Adobe vai pagar a artistas que fornecerem vídeos para treinar IA

Adobe busca filmagens de ações cotidianas para treinar IA, indicando que geração de vídeos é a próxima aposta da companhia

Emerson Alecrim
Por
Adobe vai pagar a artistas que fornecerem vídeos para treinar IA (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Adobe vai pagar a artistas que fornecerem vídeos para treinar IA (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

A Adobe está recorrendo à sua rede de criadores para comprar vídeos que possam treinar a sua inteligência artificial (IA). Esse é um esforço da companhia para acompanhar o crescente movimento da IA generativa, aquela que gera conteúdo em texto, imagem, vídeo ou áudio de acordo com as instruções do usuário.

Serviços como ChatGPT (textos), Midjourney (imagens) e Lumiere (vídeos) geram resultados impressionantes. Mas todas essas ferramentas dependem de grandes volumes de dados para que seus mecanismos de inteligência artificial sejam treinados. Isso explica a disposição da Adobe de pagar por conteúdo para esse fim.

A decisão da companhia foi reportada pela Bloomberg, que aponta que a Adobe está oferecendo aos criadores de conteúdo US$ 120 por algo entre 40 e 45 minutos de vídeo. Esse valor corresponde a aproximadamente US$ 3 por minuto de gravação.

O conteúdo desses vídeos precisa abordar ações cotidianas de pessoas, como andar, correr, fazer exercícios físicos e usar o celular. Gravações que mostram partes da anatomia humana (pés, mãos, olhos, orelhas, entre outras) também são aceitas, bem como vídeos que mostrem emoções (raiva, tristeza e alegria, por exemplo).

Iniciativa é bem-vinda, mas valor é justo?

O ChatGPT e o Google Gemini foram e são treinados com publicações disponíveis na web. Consequentemente, há debates sobre se os sites ou autores desses conteúdos deveriam ter recompensados por isso. Essa situação indica que a decisão de pagar por vídeos para treinar mecanismos de IA generativa livra a Adobe dessa polêmica.

Por outro lado, o pagamento pelo conteúdo de treinamento abre espaço para outros questionamentos. Um deles é se o valor pago por minuto é justo. Ainda que os vídeos buscados pela Adobe não exijam nenhuma produção especial, as gravações podem demandar bastante trabalho por parte dos criadores.

O questionamento sobre os valores ganha mais força se considerarmos que os autores não receberão royalties pelos filmagens, afinal, esse conteúdo visa treinar a IA, não devendo fazer parte do acervo de vídeos que a Adobe disponibiliza aos usuários de seus serviços.

De todo modo, a iniciativa é mais aceitável do que o uso na surdina de conteúdo disponível na internet para treinamento de ferramentas de inteligência artificial com foco comercial.

Mudando o "clima" de uma imagem via Firefly (imagem: divulgação/Adobe)
Adobe Firefly (imagem: divulgação/Adobe)

Depois de uma IA para imagens, outra para vídeos

Hoje, a principal aposta da Adobe no segmento de IA generativa é o Firefly. Lançada em 2023, a ferramenta é capaz de gerar imagens de qualquer tipo a partir de textos informados pelo usuário.

Treinar um modelo de IA para gerar imagens é um desafio dos grandes. Não surpreende, portanto, a revelação dada pela Bloomberg de que a Adobe também paga a artistas por fotos para aperfeiçoar a sua tecnologia generativa, em valores variando entre US$ 0,06 e US$ 0,16 por imagem.

A busca por filmagens sugere que a próxima aposta da Adobe é a oferta de vídeos gerados por IA. A companhia poderia usar o seu próprio acervo de vídeos para treinar esse sistema. E talvez o use. O problema é que esse acervo provavelmente não é suficiente para isso por ter foco comercial. Requisitar vídeos de terceiros acaba sendo um caminho natural, portanto.

Relacionados

Escrito por

Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.