Review Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 – De volta a 1999

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 traz um bom equilíbrio entre nostalgia e novidades de gameplay para agradar veteranos e novatos

André Leonardo
• Atualizado há 5 meses
Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 - De volta a 1999

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é um remaster que une dois dos mais icônicos jogos de skate lançados no final dos anos 90 e início dos anos 2000. A série Tony Hawk’s Pro Skater ajudou a definir o que jogos de skate viriam a se tornar nas décadas seguintes, como as diversas sequências de Tony Hawk e até mesmo, sua rival a série “Skate”. Mexer com esses games foi uma aposta arriscada da Activision, veremos nesse review os pontos altos e baixos deste novo game.

Review de Tony Hawk’s Pro Skater 1+2

A ideia de pegar tudo que foi feito pela Neversoft nos games clássicos, manter a essência e, ao mesmo tempo, atualizar um produto após 20 anos, não era algo simples de fazer.

O estúdio responsável por esse remaster foi o Vicarious Visions, que antes havia trabalhado na coletânea/remake Crash Bandicoot N.Sane Trilogy.

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 foi lançado de forma digital no dia 4 de setembro de 2020 para Playstation 4, Xbox One e PC (Via Epic Games Store). O game custa R$199,00 em sua versão padrão, enquanto a versão Deluxe sai por R$229,00. Os preços são os mesmos em todas as plataformas até o momento em que este review foi escrito.

Activision e os remakes / remasters de clássicos

O novo game de Tony Hawk faz parte da iniciativa da Activision de trazer de volta algumas de suas séries antigas para agradar os fãs mais nostálgicos, apresentá-las às novas audiências e, no processo medir, o interesse público por essas franquias. Vimos isso em remakes como já citado Crash Bandicoot N.Sane Trilogy, além de Spyro Reignited Trilogy e Crash Team Racing Nitro Fueled.

De volta a 1999, mas de um jeito diferente

Na primeira imagem do game, vemos a mistura entre o novo e o clássico. Logo de cara temos, Tony Hawk com seu visual atual em um half pipe tirando a sua manobra assinatura: O “900”. Depois, o vídeo corta para uma edição com várias imagens dos outros skatistas do jogo em vídeos mais antigos com Guerrilla Radio, do Rage Against The Machine, tocando ao fundo.

Assim que começamos, vemos um menu bem bonito com diversos elementos gráficos estilizados, algo diferente dos menus simples de antigamente.

Entre os elementos atuais, temos as legendas e dublagens em português. Afinal, hoje, o Brasil é visto como um mercado importante. Embora não existam muitos diálogos no game, esses recursos fazem diferença no tutorial.

Já que falamos em tutorial, temos aqui um bem completo que explica desde mecânicas mais básicas como: “tirar um Ollie”, até mecânicas que não faziam parte dos jogos originais como os Reverts, Trick Transitions e Spine Transfers que foram adicionadas em Tony Hawk’s Pro Skater 3 e 4.

A inclusão desses elementos fez com que o game ficasse muito mais dinâmico na criação de combos de manobras, pois ao combinar os Reverts, com Manuais e transições de manobras é possível conseguir pontuações bem altas.

Como Tony Hawk’s Pro Skater foi lançado em uma época em que os jogos ainda não ajudavam os jogadores, a produtora inseriu algumas opções de acessibilidade como, facilitar o equilíbrio em grinds e Manuais para ajudar aqueles que não se adaptarem bem logo de cara. Talvez isso desagrade alguns mais puristas, mas essa é uma tendência dos jogos de hoje.

O game conta com todos os skatistas dos primeiros jogos e algumas caras novas que fazem sucesso no esporte atualmente, então temos Tony Hawk, Bob Burnquist e um time de peso entre os veteranos. Entre os novatos temos figuras bastante populares como a brasileira Leticia Bufoni, Riley Hawk, o filho de Tony Hawk e Nyjah Huston, atleta mais premiado no esporte atualmente.

Visual remodelado

Graficamente o jogo está bem bonito, os personagens possuem uma boa modelagem. Os skatistas antigos estão com seu o visual mais velho, por isso lendas como: Tony Hawk, Rodney Mullen, Steve Caballero, parecem “tiozões”. Afinal, o tempo passou pra todo mundo, não é?

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 - De volta a 1999
Steve Caballero e seu cosplay de Freddy Krueger

O trabalho gráfico feito nos cenários é bem detalhado, com a inclusão de diversos elementos como, caixas de correio, cones, papéis voando e até animais. Esses elementos aliados à iluminação diferenciada, reflexos em objetos, a inclusão de água em alguns pontos, deixaram os cenários muito mais vivos.

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 - De volta a 1999

Alguns mapas como Minneapolis de Tony Hawk’s Pro Skater 1 tiveram um tratamento visual tão cuidadoso que parece outro game, enquanto Venice Beach de THPS2  apresenta ótimos contrastes de cores e sombras. Por isso, talvez seja o cenário mais bonito dessa coletânea.

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 - De volta a 1999

As fases focadas em Downhill como o Shopping ou a Represa de THPS1 ficaram com uma fluidez melhor do que os originais e estão muito mais agradáveis de jogar.

Campanha e Progressão

O principal modo de jogo de Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é o “Tours de Skate”. Nesse modo, você escolhe qual campanha vai jogar, se THPS1 ou THPS2. Os games funcionam como duas campanhas distintas.

A estrutura das partidas segue o mesmo padrão de antigamente. Entre em um cenário e procure cumprir o maior número de objetivos em 2 minutos.

Entre os objetivos, temos os já conhecidos: Colete as letras da palavra “SKATE”, bata pontuações altas, mande uma manobra em determinado local, e o clássico “Encontre a fita secreta”. O que é engraçado, já que muitos gamers de hoje nem sabem o que é uma fita VHS.

Esses objetivos, embora simples, fazem com que o jogador explore bastante o game, visto que alguns exigem precisão e memorização dos cenários, para facilitar a execução de combos maiores, que garantam pontuações altas.

Existem outros objetivos que fazem o jogador explorar bem o cenário, atrás dos elementos pedidos, o que muitas vezes resulta na ativação de passagens secretas que expandem ainda mais os mapas.

Cada skatista começa com um determinado número de atributos, mas durante as fases é possível coletar itens com a logo do game que servem para aumentar esses atributos. Então, se seu personagem é muito lento no início do game, fique tranquilo, pois será possível melhorá-lo durante a campanha.

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 - De volta a 1999

Enquanto escrevia esse review, vi muita gente reclamando que curtia o game, mas não conseguia progredir na campanha. A questão é que você não precisa completar todos os objetivos em todas as fases para avançar. Eu recomendaria, ir passando de fases, melhorando o status dos personagens e depois voltar nas fases que ficaram com desafios pendentes.

Novas fases são liberadas conforme o jogador vai completando os objetivos e, a cada três fases, surge uma pista de competição, que o jogador deve fazer a maior pontuação possível. Para liberar a próxima fase, é necessário ficar entre os 3 primeiros, mas fiquem tranquilos porque o terceiro lugar é bem fácil de ser atingido.

Controles atualizados (ou quase isso)

Os controles funcionam bem, todo o sistema de execução de manobras é semelhante ao que foi mostrado nos originais, então se você ainda lembra dos comandos básicos, vai ser como se você tivesse dado uma parada de seis meses, ao invés de 20 anos.

O sistema de câmeras possui uma certa dificuldade para acompanhar os jogadores quando é preciso mudar de direção em espaços pequenos. Nesse caso, a câmera acaba fechando no personagem do jogador e dificulta para enxergar o restante do cenário.

Esse fator não é nada que atrapalhe muito, mas poderia ter sido visto de melhor forma. Até existe a possibilidade de movimentar a câmera com o analógico da direita, mas com o personagem em movimento isso não se mostrou lá muito eficiente.

Outro ponto a ser observado é o uso do analógico esquerdo para controlar o personagem e executar os comandos das manobras. Achei o analógico sensível demais e na hora de executar muitos comandos diferentes em sequência pode atrapalhar o jogador, principalmente em comandos que usam diagonais.

É possível usar o direcional digital do controle e acredito que seja a melhor escolha, pois você consegue ter um controle melhor dos comandos que executa. No início do game, isso não faz tanta diferença. Porém, lá para o meio da primeira campanha, quando precisará fazer combos maiores, isso pode ser decisivo.

Contudo, essa é a minha experiência, pode ser que alguém que esteja começando na franquia agora não veja diferença alguma ou prefira jogar no analógico. Sugiro que testem as duas opções e vejam o que funciona melhor para vocês.

Criação de Personagens, pistas e muito conteúdo

O jogo conta ainda com um editor de personagens onde é possível criar seu skatista. Há uma boa variedade de modelos, assim como uma gama bem grande de adereços de personalização como: roupas, tatuagens, shapes diferentes para skates e por aí vai.

Skate em tempos de covid, né meu filho?

Esses itens podem ser desbloqueados através dos desafios completados ou comprados com dinheiro do jogo conforme for subindo de nível.

O jogo também traz um editor de pistas em que você pode montar seu skate park e fazer upload para outros gamers jogarem.

Brasil representado

A série Tony Hawk’s sempre contou com a presença do Brasil, seja nos jogos em que Bob Burnquist estava presente, ou mesmo com uma versão meio “esquisita” do Rio de Janeiro apresentada em THPS3, que lembrava aquela versão da cidade no polêmico episódio dos Simpsons no Brasil.

Neste game além de termos a presença de Bob Burnquist e Leticia Bufoni, até a banda Charlie Brown Jr, marcou presença com a faixa “Confisco”, após uma grande campanha feita por internautas brasileiros na web. Só ficou faltando um cenário por aqui. Quem sabe via DLC?

Muito Rock, Hip-Hop e suas variações

A trilha sonora conta com diversos nomes famosos que tornaram os games originais algo memorável, por isso temos nomes como: Papa Roach, Bad Religion entre outros. Além desses nomes, o game incluiu um número bem grande de bandas novas e o jogo ficou bem dividido entre vários estilos dentro do Rock e do Hip-Hop.

Multiplayer offline e online: Tem pra todo mundo

O jogo conta com multiplayer local para aquela diversão de sofá com amigos no mesmo console, assim como acontecia em 1999. Neste modo, a tela fica dividida e permite que duas pessoas disputem desafios na mesma pista em diversos modos de jogo como:

  • Estilo livre: Só para dar rolê nas fases;
  • Prova de Manobras: O jogador com a maior pontuação vence no final;
  • Desafio de pontuação: Quem atingir primeiro a pontuação definida ganha;
  • Batalha de combo: Ganha quem executar o maior combo até o final da sessão;
  • Desafio de combo: Ganha quem bater a pontuação definida através de combos;
  • Grafite: Ganha quem grafitar mais objetos. Pense em um controle de territórios, você deve executar manobras na maior parte de locais para pintá-los com a cor referente ao seu personagem;
  • HORSE: Um jogador é colocado em uma parte aleatória do cenário e tem 8 segundos para fazer uma manobra ou combo. A pontuação obtida deve ser batida pelo jogador 2.

O multiplayer online é dividido em salas com até 8 jogadores e focado nos modos relacionados a desafios de manobras e grafite. O ritmo é bem fluído e não há uma espera grande entre as partidas.

Em geral, há um espaço de cerca de 20 segundos entre uma partida e outra, mas você pode ficar brincando na fase durante esse período, então acaba não sendo algo chato ou cansativo.

Existe ainda um modo online em que jogador pode usar o seu personagem criado para disputar rankings de pontuações online, cumprindo objetivos similares aos da campanha principal.

Conclusão

A Vicarious Visions mandou bem nesse remaster dos games antigos de Tony Hawk. Os jogos receberam um tratamento que combina com os principais lançamentos de 2020. Além disso, a inserção dos novos elementos de gameplay deixou tudo mais bonito, dinâmico e divertido.

Dois pontos me incomodaram um pouco, mas não a ponto de abandonar o jogo. O primeiro foi o sistema de câmeras que, como dito, era um problema no original e poderia ter sido melhorado. O segundo foi a questão de quando você termina a campanha com o personagem, ela conta como completa e você não consegue refazer todos os objetivos com outro personagem no jogo.

Eu espero lancem alguma espécie de “New Game +” para darem essa opção de refazer a companha com outro skatista. Afinal, o jogo é divertido e como cada skatista conta com atributos diferentes, completar a campanha com cada um, envolveria estratégias variadas. 

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é um ótimo remaster que traz tudo de positivo que os jogos originais tinham, satisfazendo a nostalgia dos fãs, mas também fez uma repaginação visual necessária e incluiu novos elementos para conquistar um novo público depois de 20 anos. O jogo é recomendado tanto para veteranos na série, quanto para os novos skatistas virtuais.

Leia | Qual a diferença entre remake e remaster em jogos?

Prós

  • Visualmente muito bonito
  • Trilha sonora com boas bandas antigas e novas
  • Muito conteúdo
  • Modo online rápido

Contras

  • Sistema de câmeras um pouco impreciso
  • Controlar o personagem com o analógico pode ser complicado
  • Não poder completar a campanha com mais de um personagem
Nota Final 8.6
Áudio
9
Desafio
8
Diversão
10
Inovação
7
Jogabilidade
8
Replay
9
Visual
9

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André Leonardo

André Leonardo

Ex-analista de conteúdo

André Leonardo é jornalista e radialista formado pela UCAM, com MBA em Mídias Sociais. Trabalhou por 15 anos no mercado audiovisual em empresas como TV Brasil e TV Globo. No Tecnoblog, foi analista de conteúdo entre 2020 e 2023. Apaixonado por games, produziu conteúdo para sites e seu canal no YouTube. Já foi judoca, skatista e atualmente está começando a encarar corridas leves.