Oi tem dificuldade de expandir fibra em áreas controladas por milícias no RJ

Operadora relata que estado do Rio de Janeiro já possui 105 áreas onde milícia, tráfico ou quadrilha impedem expansão e manutenção das redes de telecomunicações

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Técnicos da Oi expandindo rede de fibra óptica em Belo Horizonte/MG

A Oi tem concentrado esforços na expansão da rede de fibra óptica, que ainda não atende todos os locais cobertos com a antiga infraestrutura de cobre. No entanto, a operadora relata dificuldades no atendimento de 105 comunidades no estado do Rio de Janeiro, por conta de impedimentos feitos por milícias, quadrilhas e traficantes.

O imbróglio foi revelado por Alexander Castro, gerente de relações institucionais da Oi, durante o evento Painel Telebrasil 2021. Ele relata que existem roubos, furtos e vandalismos dirigidos:

“É diferente daquele vandalismo que a gente tratava nos anos 2000, de jovens que excediam na bebida e eventualmente arrancavam um monofone de um telefone público.

A gente tá falando do vandalismo premeditado, orquestrado, com objetivo claro de conseguir a interrupção do serviço de telecomunicações prestado com aquela infraestrutura”

Alexander Castro, gerente de relações institucionais da Oi

São várias as comunidades em que a milícia ou grupo de tráfico local possuem suas próprias operadora de internet banda larga. Vários desses provedores acabam utilizando equipamentos e cabos sem procedência certificada, além de atuar sem autorização da Anatel.

RJ tem 105 áreas que restringem técnicos de telecom

Castro detalhou como as milícias avançaram contra a atuação de equipes de telecom ao longo dos últimos anos no estado do Rio de Janeiro:

  • em agosto de 2019, a Oi registrava 25 comunidades em impedimento na região metropolitana do Rio de Janeiro e em Cabo Frio;
  • em fevereiro de 2021, o número de localidades restritas saltou para 81, expandindo também para os municípios de Búzios, Itaguaí e Angra dos Reis;
  • em setembro de 2021, já são 105 comunidades em que a equipe técnica da Oi encontra dificuldades para realizar a manutenção da rede.

Castro afirma que a atuação das milícias contra as equipes técnicas de telecomunicações coloca em risco a vida dos colaboradores da operadora e seus terceirizados, o que inviabiliza a manutenção da rede. Isso também afeta a qualidade do serviço prestado aos assinantes, que passam a ter percepção negativa sobre a tele.

Parte do material roubado é vendido como sucata (especialmente cabos de cobre), mas há reuso de alguns equipamentos e cabos ópticos por pequenas companhias de internet. Para a Oi, “não dá mais pra dizer que o problema faz parte do risco de negócio”, porque as ocorrências criminosas afetam tanto as redes fixas e móveis, além de prejudicar outros setores essenciais como bombeiros, hospitais e escolas.

A Oi afirma que envia correspondências para a Anatel informando as consequências dos contínuos furtos na sua rede. A tele também cobra da agência o reconhecimento da gravidade do problema, bem como uma possível atuação conjunta com autoridades de segurança pública para identificação das áreas com restrição de acesso de equipes técnicas.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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