Facebook aprovou anúncios supostamente pagos pela Cambridge Analytica
Mesmo com regras para anúncios políticos, o Facebook permitiu campanhas com nomes de terceiros
Mesmo com regras para anúncios políticos, o Facebook permitiu campanhas com nomes de terceiros
O Facebook liberou há alguns dias no Reino Unido sua ferramenta de transparência para a criação de anúncios políticos. Entre outras coisas, ela exige que os usuários sejam informados sobre quem está pagando pela campanha publicitária.
E, segundo um experimento do Business Insider, o Facebook aprovava a publicação de anúncios que claramente mentiam neste aviso. Para chegar à comprovação, o site criou dois anúncios na rede social com o alerta de que eles eram “pagos pela Cambridge Analytica”.
A empresa ligada ao uso indevido de dados de 87 milhões de usuários durante a campanha presidencial dos Estados Unidos em 2016 foi banida da rede social. Ainda assim, o Facebookpermitiu que o nome da empresa fosse usado nos anúncios.
Antes da criação das campanhas, o Facebook exigiu um documento de identificação e um endereço no Reino Unido. Em seguida, o Business Insider criou a página da ONG falsa “Insider Research Group”, que seria a responsável pelos anúncios pagos pela Cambridge Analytica.
O site aproveitou dois anúncios usados em 2016 nas campanhas favoráveis ao Brexit para verificar qual seria a resposta dos moderadores e dos filtros automáticos do Facebook. E, por incrível que pareça, os anúncios foram aprovados.
A situação foi notada por Carole Cadwalladr, repórter do Observer que revelou o escândalo envolvendo a Cambridge Analytica em março deste ano. Ela entrou em contato com o Facebook, que só então tirou o anúncio do ar.
De acordo com a rede social, a campanha em nome da empresa britânica não estava de acordo com suas regras.
“Esse anúncio não foi criado pela Cambridge Analytca. É falso, viola nossas políticas e foi retirado do ar”, afirmou um porta-voz do Facebook.
“Acreditamos que as pessoas no Facebook devem saber quem está por atrás dos anúncios políticos que elas estão vendo e é por isso que estamos criando a Biblioteca de Anúncios”, continou.
A solução citada pelo porta-voz do Facebook é a mesma liberada há alguns meses no Brasil e nos Estados Unidos visando o período eleitoral.
Segundo outra reportagem da Vice, a ferramenta também permitiu a criação de anúncios em nome do vice-presidente americano, Mike Pence; do grupo terrorista Estado Islâmico; e dos 100 senadores americanos.
A brecha na ferramenta de transparência do Facebook é preocupante, visto que ela foi criada justamente para evitar a desinformação. Ao permitir a criação de anúncios em nome de terceiros, a rede social mostra que seus problemas são mais graves do que se imaginava.