Huawei trapaceia em benchmarks com o Kirin 970
Processador passa a consumir o dobro de energia quando detecta que um app de benchmark está sendo executado
Processador passa a consumir o dobro de energia quando detecta que um app de benchmark está sendo executado
A chinesa Huawei é mais uma empresa a ser pega trapaceando em testes de performance: ao detectar que um aplicativo de benchmark está rodando, o Kirin 970, processador para smartphones que equipa o P20, P20 Pro e Honor Play, entra em um modo de energia especial para atingir um desempenho que nunca é fornecido em condições normais de uso.
Quem descobriu o esquema foi o AnandTech, quando percebeu que o Honor Play, smartphone gamer com GPU potente, apresentava um desempenho pior que o do P20 Pro, embora ambos tenham o mesmo processador. Eles rodaram versões modificadas de aplicativos de benchmarks, que não são detectadas pelo sistema da Huawei, e notaram que as diferenças chegavam a quase 40%.
No GFXBench Manhattan 3.1 Off-screen, por exemplo, que testa o chip gráfico sem ser influenciado pela resolução da tela, o P20 Pro atingiu média de 36,74 fps, contra 33,56 fps do P20 e 26,15 fps do Honor Play na versão modificada do AnandTech. Já quando a versão padrão do teste é executada, o processador entra no modo de benchmark e os três apresentam resultados parecidos, na casa dos 39 fps.
O que aconteceu? Basicamente, quando certos aplicativos são executados, o processador entra em um modo especial que gasta bem mais energia — passa de 4,39 watts para 8,57 watts no caso do Honor Play com Kirin 970. Isso chega a dobrar o desempenho, mas reduz a vida útil da bateria, faz o aparelho esquentar mais e diminui a eficiência energética, por isso, só é ativado em benchmarks.
Em resposta, a Huawei admitiu que implantou um modo de benchmark em seus processadores, mas disse que “outras fabricantes também enganam com seus números”, e que isso está se tornando “uma prática comum na China”. O presidente da divisão de software da Huawei, Wang Chenglu, conta ao veículo que “outros fazem o mesmo teste, conseguem resultados mais altos e a Huawei não podia ficar quieta”.
A Huawei não comentou como irá lidar com o recurso de detecção de benchmarks nos próximos lançamentos — o Mate 20, próximo topo de linha da marca, deverá ser lançado em 16 de outubro.
A Samsung se envolveu na mesma polêmica em 2014: o Galaxy S4, equipado com um processador Exynos 5 Octa, fazia uma espécie de overclock quando detectava que aplicativos de benchmark estavam sendo executados — o chip gráfico trabalhava a 480 MHz quando o usuário rodava jogos bem pesados, mas chegava a 500 MHz só ao abrir o GFXBench.
Após ser descoberta, a Samsung liberou uma atualização de sistema que removia a trapaça.
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