB de espaço, mas pouco mais da metade já sai de fábrica ocupada. Já passou da hora de rever essa política de encher o aparelho de aplicativos, Sony.

Localizado na parte traseira, o alto-falante também pode ser caracterizado como mediano: o áudio sai com clareza e não distorce, mas não tem nada de extraordinário. Além disso, o volume máximo não é dos mais altos. Mas, como acontece com qualquer smartphone, não é nada que fones de ouvido não resolvam.

Aqui, vale uma observação: o modelo que a Sony me mandou para testes não veio com fones na embalagem.

Bateria

Com 2.300 mAh, a bateria é o item que mais me agradou no Xperia E4. Para promover o modelo, a Sony afirma que o componente aguenta até dois dias inteiros sem recarga. Será?

É difícil fazer qualquer afirmação precisa sobre esse aspecto porque a autonomia da bateria varia conforme o perfil de uso de cada pessoa. Se você é do tipo que costuma jogar alguma coisa diariamente, por exemplo, certamente não conseguirá deixar o E4 longe da tomada por mais de um dia.

Para avaliar a bateria, fiz dois testes. No primeiro, tentei assumir um perfil de uso “leve”: escutei música no app Walkman por uma hora, vi TV digital por 30 minutos, tirei algumas fotos, fiz uma chamada via Skype de 15 minutos e usei o Chrome também por 15 minutos. No restante do tempo, o aparelho ficou em stand-by com o Wi-Fi sempre ligado.

Sony Xperia E4 - gráfico de bateria

Após 27 horas, a bateria ainda tinha 77% de carga. Dá mesmo, portanto, para ficar dois dias seguidos sem fazer recarga, mas só se você moderar o uso.

No segundo teste fui mais agressivo: em um único dia, rodei o filme O Senhor dos Anéis – As Duas Torres (2h59min) na Netflix via Wi-Fi e com tela no brilho máximo, ouvi música por uma hora, joguei Real Racing 3 por 25 minutos, vi TV digital por 30 minutos e usei o Chrome por 15 minutos. Depois de todos esses testes, o status da bateria mostrava 38%.

Nada mal, embora não haja nenhuma mágica aqui. Fatores como ausência de tela com resolução HD (ou superior) e o bom trabalho que a Sony fez no ajuste fino entre software e hardware explicam o controle sobre o consumo de energia.

Vale destacar que, nas situações mais extremas, dá para usar o modo STAMINA, que desativa aplicativos em segundo plano quando a tela estiver desligada. Nessas circunstâncias, só as funções básicas – como chamadas e SMS – funcionam. Ao tirar o aparelho do modo de descanso, os recursos em segundo plano voltam a rodar.

Outro aspecto que convém ressaltar: a bateria não é removível. A tampa traseira sai apenas para que você possa inserir os cartões SIM e o microSD.

Sony Xperia E4

Conclusão

No final do ano passado, a Sony sinalizou para a possibilidade de lançar menos modelos de smartphones em 2015 como forma de reduzir custos. Se essa política for seguida à risca, o Xperia E4 ocupará por um bom tempo o posto de opção de entrada da marca entre os lançamentos do ano.

Conquistar uma boa posição no mercado é que não será tarefa fácil. Em relação ao Xperia E3, o Xperia E4 evoluiu em alguns pontos importantes – a tela ficou maior e o espaço para armazenamento pulou de 4 GB para 8 GB, por exemplo -, mas isso não parece suficiente para destacá-lo entre as opções rivais.

Há pelo menos três aspectos que a Sony poderia ter cuidado melhor. O primeiro é a interface, que é funcional, mas está datada (sem contar o uso do Android KitKat em um modelo 2015). O segundo é a câmera: ninguém espera vários megapixels ou lentes Carl Zeiss em um aparelho mais acessível, mas um sensor melhorzinho somaria vários pontos aqui.

O terceiro aspecto é o design externo: do ponto de vista estético, a tela “elevada” pode até não incomodar, mas interfere na pegada e dá um ar de fragilidade ao aparelho.

Sony Xperia E4

É claro que o desempenho convincente, a boa autonomia da bateria e a presença de TV digital são pontos bastante favoráveis. No entanto, o Xperia E4 Dual tem preço sugerido de R$ 699 no Brasil. Se levarmos a atual cotação do dólar em consideração (acima de R$ 3), não é um valor ruim, mesmo assim, essa faixa de preço nos faz esperar por características um pouco melhores.

Ao menos os costumeiros descontos que o varejo oferece dão uma boa ajuda. Antes de publicar este review, eu já conseguia encontrar o Xperia E4 à venda em lojas online por valores próximos a R$ 600. Nessa faixa, o modelo já fica mais interessante.

Vale frisar que o Xperia E4 Dual não tem 4G. Em fevereiro, a Sony anunciou uma variação chamada Xperia E4g que é compatível com esse tipo de rede, mas que não tem previsão de lançamento no Brasil.

Especificações

  • Bateria: 2.300 mAh;
  • Câmera: 5 megapixels (traseira) e 2 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0 e TV digital;
  • Dimensões: 137 x 74,6 x 10,5 mm;
  • GPU: Mali-400MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB;
  • Memória interna: 8 GB;
  • Memória RAM: 1 GB;
  • Peso: 144 gramas;
  • Plataforma: Android 4.4.4 (KitKat);
  • Processador: quad-core (Cortex-A7) Mediatek MT6582 de 1,3 GHz;
  • Sensores: acelerômetro e proximidade;
  • Tela: IPS LCD de 5 polegadas com resolução de 960×540 pixels (220 ppi).

Sony Xperia E4 Dual

Prós

  • Não decepciona no desempenho
  • Bateria com boa autonomia
  • A TV digital funciona bem

Contras

  • A câmera traseira é só um "quebra-galho" e olhe lá
  • Design externo que não protege bem a tela
  • Interface datada
Nota Final 6.6
Bateria
8
Câmera
6
Conectividade
7
Desempenho
7
Design
6
Software
6
Tela
6

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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