Enquete do Facebook para combater notícias falsas tem só duas perguntas simples
Aí fica difícil
O Facebook vem tentando há meses combater a praga das notícias falsas, mas até agora não conseguiu nenhuma solução satisfatória. A ideia mais recente, a de perguntar para o usuário se ele confia na fonte da notícia que está sendo acessada, vai aumentar a lista de tentativas fracassadas. Pelo menos é o que os primeiros testes sugerem.
Não é difícil entender: o plano do Facebook é obter feedback com base em um questionário. O problema é que, se as perguntas forem de difícil assimilação pelo público em geral, o retorno será baixo; se simples demais, o resultado provavelmente será de pouco valor por conta da quantidade insuficiente de dados.
Alex Kantrowitz, jornalista do BuzzFeed, descobriu que o Facebook acabou optando pelo questionário simples. Simples até demais. São apenas duas perguntas (em tradução livre): “você reconhece os seguintes sites? (sim, não)” e “o quanto você confia em cada um desses domínios? (totalmente, muito, um pouco, muito pouco, nem um pouco)”.
Um representante do Facebook confirmou que, pelo menos por enquanto, esse é o único questionário existente. A companhia também confirmou que as perguntas foram elaboradas por ela, não por uma empresa independente que, como tal, talvez conseguiria montar algo mais preciso.
Não dá para confiar em um questionário tão “genérico” porque o leitor pode simplesmente classificar a fonte da notícia como não confiável por não concordar com o que é abordado ali, mesmo que não haja inconsistências. O mesmo vale para fontes duvidosas, mas avaliadas positivamente por defender determinadas ideias.
The full Facebook news trustworthiness survey.
It its entirety. https://t.co/bd0qkkXGgN pic.twitter.com/oUvTZLNiyB
— Alex Kantrowitz (@Kantrowitz) 23 de janeiro de 2018
A maior preocupação é a de que o feedback impreciso acabe prejudicando a classificação de veículos ou artigos legítimos no ranking do feed de notícias, problema que pode afetar principalmente publicações sobre temas políticos.
Outro temor diz respeito ao risco de manipulação. Embora o Facebook tenha dado a entender que vai adotar medidas para coibir bots ou ações coordenadas de usuários, não está claro como o mecanismo será protegido.
Mas há uma luz no fim do túnel. Como o Facebook reconheceu recentemente que as redes sociais podem influenciar na democracia, é de se esperar que a companhia esteja atenta às limitações do questionário e trate de aprimorar as perguntas antes de efetivamente colocá-las na rede social. Ou que simplesmente desista da ideia.