Apple restringe monitoramento via cookies no Safari e irrita anunciantes

Felipe Ventura
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• Atualizado há 1 semana

Em junho, a Apple anunciou que o Safari iria restringir o monitoramento de sua navegação na web. O navegador usa aprendizado de máquina para identificar cookies de terceiros, que não pertencem ao site que você está visitando, e impõe um limite de 24 horas para eles.

Esta semana, diversos grupos da indústria publicitária divulgaram uma carta aberta para a Apple dizendo que estão “profundamente preocupados”, pois isso será “ruim para o consumidor e ruim para o conteúdo e serviços online suportados por anúncios”.

O recurso do Safari se chama Intelligent Tracking Prevention. Suponha que o Site A e o Site B adotam a mesma rede de anúncios: ela usa um mesmo cookie para saber que você visitou os dois sites, o que você fez neles, qual navegador você usou etc. A ideia é que, com isso, você possa ver anúncios direcionados para suas preferências.

No Safari 11 para iOS e macOS High Sierra, esse tipo de cookie é barrado de fazer monitoramento entre sites, a menos que o usuário visite o site novamente dentro de 24 horas. Devido a essa regra, Facebook e Google não são afetados: os usuários geralmente ficam logados e voltam a visitá-los.

Ou seja, isso pode prejudicar mais as empresas publicitárias menores, como Adroll e Criteo. E elas temem que o Safari vai reduzir ainda mais seu espaço em anúncios online; Facebook e Google já dominam 70% do mercado.

A carta aberta diz que o Safari 11 “substitui as preferências de cookies controladas pelo usuário por um conjunto de padrões opacos e arbitrários da Apple”, e que essa abordagem “levará a uma separação entre as marcas e seus clientes, e tornará a publicidade mais genérica, menos conveniente e menos útil”.

Como lembra o CNET, a indústria publicitária teve a oportunidade de adotar um padrão chamado Do Not Track, em que o usuário escolhe não ser monitorado para anúncios personalizados. É um recurso presente em diversos navegadores, mas que depende dos anunciantes — e eles não gostaram da ideia, por isso o projeto fracassou.

Agora, os navegadores estão mais agressivos em restringir conteúdo. Até o Google Chrome vai bloquear anúncios considerados invasivos, como vídeos que tocam sozinhos e banners que ocupam a tela inteira.

Com informações: The Verge, CNET.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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