CEO do Twitter diz que banir Trump abriu precedente “perigoso”
Jack Dorsey avaliou que a decisão do Twitter foi correta, mas admitiu que ela pode dar ainda mais poder às redes sociais
Jack Dorsey avaliou que a decisão do Twitter foi correta, mas admitiu que ela pode dar ainda mais poder às redes sociais
O CEO do Twitter, Jack Dorsey, comentou a decisão da empresa de banir o perfil de Donald Trump depois da invasão ao Capitólio dos Estados Unidos. O executivo afirmou que não celebra, nem sente orgulho da medida adotada na conta do presidente americano. Segundo ele, a decisão criou um precedente perigoso na internet.
Em uma thread, Dorsey voltou a explicar que Trump foi banido devido às ameaças que seus tweets criavam à segurança dentro e fora da plataforma. “Acredito que foi a decisão certa. Enfrentamos uma circunstância extraordinária e insustentável, que nos obrigou a focar todas as nossas ações na segurança pública”, afirmou.
Apesar disso, o executivo admitiu que a decisão de banir uma conta tem consequências significativas. Ele afirmou que, apesar de algumas exceções claras e óbvias, considera a suspensão definitiva de um perfil uma falha do Twitter em seu objetivo de promover discussões saudáveis entre os usuários.
“Ter que realizar essas ações [banir contas] fragmenta a conversa pública. Elas nos dividem. Elas limitam o potencial de esclarecimento, redenção e aprendizado. E abre um precedente que considero perigoso: o poder que um indivíduo ou empresa tem sobre uma parte das conversas públicas globais”, continuou Dorsey.
Having to take these actions fragment the public conversation. They divide us. They limit the potential for clarification, redemption, and learning. And sets a precedent I feel is dangerous: the power an individual or corporation has over a part of the global public conversation.
— jack (@jack) January 14, 2021
O executivo afirmou que o poder das redes sociais costuma se resumir a ações individuais. O Twitter pode remover um usuário, que pode migrar para o Facebook, por exemplo. Para Dorsey, as medidas contra perfis de Trump em várias plataformas colocam em xeque a ideia de que usuários que não concordam com as regras podem migrar para outro serviço.
“Esse conceito foi desafiado na semana passada, quando vários provedores fundamentais também decidiram não hospedar o que consideraram perigoso. Não acredito que isso tenha sido coordenado. Mais provavelmente: as empresas chegaram às suas próprias conclusões ou foram encorajadas pelas ações dos outros”.
O CEO do Twitter aponta que o momento exigia essa decisão das plataformas, mas afirmou que, a longo prazo, a prática será destrutiva ao propósito de internet aberta. “Uma empresa que toma a decisão de se moderar é diferente de um governo que remove o acesso, mas pode parecer o mesmo”, afirmou.