Review: Star Wars – O Despertar da Força (com spoilers!)

Passamos anos aguardando pela estreia do filme. E valeu a pena cada segundo.

Matheus Gonçalves
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• Atualizado há 8 meses

Sim, finalmente o dia tão aguardado chegou e pude assistir ao Episódio VII: O Despertar da Força! Como o título do artigo evidencia, este será um review com detalhes do enredo. Caso você ainda não tenha assistido ao filme, favorite este texto e deixe para ler outro dia. Por enquanto, veja nossos outros posts sobre Star Wars.

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Pois é, meus amigos! Fui à pré-estreia de Star Wars – O Despertar da Força. Em não um, mas dois cinemas.

Primeiro para assistir e experimentar a ansiedade de uma nova estreia, das milhares teorias de correlação de personagens, os sustos, surpresas, risadas e afins. Depois, para tentar enxergar os detalhes mais técnicos, imagens escondidas, confirmar suspeitas, memorizar diálogos, prestar atenção em ações e reações já esperadas. Foram apenas alguns minutos de diferença entre as sessões, com direito a uma transição pelas ruas da cidade que me fizeram me sentir um piloto dos Rebeldes.

Vou tentar externar meus sentimentos em relação ao filme, sem explicar exatamente como as coisas aconteceram, numa ordem cronológica. Será muito mais um compilado de detalhes e reações que uma explicação do roteiro, algo que outros veículos já fizeram muito bem.

A verdade é que eu adorei o filme, mesmo. Supriu e superou todas as minhas expectativas, algo que eu achei que fosse ser impossível, tamanho o hype no qual eu estava embarcado. Existem inúmeros pontos positivos, mas também alguns negativos. Nada que tenha estragado o filme, como já deixei claro, mas eles existem e a gente precisa comentar. Portanto, vem comigo!

O que eu não gostei?

Você notará que este será o tópico mais curto do review e esse fato por si só já conta bastante do que foi o Episódio VII.

Uma coisa que me incomodou demais foi a baixa qualidade da interpretação de alguns atores em determinadas cenas. Principalmente de Adam Driver, que dá vida a Kylo Ren. O garoto, que fazia parte da Marinha Americana antes de virar ator, me fez quebrar o que chamamos de suspensão temporária da descrença por diversas vezes.

Para quem não sabe do que se trata, é a capacidade que temos de ignorar o conceito de realidade, voluntariamente, em contos fantásticos, suspendendo o julgamento do que pode ou não ser plausível a favor da narrativa do livro, filme, jogo, o que for. Você simplesmente acredita naquilo, dentro daquele universo.

Em dado momento eu me perguntei se ele era sobrinho de alguém que estava financiando as filmagens.

Em diversas cenas, Adam Driver se mostrou um pouco fraco para o tamanho do personagem que ele estava encenando, com diálogos levemente artificiais.

Na cena em que Kylo Ren mata seu próprio pai, que é (pampampampaaaaaam) Han Solo, a conversa entre os dois deveria ser carregada de emoção, conflitos internos de sentimentos e motivações, amarguras atreladas ao amor pela própria família, mas não é isso que vemos.

Não sei se isso foi um pedido do diretor para tentar levar frieza ao personagem, mas sinto que faltou emoção e dinamismo em suas expressões facial e corporal. Em dado momento eu me perguntei se ele era sobrinho de alguém que estava financiando as filmagens. Para efeito comparativo, se a atuação dele fosse tão sincera quanto suas respostas na entrevista abaixo, já estaria excelente!

A máscara que ele usa ajuda a esconder um pouco as falhas de atuação, apesar de atrapalhar um pouco a qualidade de sua voz. Eu sei, parece duro quando se fala assim, mas infelizmente é verdade. Novamente, nada que comprometesse o filme.

Em outro momento, quando os rebeldes estão em uma sala, discutindo o plano para atacar a base Starkiller (uma espécie de nova Estrela da Morte, muito maior, mais perigosa e com uma arma que usa energia solar para destruir planetas), os personagens soam um pouco robóticos, ou falsos.

Mesmo Han Solo, Leia e outros personagens não parecem convincentes ao comentarem que toda base assim deve ter um ponto fraco, algo que possa explodir. Foi uma sequência de, no máximo, 10 segundos, mas suficiente para dar aquela sobrancelhada.

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Fim. Tá vendo? Nem doeu tanto.

O que eu adorei!

Eu sinceramente não sei nem por onde começar este tópico. Vou me deixar ser levado pela emoção e vamos ver o que sai. Pois bem, Star Wars – O Despertar da Força é uma obra que vai agradar tanto os fãs mais novos, quanto os geeks de Star Wars que consomem tudo e qualquer coisa que leve a marca.

Vou logo de cara falar do BB-8, o pequeno robô que certamente estará em quase todos os presentes de Natal este ano. Ele é engraçado, inteligente, com reações afetivas que nos fazem querer abraçá-lo, além de ser extremamente ágil. E mesmo sem falar uma palavra em qualquer idioma humano, podemos entender tudo o que ele diz.

Nota do editor: MEU DEUS, EU QUERO UM BB-8!!! MANDE UM EMAIL PEDINDO O ENDEREÇO.

Bem no começo do filme existe um diálogo (sim!) entre BB-8 e Finn (originalmente, o stormtrooper FN-2187), no qual o humano pede para que o andróide explique a Rey onde é o acampamento dos rebeldes. Como Finn acabou de desertar, ele não sabe onde fica.

A sequência de reações de BB-8 nesta cena são engraçadíssimas! Eu dei risada mesmo da segunda vez que assisti, e estou rindo enquanto escrevo e me lembro de como foi.

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Se houve uma cena em que praticamente o cinema inteiro tem reações fofinhas é quando BB-8 encontra o que seria uma versão anterior de si mesmo. Ele tira uma capa de cima de R2-D2 e tenta fazer com que o dróid clássico tenha alguma reação. Como ele faz isso? Dando pequenas cabeçadas nele, numa pegada “ow, acorda aí!”. O dia que eu for rico, vou ter estes dois robôs em casa.

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Ela te faz sentir dor, aflição, felicidade, vontade de fazer justiça e transparece tudo isso através da tela.

Se Kylo Ren foi um ponto negativo, o mesmo não posso dizer de Rey, uma garota que trabalha como catadora de ferro velho (ou caçadora de tesouros, dependendo de como você quiser romantizar), que além de ser uma personagem feminina super marcante (em vários sentidos), tem grande influência da Força e guarda em si o principal mistério do Episódio VII.

A atriz Daisy Ridley tem uma qualidade de atuação inversamente proporcional à de Adam Driver. Ela te faz sentir dor, aflição, felicidade, vontade de fazer justiça e transparece tudo isso através da tela. Para se ter uma ideia, Rey ainda está aprendendo a lidar com a Força, e você consegue perceber imediatamente quando ela consegue dominar seus poderes, segundos antes de utilizá-los. Dá para ver em seus olhos, em seu semblante.

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Sobre seu mistério, a gente ainda não sabe como é que ela consegue aprender tão rápido a usar a Força, nem qual é sua ligação com Luke Skywalker. Há quem diga que ela seja sua filha, mas por enquanto isso tudo é suposição.

Uma coisa é certa: ela é uma amálgama de Han Solo (com toda habilidade para pilotar naves e consertar problemas de hardware), além do girl power, pulso firme e habilidades sociais de Leia. Não acho que ela seja filha dos dois, mas a mistura de habilidades é gritante. Talvez uma sobrinha.

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Na cena em que ela toca o sabre de luz de Luke (gente, é um filme infantojuvenil, calma), uma arma que estava perdida há décadas, rola uma catarse temporal e ela se vê quando crianca, aparentemente sendo raptada por um cara com uma tatuagem no braço, depois imagens de sua luta futura com Kylo Ren e finalmente o encontro com Skywalker.

Fica evidente que a lightsaber está clamando por Rey e que ela e o objeto possuem algum tipo de influência mútua.

Aliás, Maz Kanata (personagem interpretada digitalmente por ninguém menos que Lupita Nyong’o) deixa em aberto como é que essa espada foi parar em suas mãos, o que deve ser explicado nos próximos filmes da nova trilogia.

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Uma excelente surpresa também foi o piloto Poe Dameron. O cara é considerado o melhor piloto dos Rebeldes e não é por acaso. Além de ser o parceiro de batalhas do BB-8, ele controla sua X-Wing Fighter T-70 de forma magistral.

Quando Kylo Ren e os soldados da Primeira Ordem estão tentando capturar BB-8 para extrair informações do robozinho, Poe e sua equipe surgem para defender os heróis. Numa sequência de tirar o fôlego (mesmo!) ele destrói várias TIE-Fighters, uma após a outra. Além de libertar Han Solo, Chewbacca e Finn das mãos de Stormtroopers. Que estavam em terra. Utilizando lasers da nave no ar. Em movimento.

Isso sem contar sua participação mais do que importante para destruir o core da base Starkiller. Quando eu crescer, quero ser igual a ele.

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O principal vilão da trama é Snoke, o líder supremo da Primeira Ordem. Trata-se de uma figura extra-terrestre, com uma cicatriz enorme na cabeça, poderes do lado negro da Força e figura malévola. Foi ele quem seduziu o filho de Han Solo e Leia com poderes sombrios.

Ele aparece sentado em um trono, apenas em projeções holográficas gigantescas, dentro de um salão escuro da base Starkiller. E por ser uma projeção, não sabemos exatamente qual seu tamanho real. Seria ele um vilão comum, utilizando uma imagem enorme para amplificar sua monstruosidade? E como ele se tornou a principal ameaça da trama?

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A capitã Phasma, interpretada por Gwendoline Christie (Brienne de Tarth, de Guerra dos Tronos) apareceu em apenas algumas cenas, foi derrubada por Chewbacca e mandada por Solo e Finn para os esgotos do planeta artificial. Teria ela conseguido se salvar? Também fica aí o mistério.

Detalhes, curiosidades e mais perguntas

  • Logo no começo do filme existe um senhor de idade, claramente alguém com ligações a, até então, Princesa Leia. Trata-se de Lor San Tekka (interpretado por Max Von Sydow), um antigo aliado dos Rebeldes com influência da Força e conhecimentos profundos da geopolítica galática. O que ele estava fazendo no meio do nada, escondido em Jakku?
  • Na primeira cena do reencontro de Leia e Solo, o robô C-3PO surge com um braço esquerdo vermelho, teoricamente depois da batalha de Endor. Quanto tempo até alguém chamá-lo de esquerdista vermelho comunista da escória Rebelde?
  • Han Solo morre porque tenta trazer o filho de volta ao lado luminoso da força, mas meio que a contragosto. Para ele, Kylo Ren era um caso perdido, mas Leia pede que seu antigo parceiro traga o filho para casa. Se ela não tivesse falado nada… Eu bem que gostaria que a Rey vingasse sua morte, mas lembro que a vingança nunca é plena, mata a alm…. não, universo errado. A vingança é um dos caminhos para o lado negro da força, afinal.
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  • Falando nisso, durante o flashback de Rey, o braço de um sujeito aparece puxando-a quando ela ainda era criança. O braço tem uma tatuagem e acho que esse detalhe vai ser importante nos próximos filmes.
  • Finn se chamava FN-2187. Quem rebatizou o personagem foi o piloto Poe durante uma das fugas, logo no começo do filme. Sabemos que, como muitos dos soldados da Primeira Ordem, ele foi raptado ainda criança para receber seu treinamento e servir ao que um dia foi o Império. Qual a história dele? Seria Finn parente, em algum grau, de Lando?
  • Em dado momento, Ray está presa em uma cadeira, prestes a ser interrogada por Snoke. Ela está sob os cuidados de um stormtrooper, o qual ela tenta manipular mentalmente para soltá-la das amarras, utilizando a Força nos moldes de “Estes não são os droids que você procura”. Mas, ao menos incialmente, este stormtrooper responde “I’ll tighten those restraints, scavenger scum!” (ou, em português, “Vou apertar essas amarras, sua catadora suja”). O ator que interpreta este soldado é Daniel Craig! Sim, até James Bond está em Star Wars!
  • O filme termina com Rey tentando devolver o sabre de luz a Luke, numa ilha cuja localização era secreta. Ele se isolou após o que aconteceu com os Jedis. E agora a Força despertou, mas não ficou claro qual foi o despertar: se foi Luke voltando à ativa, se é a Força em Rey ou se é a junção de tudo isso. E como Luke foi parar nessa ilha?
  • O grito Wilhelm, famoso entre engenheiros de sonoplastia de Hollywood, foi usado na morte de pelo menos um stormtrooper.
  • A maneira como a computação gráfica se misturou aos animatronics foi sublime e deu um visual muito interessante ao filme. Ficou com a alma da trilogia mais antiga, mas sem parecer datado, velho. Dava ser um pouco melhor, por exemplo nas animações da Maz Kanata e do Snoke, mas ainda assim o resultado é plenamente satisfatório.
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Queria deixar aqui uma salva de palmas à forma como J.J. Abrams encontrou o balanço entre alívios cômicos e ação, as batalhas com sabre de luz, e como sumariamente deixou para trás toda aquela história maluca de midi-chlorians.

No mais, passamos anos aguardando pela estreia do filme. E valeu a pena cada segundo. Agora vamos ficar aguardando o próximo. Que a força esteja com você e até lá!

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Matheus Gonçalves

Matheus Gonçalves

Ex-redator

Matheus Gonçalves é formado em Ciências da Computação pelo Centro Universitário FEI. Com mais de 20 anos de experiência em tecnologia e especialização em usabilidade e game development, atuou no Tecnoblog entre 2015 e 2017 abordando assuntos relacionados à sua área. Passou por empresas como Itaú, Bradesco, Amazon Web Services e Salesforce. É criador da Start Game App e podcaster do Toad Cast.

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