Chefe da Blizzard enfim se pronuncia sobre assédio às funcionárias
Nomes importantes da Blizzard, incluindo o atual e o ex-chefe, se pronunciam sobre os casos de assédio denunciados na última semana
Nomes importantes da Blizzard, incluindo o atual e o ex-chefe, se pronunciam sobre os casos de assédio denunciados na última semana
J. Allen Brack, atual presidente da Blizzard, e Michael Morhaime, ex-diretor da empresa, se manifestaram sobre o processo que a companhia recebeu o governo da Califórnia, nos EUA. Nos últimos dias, a realidade da Activision Blizzard foi transformada por acusações envolvendo assédio sexual, ambiente tóxico para mulheres e até mesmo um caso que terminou em suicídio de uma ex-funcionária.
Morhaime, que deixou a Blizzard depois de 28 anos, em 2018, foi direto ao ponto: “Sinto muito que eu tenha falhado com vocês”. Mesmo longe da empresa, o executivo assume parte da culpa e lamenta que muito do que ele construiu, em prol de um ambiente favorável para todos, tenha sido desfeito.
“É tudo muito perturbador e difícil de ler. Estou envergonhado. Sinto que tudo que construí foi desfeito. O mais importante e ainda pior é que pessoas foram prejudicadas e algumas mulheres passaram por experiências terríveis”, disse, em seu comunicado publicado na ferramenta Twitlonger.
“Sei que são apenas palavras mas quero que as mulheres que passaram por essas experiências saibam que eu acredito e escuto você, sinto muito por desapontá-las. Quero ouvir suas histórias, se quiseram compartilhar. Como um líder na nossa indústria, quero e posso usar minha influência para trazer mudanças positivas e combater e misoginia, discriminação e assédio, sempre que eu puder. Acredito que podemos fazer melhor e acredito que, como indústria, podemos ser um lugar onde mulheres e minorias possam se sentir bem-vindas, incluídas, ajudadas, reconhecidas, recompensas e ter toda a chance de trazer contribuição para todos nós”, complementou.
O comunicado completo, em inglês, você pode ler neste link.
O caso de J. Allen Brack é um pouco mais complicado. Ele enviou um e-mail na última semana a funcionários e imprensa, onde lamenta todo o corrido e prometeu se encontrar com as pessoas envolvidas para resolver questões e debater como todos podem seguir em frente.
Brack escreveu ainda que sempre lutou por igualdade e contra a “bro culture”, que é basicamente a cultura machista que prejudica mulheres em ambientes de trabalho. Ao mesmo tempo em que a resposta era publicada nas redes, o vídeo abaixo era publicado:
Oh god, I'd not seen this before. It's heartbreaking.
Here's a 2010 Blizzcon panel in which a fan was brave enough to ask a panel full of men, including J. Allen Brack (left) & Alex Afrasiabi (right) whether there's scope for some of WoW's female characters to be less sexualised pic.twitter.com/Elaf3K7KVc
— Chris Bratt (@chrisbratt) July 23, 2021
O vídeo é da BlizzCon de 2010, mais de 10 anos atrás. Nele, uma bancada de produtores homens, incluindo J. Allen Brack, recebe com deboche o questionamento de uma jogadora de World of Warcraft, que aponta que as personagens femininas do jogo parecem ter saído de um catálogo da agência de modelos Victoria’s Secret.
Ainda que o caso tenha ocorrido há mais de 10 anos, ele casa com algum teor das denúncias, já que a investigação foi iniciada apenas em 2018 – indicando que os casos ocorreram há mais tempo. Além disso, Fran Townsend, executiva da Activision Blizzard, chegou a enviar um comunicado interno, dizendo que as acusações do processo passavam uma imagem errada de empresa e que não tinham mérito.
A Blizzard não se manifestou mais desde então, enquanto fãs, funcionários e ex-funcionários esperam por novidades mais positivas e resoluções concretas. Um grupo de jogadores de WoW, inclusive, promoveu um protesto dentro do game, depois das denúncias.
Com informações: VentureBeat, The Verge.