Cidade sob ataque! A polêmica em torno de SimCity continua
Na quinta-feira eu escrevi sobre o SimCity, essa incrível promessa de jogo de estratégia que tem se provado uma grande decepção para os compradores que fazem fila na entrada dos servidores da EA. Inclusive, falaremos sobre o assunto no Podcast gravado ontem (aê!). A publisher EA diz estar empenhada em resolver as questões de funcionamento e prometeu mais servidores, o que deveria ter sido pensado desde o início. Enquanto isso, as análises do jogo continuam pipocando. O site americano Polygon decidiu abaixar a nota do game enquanto os problemas não forem sanados. Pela segunda vez.
A análise publicada no domingo (03/05) fala em “vício em engenharia”. Inicialmente, o autor do texto atribuiu nota 9,5 do máximo de dez para a produção que vem atraindo a atenção de tantos de nós que curtiram construir cidades durante horas e depois destruí-las em questão de minutos nas versões anteriores de SimCity – sim, eu sei que você faz parte deste grupo.
Parecia que tudo ia muito bem. O autor vai lá, testa o game num ambiente controlado pela EA com servidores dedicados à mídia internacional, e em seguida dá uma nota fantástica para um jogo que parece fantástico. Eis que a Electronic Arts coloca SimCity na praça e a tragédia acontece, como sabemos. Lentidão, dificuldades de acesso, aplicativos fechando inesperadamente no Windows (ainda não tem versão para OS X da Apple).
Dear @ea @simcity, this is bullshit. Put on more fucking servers STAT. twitpic.com/c9g2d9
— Rafael Silva (@rafacst) 7 de março de 2013
Primeiro de tudo, é preciso questionar novamente o motivo de a EA não ter se preparado para o lançamento de um título dessa magnitude. Os responsáveis afirmam que a equipe de técnicos fica 24 horas por dia monitorando para resolver os problemas técnicos. Como supracitado, servidores extras entraram em funcionamento nas últimas 48 horas.
Não obstante, decidiram desativar alguns dos recursos que prometiam fazer de SimCity o fenômeno de vendas que é – sem direito a reembolso por ser um produto digital, de acordo com a EA. Muitos gamers têm chiado em especial pela desativação do modo Cheetah, aquele que permite acelerar o jogo para ver as coisas acontecerem mais rapidamente. Permanecem os ritmos normal e lento, mas nada do acelerado. E cá entre nós, tem horas em que realmente só queremos ver como a cidade vai se sair depois de uma decisão importante do grão-prefeito.
Voltando ao site Polygon, eles decidiram na noite de quinta-feira rebaixar novamente a nota do jogo. A segunda atualização se justifica pela “remoção de certos recursos” a fim de melhorar o desempenho dos servidores. Diz o autor que as modificações, como o fim temporário do quadro de jogadores com maior pontuação, deixou o jogo menos legal. Se a performance do jogo melhorou ao se conectar com a nave mãe? Também não.
Resultado: o site do grupo Vox Media decidiu que a nota de SimCity cai para 4,0 até que os problemas de servidor se resolvam.
Pelo menos dois apontamentos me ocorrem neste momento sobre a decisão do site especializado em games. Por que eles aceitaram fazer uma análise baseada em “software de pré-lançamento”? Normalmente os veículos de mídia proíbem tratamento diferenciado a seus autores porque normalmente isso quer dizer tratamento melhor, que pode não corresponder à realidade. Eu ainda aguardo que me respondam o tweet abaixo.
@polygon Sorry, I don’t understand. You said that wouldn’t review SimCity “prior to retail release”, but published “using pre-release code”.
— Thássius Veloso (@thassius) March 8, 2013
Outra dúvida que me acomete diz respeito às revisões de nota na análise de SimCity. Por quanto tempo mais será que o site em questão terá condições de reavaliar a nota dos jogos que acompanha para manter seus leitores sempre atualizados? Essa é uma dificuldade que qualquer veículo também enfrenta. Aqui na redação cheguei a perguntar: dá pra mudar a nota de um celular que recebe upgrade do sistema e, devido a isso, fica melhor? São situações diferentes porque um jogo é basicamente software (em termos de análise), enquanto um gadget se baseia na combinação de hardware e software para uma experiência. Se essa experiência melhora, podemos nós, que cobrimos o assunto, estar sempre com os textos mais atualizados?
São dúvidas de quem observa com entusiasmo os novos veículos de mídia digital, caso do notável Verge e mais recentemente do Polygon (ambos da Vox Media), ainda com alguns questionamentos em mente. O que você esperaria de seu site preferido no que tange às análises publicadas? Essa é uma discussão que começa agora.
Por sinal, longe de mim querer apontar dedos para o Polygon. É um site que curto muito e do qual não tenho nada a reclamar.