Primeiras impressões: Moto G de 3ª geração tem boas novidades, mas isso é suficiente?

Terceira geração do Moto G chega ao Brasil custando entre R$ 849 e R$ 1.049

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 mês
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Depois de todo mundo, foi a vez da própria Motorola anunciar a terceira geração do Moto G. O novo smartphone da marca chega ao Brasil com boas mudanças: corpo resistente à água, câmeras superiores e personalização pelo Moto Maker. Mas isso é o suficiente para manter o reinado do Moto G entre os intermediários? Fui conferir o lançamento de perto e abaixo estão minhas primeiras impressões.

Entre os aparelhos apresentados nesta terça-feira (28), o Moto G de 3ª geração é o único que manteve boa pegada — os novos Moto X ficaram anormalmente grandes e com ergonomia prejudicada. A agradável textura com linhas diagonais na traseira e o detalhe metalizado na câmera, que agora possui flash LED duplo, só colaboraram para melhorar o design em relação à geração anterior. A sensação é que estou lidando com um smartphone de patamar de preço superior.

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O que não mudou (ou não mudou quase nada)

Algumas coisas não mudaram. Continuamos com a tela LCD de 5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels, que entrega boa definição na faixa de preço, ângulo de visão satisfatório e brilho alto o suficiente para você não ter problemas ao usar o smartphone sob a luz do sol. O contraste não surpreende, mas não é o que esperaríamos de um aparelho dessa categoria.

A bateria também não sofreu grandes alterações: aumentou timidamente de 2.390 mAh (no Moto G de 2ª geração com 4G) para 2.470 mAh. O restante do hardware tem consumo energético bem parecido com a geração anterior, então a autonomia deverá ficar no mesmo patamar, suficiente para aguentar até o final do dia para um usuário médio.

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O que mudou um pouquinho, mas é meio decepcionante

O processador mudou do Snapdragon 400 de 1,2 GHz para um Snapdragon 410 de 1,4 GHz. Quando os dois rodam no mesmo clock, o Snapdragon 410 normalmente oferece um desempenho bruto em torno de 15% a mais em multi-core. Como a frequência aumentou, podemos esperar um ganho levemente maior. É um bom upgrade? É. Mas, ao mesmo tempo, é decepcionante que a Motorola esteja usando o chip de seu smartphone de entrada ou de um aparelho de R$ 499. Considerando o bom histórico da marca, um Snapdragon da série 600 seria mais bem-vindo.

A boa notícia é que agora é possível colocar 2 GB de RAM no Moto G de 3ª geração por meio do Moto Maker, se você estiver disposto a pagar R$ 979 (esta é a versão que está comigo para review). Embora a geração anterior lidasse bem com 1 GB de RAM, gerenciando os aplicativos em plano de fundo sem deixar o smartphone lento, ela já começava a dar sinais de cansaço com a atualização para o Lollipop e os softwares cada vez mais pesados.

Aqui, a mesma sensação de decepção aparece: o Zenfone 5, concorrente mais próximo do Moto G, já oferece 2 GB de RAM em todas as versões desde o ano passado — inclusive na mais básica, que custa R$ 599 na loja da Asus. Com preços começando em R$ 849, é complicado aceitar versões do Moto G de 3ª geração que ainda trazem apenas 1 GB de RAM.

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O que realmente mudou

Se o hardware é mais do mesmo, o software, o acabamento e a câmera tentam equilibrar a balança. A Motorola, que sempre ofereceu câmeras inferiores aos dos concorrentes, começou a investir pesado na nova geração — os novos Moto X prometem bastante em fotografia. No Moto G de 3ª geração, temos uma câmera traseira de 13 MP (o sensor é o mesmo do Nexus 6) com direito a flash LED duplo e uma câmera frontal de 5 MP, para entrar de vez na moda das selfies.

A câmera é realmente boa? Precisarei de mais testes antes de chegar a uma conclusão, mas as primeiras sensações são mistas — mais positivas do que negativas. As cores estão próximas do que enxergamos na vida real e o algoritmo de pós-processamento consegue preservar os detalhes dos objetos, mas o nível de ruído em ambiente interno, com iluminação artificial, assustou um pouco. Abaixo você confere algumas fotos de exemplo:

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Falando em câmera, o novo Moto G ganhou os truques de software do Moto X. O celular está com a tela desligada e você quer tirar uma foto? Segure o aparelho e gire o punho. Quer alternar para a câmera frontal? Repita o movimento. Está escuro e precisa ligar a lanterna? Agite o smartphone duas vezes.

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Outra novidade de software é o Moto Tela, que exibe prévias de notificações mesmo quando o smartphone estiver bloqueado e com a tela desligada — basta pegar o aparelho com a mão, e a tela acenderá levemente. Infelizmente, o Moto G de 3ª geração ainda não traz os sensores infravermelho do Moto X, que detectam movimentos sem que você precise pegar o aparelho com a mão. Não dá para ter tudo.

A Motorola destacou que o aparelho agora tem certificação IPX7 e pode ser submerso em água sem ser danificado. No local do evento, havia várias bacias cheias de água para mergulhar o smartphone. Apesar disso, a empresa é cautelosa e diz que o aparelho não foi projetado para funcionar dentro da água; trata-se apenas de uma proteção contra acidentes. De qualquer forma, é um avanço em relação ao revestimento repelente a água, presente na geração anterior, que já evitava alguns acidentes.

O Moto Maker, uma novidade no Brasil, permite personalizar as cores do Moto G e até gravar uma mensagem personalizada na traseira, que também é exibida na tela de inicialização. São literalmente milhares de combinações possíveis. Eu só acho que a gravação não combinou muito bem com a traseira texturizada; como a fonte é muito fina, a visibilidade da mensagem é prejudicada.

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  • Tela: LCD de 5 polegadas (1280×720 pixels) com Gorilla Glass 3;
  • Processador: Snapdragon 410 (quatro Cortex-A53 de 1,4 GHz);
  • GPU: Adreno 306;
  • Memória: 1 GB ou 2 GB (RAM) e 8 GB ou 16 GB (armazenamento). Entrada para microSD de até 32 GB;
  • Bateria: 2.470 mAh;
  • Câmeras: 5 MP (frontal) e 13 MP (traseira, com gravação 1080p);
  • Conexões: 4G Dual SIM e Wi-Fi 802.11ac.

E aí?

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O Moto G de 3ª geração é uma atualização para manter vivo um bom smartphone acessível. Nem de longe ele causa o impacto que tivemos na primeira geração, que mudou completamente o mercado de smartphones intermediários no Brasil — até por causa das recentes estreias da Asus e Xiaomi no país, que vieram com bons produtos e preços ainda mais agressivos.

As novidades são suficientes? Para nós, que acompanhamos o mercado de tecnologia de consumo diariamente, acho que fica a sensação de “queria mais”. Para o público em geral, o aparelho deverá ser bem recebido. A Motorola já conseguiu consolidar seu nome no mercado, depois de um passado negro cheio de bloatwares e aparelhos ruins, e a nova geração do Moto G de 3ª geração foca justamente no que mais afeta os aparelhos dessa faixa de preço: a câmera.

Veremos se o Moto G continua sendo um smartphone intermediário com bom custo-benefício no review completo, que será publicado na semana que vem. O que vocês querem saber sobre ele?

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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