App único para bancos é o futuro do Open Finance, diz presidente do BC

"Ninguém vai ter cinco aplicativos de banco no celular, não faz o menor sentido isso", diz Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

Giovanni Santa Rosa

As muitas transformações de tecnologia bancária dos últimos anos, como o Pix e o Open Finance, poderão ser reunidas em um único aplicativo com acesso a todas as contas e cartões. A ideia foi apresentada por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), nesta quinta-feira (18).

Campos Neto participou da apresentação “Cenário da Política Monetária” do Macro Day 2022, conferência realizada pelo banco BTG Pactual. Além de comentar a política monetária, a situação da inflação e outras questões do tipo, o presidente do BC reservou um tempo para apresentar a agenda da instituição para inovações.

Alguns tópicos eram conhecidos, como as transações offline e internacionais no Pix, Open Finance e o Real Digital. Campos Neto, porém, disse que eram apenas “pecinhas” em algo maior.

Substituir todos os apps de bancos por um só

“Aqui é onde todas as pecinhas se encaixam”, disse Campos Neto ao apresentar a tela de um agregador de serviços financeiros. “Esse aqui é um teaser que eu fiz para os bancos, uma brincadeirinha.”

O presidente do BC diz que imagina, no futuro, um único aplicativo para dar acesso a serviços bancários de diferentes empresas. “Ninguém vai ter cinco aplicativos de banco no celular, não faz o menor sentido isso”, comentou. “Você vai ter um, que vai integrar tudo. O Open Finance faz isso.”

Um aplicativo desse tipo poderia centralizar funções como Pix, exemplifica Campos Neto. Ao tocar nesse tipo de transferência, seria possível visualizar os saldos em cada banco, caso o pagamento seja no débito, ou os limites, caso seja no crédito.

Imagem apresentada por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, no BTG Pactual Macro Day 2022
Imagem apresentada por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, no BTG Pactual Macro Day 2022 (Imagem: Reprodução / Banco Central)

Ainda seria possível acompanhar investimentos analógicos e digitais, stablecoins emitidos pelos próprios bancos, uma posição consolidada com todos os saldos e uma área de fluxo de pagamentos substituindo faturas e parcelamentos, além de outros serviços.

Em uma das falas, a autoridade dá a entender que serão os próprios bancos a oferecer apps desse tipo. “A briga [entre os bancos] vai deixar de ser por produto, em algum momento, e vai passar a ser por canal. Quem tiver o canal que centraliza isso, vai ter uma vantagem comparativa. A gente vê algumas instituições já investindo em seu canal.”

Cliente deve ter carteira de dados monetizada

A provocação de Campos Neto, com a ideia de reunir todos os dados bancários em um único app, não parou por aí. Ele também ventilou a ideia de reunir todas as informações financeiras de uma pessoa em uma carteira de dados financeiros, que poderia ser monetizada.

“Aí tem um ponto muito importante, que eu acho que não vai ser no curto prazo, mas acho que a gente vai conseguir fazer no médio prazo, que é [permitir que] as pessoas [possam] monetizar seus próprios dados.”

Para o presidente do BC, quando o mercado estiver mais organizado, os dados podem ter mais alcance e serem monetizados.

Outra ideia dele é criar uma carteira digital offline, com processo simplificado de autenticação, para pagamentos via Pix no dia-a-dia.

Os slides de Campos Neto foram disponibilizados no site do Banco Central. A apresentação está disponível no canal de YouTube Investidor em Valor.

Leia | O que é Beyond Banking? Entenda como bancos querem atrair novos clientes

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.