Disquete da Nintendo com segredos de Earthbound é resgatado após 26 anos

A Video Game History Foundation (VGHF) restaurou um disquete de 26 anos que guardava arquivos originais do jogo Earthbound, da Nintendo. No dispositivo, havia códigos de programação do game que nunca foram usados, cenas cortadas e até comentários do desenvolvedor Shigesato Itoi. Nesta sexta-feira (4), a fundação deu detalhes sobre o processo de recuperação dos arquivos e revelou curiosidades sobre o game que estavam perdidas.

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A VGHF quase não conseguiu restaurar o disquete
O disquete, encontrado em 2018, pertencia ao tradutor original de Earthbound, Marcus Lindblom. Na época, Lindblom tentou recuperar os arquivos por meio de um computador antigo, mas descobriu que ele mesmo havia deletado todo o conteúdo para salvar outro trabalho, há muitos anos.

Na esperança de encontrar alguma informação perdida, Lindblom enviou o disquete para a Video Game History Foundation. A fundação trabalha para restaurar, preservar e ensinar a história dos jogos digitais. No caso do disquete de Earthbound, a organização usou softwares de análises forenses para encontrar os dados perdidos no disco antigo.

Um dos membros da organização, Frank Cifaldi disse só ter conseguido encontrar os dados perdidos porque, após apagar todo o conteúdo de Earthbound do disquete, Lindblom havia gravado apenas um arquivo de texto simples.

Depois de recuperar o dispositivo, Cifaldi descobriu diversos arquivos de script na linguagem de programação original usada no criação de Earthbound. Esses scripts, porém, tinham alguns segredos que nunca chegaram à versão final do game, como nomes de personagens desconhecidos, diálogos e cenas cortadas e até mesmo notas do desenvolvedor.

O roteiro original de Earthbound tinha referências a Mother (Imagem: Divulgação/VGHF)

O disquete de Earthbound tinha cenas cortadas do jogo final
Para entender melhor a importância da descoberta, a VGHF fez uma parceria com Clyde “Tomato” Mandelin, considerado um especialista da franquia Earthbound — lançada com o nome de Mother, no Japão. Mandelin também é conhecido por co-traduzir o game Mother 3 e oferecer o patch gratuitamente aos jogadores.

Para Mandelin, as informações guardadas no disquete são, na maior parte, confusas, até mesmo para os fãs mais dedicados da série. Além disso, não há grandes segredos ou revelações chocantes nos arquivos perdidos de Earthbound, mas, sim, algumas curiosidades.

Por exemplo, uma das falas cortadas mencionava um inimigo que se descrevia como “O Homem Mais Fraco de Toda Twoson” e, logo depois, cantava a própria vitória, dizendo algo como “você é só uma criança, então deve ser fácil”. No final, o jogador venceria a batalha de qualquer forma.

Outra cena encontrada no disquete chegou a ser colocada no jogo, mas com uma diferença. Na versão final, o jogador começava a ver alucinações após comer um “Bolo Mágico”. Já no roteiro original, o protagonista teria essas mesmas visões quando recebesse uma massagem com óleo na praia.

“Na Praia Carillion há uma moça chamada Jill que faz massagens bem interessantes. Aparentemente, eles até fazem você ter bons sonhos. Sonhos REALMENTE bons, sabe? Não parece ótimo?”, falava um dos personagens não jogáveis no roteiro original. Vale lembrar que os protagonistas do jogo são crianças, então dá para imaginar por que a cena foi cortada.

A cena da praia foi removida da versão final de Earthbound (Imagem: Divulgação/VGHF)

Earthbound teria comentários do desenvolvedor
Outra curiosidade encontrada nos scripts originais de Earthbound foram os comentários do desenvolvedor do jogo, Shigesato Itoi. Nas mensagens, Itoi explicava alguns dos diálogos que eram apresentados aos jogadores. A ideia era quebrar a quarta parede e conversar com a pessoa sentada do outro lado da tela.

Além disso, Itoi fazia muitas referências ao jogo Mother, lançado somente no Japão. O problema é que Earthbound é a versão ocidental de Mother 2. Provavelmente, a decisão de remover essa parte do game foi para não confundir as pessoas que nunca jogaram o primeiro título.

Com informações: Ars Techinica, Video Game History Foundation.

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