Os jogos mais estranhos do mundo
Peixes com rosto de seres humanos e tiro ao alvo de urina são apenas alguns exemplos.
Arte é provavelmente uma das coisas mais subjetivas que existem. Qualquer metodologia usada pra medir produções artísticas é completamente arbitrária e nenhuma opinião é necessariamente mais “válida” que a outra.
Apesar disso, acho que todos conseguimos chegar a um consenso quando o assunto é arte esquisita. Vamos usar como exemplo a produção “Merda d’artista“, um trabalho “artístico” e metalinguístico que consistia simplesmente em noventa latinhas de metal carregando fezes do artista italiano Piero Manzoni. Num caso de bizarrice desse calibre, praticamente todos concordarão que o negócio é estranho mesmo.
Vocês devem saber que sou um dos que propõem o reconhecimento dos videogames como um meio de arte. E assim como no caso do tal artista italiano, alguns games são indiscutivelmente esdrúxulos, por mais boa vontade que você tenha ao analisar o jogo.
Como por exemplo…
Seaman (Dreamcast)
Seaman era um jogo de bichinhos virtuais nos moldes do icônico Tamagotchi que dominou os recreios ao redor do mundo nos anos 90. Não bastasse o nome do jogo (que, no inglês, tem exatamente a mesma pronúncia de “sêmen” — o que dá um significado bem diferente ao “Caution Seaman” da capa), o jogo tem tutorial narrado por ninguém menos que Leonard Nimoy, em sua primeira colaboração na produção de um videogame. Considerando o conteúdo esquisito do jogo, uma voz tão séria quanto a do Spock narrando a coisa é desconcertante.
Por que o jogo é tão estranho?
O mote do jogo era o reconhecimento de voz, algo que até hoje ainda não é muito utilizado nos games. Acontece que se conversar com peixes já é algo meio esquisito, conversar com peixes com rostos humanos é mais bizarro ainda — especialmente quando os bichos são estranhamente condescendentes em relação ao jogador, como mostra o vídeo acima.
Além disso, os rostos “realistas” dos peixes provocam o fenômeno de Vale da Estranheza, tornando toda a experiência ainda mais esquisita.
Sneak King (Xbox e Xbox 360)
Lá por volta de 2003, a rede americana de fast food Burger King iniciou uma campanha publicitária que se resumia a comerciais mostrando o seu garoto propaganda (o hipotético “Rei do Hamburger” que supostamente dá o nome à cadeia de restaurantes) surpreendendo desavisados e oferecendo sanduíches a eles.
O público em geral julgou as propagandas um tanto… esquisitas. O Rei recebeu a alcunha popular de “Creepy King”, que significa mais ou menos “O Rei Assustador”, e virou até meme internético.
Três anos mais tarde, a agência responsável pelas propagandas julgou que a imagem não-intencional do Rei como um personagem arrepiante servia de forma positiva para o reconhecimento da marca. Naquele ano restaurante encomendou uma nova ação da agência, que dessa vez envolvia o lançamento de mini-games que se utilizavam da imagem do Rei.
E assim surgiu o jogo Sneak King. Sneak significa “aproximar-se sorrateiramente”; junto com o termo King vira o verbo sneaking, que representa o ato de se aproximar de alguém despercebidamente . Que era justamente o ato que tornava o Rei tão bizarro.
O personagem já tinha uma aparência esquisita e um comportamento mais estranho ainda; colocar o jogador em seu lugar — e narrando a coisa como se fosse um filme de terror — é difícil de descrever de tão bizarro. Aquela tomada da visão em primeira pessoa do Rei, com direito a respiração ofegante claramente audível, pareceu coisa de serial killer.
Boong Ga Boong Ga (Arcade)
Nossos colegas asiáticos têm uma já notória predileção por games esquisitos e com um certo viés sexual. Boong Ga Boong Ga é um bom exemplo desta cultura.
Existe no Japão uma brincadeira infantil chamada kancho que consiste em enfiar os dedos violentamente na região anal de um colega desavisado. Pois bem, alguém pensou em criar um jogo baseado nessa prática.
https://www.youtube.com/watch?NR=1&v=PSNLZ8LcwQg
Como você pode ver, é possível escolher o personagem que receberá o golpe (que, dependendo da legislação do local onde você mora, pode muito bem ser interpretado como assédio sexual): sogra, ex-namorada, prostituta ou até mesmo molestador de crianças. O rosto do personagem se contorce quando você atinge sua retaguarda.
Ah, os jogadores que se destacam recebem um pequeno troféu no formato de… fezes.
Toylets (mais ou menos arcade)
Se você achou os games citados até agora perfeitamente comuns, vamos ver o que você acha disto aqui. A Sega tirou uma folga de sua atarefada agenda de arrastar o nome do Sonic na lama e bolou um jogo eletrônico que usa xixi como método de input.
O “controle” do game é o próprio mictório, dotado de sensores que registram a intensidade e a direção da urina e convertem isso para sinais eletrônicos que então aplicam ao jogo. Em um dos games você precisa remover tinta de uma parede (adivinha como), enquanto outro apenas mede a pressão do seu xixi.
Você ainda não está satisfeito? Que tal essa: há até um método multiplayer.
Da próxima vez que você declarar que um game é uma “nojeira”, repense. Poderia ser bem pior.