Neon Pagamentos dá explicações sobre o que aconteceu com seu dinheiro

Felipe Ventura
• Atualizado há 8 meses

Nesta sexta-feira (4), a empresa Neon S/A sofreu liquidação extrajudicial após um decreto do Banco Central, acusada de “graves violações às normas legais e regulamentares”. Ela já foi conhecida como Pottencial.

Em comunicado no Facebook, a Neon Pagamentos tenta esclarecer o assunto, dizendo que “sua conta continua ativa e em breve você poderá voltar a usá-la normalmente”.

Para entender o caso, primeiro é preciso saber a diferença entre a Neon Pagamentos — que oferece a conta corrente gratuita — e a Neon S/A, que atuava como banco parceiro.

Neon Pagamentos vs. Neon S/A

Em 2016, uma startup chamada Controly fez uma joint venture com o então Banco Pottencial. Ela mudou de nome para Neon Pagamentos; e o banco passou a se chamar Neon S/A.

“A marca Neon pertence à Neon Pagamentos. Emprestamos ao Banco Neon durante o período do acordo operacional entre as empresas, para não gerar confusão entre os clientes”, explica Pedro Conrade, fundador da startup, à Folha.

Para manter as contas digitais, a Neon Pagamentos precisa de parceria com uma instituição financeira autorizada pelo BC. Só que a Neon S/A foi liquidada porque tinha patrimônio líquido negativo, e não fazia os controles necessários para prevenir lavagem de dinheiro.

Ou seja, a Neon Pagamentos vai precisar de outro parceiro. Até lá, o acesso à sua conta permanecerá instável.

“Não temos nenhuma preocupação em relação a achar um banco parceiro, deve ter umas 300 mensagens de apoio, de donos de empresas, de bancos, pessoas do mercado. Eles sabem que somos sérios, não fizemos nada de errado”, diz Conrade à Folha.

A startup anunciou na quinta-feira (3) que recebeu um aporte de R$ 72 milhões “destinado ao futuro crescimento da empresa”.

Instabilidade

No comunicado, a empresa diz que “seu dinheiro em conta continua disponível para saque e compras por meio do cartão físico de débito”.

Eu sou correntista do Neon. Tentei fazer saques hoje à tarde, sem sucesso. O caixa do Banco24Horas dizia que “houve uma falha na comunicação com sua instituição financeira” e não realizava a transação. Diversos usuários do Twitter passaram pela mesma situação.

A empresa também diz que “alguns serviços do aplicativo estão temporariamente indisponíveis”. Isso inclui envio e recebimento de transferências, pagamento de contas, Objetivos (investimentos) e recarga de celular.

No entanto, eu simplesmente não consigo fazer login. Aparece a mensagem “serviço indisponível, no momento estamos fora do ar”. O cartão de crédito Neon, lançado recentemente sem cobrança de anuidade, “também está instável no momento”.

Além disso, por determinação do BC, o site banconeon.com.br não dá acesso à sua conta, exibindo apenas o decreto que liquidou o Neon S/A. Isso deixou os clientes mais confusos, e mais preocupados.

Contas não serão afetadas

O BC diz em nota que “as irregularidades encontradas na Neon S/A não estão relacionadas com a abertura e movimentação de conta digital ou com a emissão de cartões pré-pagos”. Essas atividades são responsabilidade da Neon Pagamentos.

Os 600 mil clientes da Neon Pagamentos não serão afetados pela liquidação extrajudicial da Neon S/A. Ou seja, seu dinheiro não entrará na massa falida do banco.

Por sua vez, as mil contas correntes do antigo Banco Pottencial — que atendia principalmente pequenas e médias empresas — vão passar por uma verificação de saldo, para que o valor seja restituído aos clientes afetados.

O saldo será coberto pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que protege clientes de banco em casos de falência, liquidação extrajudicial ou insolvência. Ele permite recuperar até R$ 250 mil por correntista.

Leia | Como cancelar uma conta no banco Neon

Relacionados

Escrito por

Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.